CAPÍTULO 44

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O barulho me acordou de forma brusca, puxando meu corpo direto pra realidade em um verdadeiro susto. Eu olhei pro relógio na esperança de ser cedo, já que não era possível escutar esse tipo de coisa durante a madrugada, mas me enganei... Percebendo que o relógio sobre o criado mudo marcava exatas 3:55 da manhã. Eu me levantei e vesti meu hobby e prendi meus cabelos num coque frouxo que não demorou algumas segundos pra se desmanchar e eu ter que prender novamente.

E se a Marilia tiver chegado? Eu estava preocupada desde ontem a tarde quando ela saiu e não disse aonde ia. E o pior de tudo foi que ela não respondeu as minhas mensagens o resto do dia inteiro e até agora não voltou. Naquela mesma tarde eu avisei a minha mãe que dormiria na casa dela e agora estou aqui, saindo do quarto no meio da madrugada pra procurar por uma possível pista de ser ela. Ou pode simplesmente ser um ladrão, o que eu acho improvável.

Sai do quarto e desci as escadas as pressas, não ligando muito pro contato dos meus pés descalços no chão frio. Dei a volta na escada e desci a última escada, dando direto na sala.

- Maiara, o que ainda faz acordada?

Ela chamou minha atenção, mas tudo que eu conseguia encher naquele instante eram os machucados em seu rosto. Um corte no lábio e outro na sobrancelha, sem comentar o roxo em seu pescoço... Aquilo eram marcas de mãos?

-O que aconteceu com você?

Falei me aproximando rápido e segurei no rosto dela para olhar com mais clareza, mas Marilia desviou das minhas mãos soltando um gemido.

-Aish não mexe, tá doendo -Não me afastei dela, e peguei novamente em seu rosto -Droga Maih, porque não tá dormindo?

Revirei os olhos como se fosse óbvio, já que ta mais do que claro que ela fez barulho quando chegou.

-Eu estava, mas escutei quando você chegou -Falei e sai dali em direção a pia da cozinha, procurando por qualquer coisa que me ajude a cuidar do estado do rosto dela -Sabe se tem alguma maleta de primeiros socorros por aqui?

Marilia se sentou no sofá com muito cuidado, parecendo estar com dor em outras partes também. Ela estava estranhamente satisfeita com algo, como se tivesse tido um dia gratificante, mesmo parecendo ter sido atropelada por um ônibus.

-Não, eu não costumo guardar essas coisas aqui -Ela disse e então tirou do bolso um cigarro e não demorou a ascender -Amor pode ir dormir, eu já vou tomar um banho e me limpar.

Quase bati o pé com aquilo. Me sentei no sofá ao lado dela e encostei a cabeça no mesmo, virando meu olhar pra ela. Era incrível que com uma simplesmente palavra ela me fizesse ficar feito uma imbecil apaixonada.

-Nem pensar Lila, não é assim que funciona -Falei agora sentindo que foi a minha vez de derrete-la, já que ela olhou pra mim e eu pude notar pela pequena luz que escapava da janela a coloração em seu rosto -Eu vou cuidar do seu rosto e de qualquer outra parte do seu corpo que esteja machucada.

Marilia pareceu se dar por vencida e tirou do bolso da calça negra seu celular. Parando pra notar no que ela estava vestindo eu pude ter uma percepção natural, mas aquilo não me explicava como ela conseguiu aqueles machucados. Marilia usava um casaco  cinza com capuz, dentro dele usava uma camisa preta que ia até abaixo da cintura e uma calça jeans negra.

Ela voltou a ser adolescente e eu não fiquei sabendo?

-vou pedir umas coisas pela farmácia e peço pro meu segurança trazer -Ela disse dirigindo seu olhar direto pro celular e digita por alguns instantes. Ao terminar, ela bloqueia o celular e me analisa -Vai pro colégio hoje?

Afirmei cruzando os braços, enquanto ainda a analisava. Não tinha como não é? Não tinha porque eu me sentir assim em relação a Marilia. Nossa história começou da forma errada, mas quantas histórias de amor não começaram dessa mesma forma? Eu não tinha porque pensar que meus sentimentos não eram verdadeiros, principalmente agora que estou com eles tão vivos dentro de mim. Parece que uma luz se ascende toda vez que eu tô com ela, algo que eu nem sabia que existia, mas veio com tudo. Eu posso afirmar com clareza que nunca senti algo assim por ninguém na minha vida, e mesmo que eu seja nova, arrisco a dizer que eu talvez só sinta isso uma vez na vida.

My Domme (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora