Capítulo 11

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Capítulo 11

Entre o tilintar de talheres e os brindes, Geraldo não conseguia tirar os olhos de Maria e Estevão. Ela agia como se nada tivesse acontecido, como se aquela conversa de mais cedo nunca ocorrera. Aquilo o incomodava como se estivesse sentado num pedaço deforme de cacto. Mas que fracasso! Pensou. Ele tinha tudo e mais um pouco do que a maioria das pessoas nem sonhava ter, e, no entanto, sentia-se o homem mais miserável do mundo. Ele não queria tê-la reencontrado. Já a tinha encaminhado para o subconsciente e só sentia a sua falta nalgumas situações mais especificas. Foi de propósito que eles se deixaram de falar durante quase vinte anos. Geraldo preferiu arrancar aquele espinho doloroso de uma vez só. Porquê ela tinha de voltar? Que frustrante! O pior de tudo é que ele nem sequer a podia culpar. Maria sempre deixou as coisas bem claras entre eles, se Geraldo alimentou o sentimento e as ilusões ao longo dos anos, ela não tinha culpa nenhuma, mas isso não adiantava de nada, pois ele continuava a sofrer.

Daniela (Observa-o e sente o clima): Esquece isso! É mais fácil você achar um pote de ouro no fim do arco-íris do que ter alguma chance com ela.

Geraldo (Desconcerta-se): Desculpe, o que disse?

Daniela (Dá um gole na bebida): Você não foi o único, sabe?! Também tinha o advogado que a tirou da cadeia, Evandro, os dois já morreram, e por ironia do destino, Leonel e nenhum deles, nem mesmo o "santo" advogado que lhe deu a tão sonhada liberdade, tiveram sorte. Aqueles dois foram feitos um para o outro, como se tivessem sido moldados... sei lá! Por deuses mitológicos. (Ri-se).

Geraldo (Disfarça): Não sei do que está falando.

Daniela: Ora essa, Geraldo! Está tão nítido que chega a ser patético.

Geraldo (Baixa o semblante e sente-se constrangido): É! Talvez você tenha razão.

Daniela: Mas não precisa ficar assim. Você tem tudo para arranjar uma mulher que goste de você. É só procurar bem e parar de sonhar com o impossível.

Geraldo (Pega no copo e olha para ela): Nada é impossível! (Bebe).

Daniela (Ri): Está vendo a Fabíola?! Estevão era noivo dela antes de a trocar pela Maria. Nos vinte anos que Maria esteve presa, Fabíola tentou reconquistar Estevão sem desistir nenhum só dia. Ela nunca o teve de volta. Lembra-se da minha sobrinha Ana Rosa? Ela, que era tão jovem, bonita, atraente também foi trocada por Maria. Sabe a tal Patrícia que foi assassinada? Também andava atrás do Estevão propondo concubinato. Ele jamais aceitou. Até eu mesma já tive uma "quedinha" por ele. Pelo menos nunca sofri por isso. Dizem as más-línguas que até mesmo a própria tia, Alba, tinha um interesse... incestuoso por ele.

Geraldo (Estava intrigado): Mas que coisa!

Daniela: A frase "Nada é impossível" não se aplica a eles. Talvez nem todas as leis da física. (Ri enquanto dá um gole). Tentar é perda de tempo.

Geraldo: Eu não acho que o destino iria nos reunir novamente em vão. Alguma coisa o universo está preparando.

Daniela: Bem... é verdade que foi muita coincidência, mas com certeza é para os favorecer de algum modo. Tem sempre a ver com ajudá-los a ficarem juntos.

Geraldo ouve aqueles conselhos como um adolescente que vai mal na escola. Entra-lhe por um ouvido e sai pelo outro. Interiorizou que teria uma chance e lutaria com tudo o que pudesse para tê-la. Estevão sente o olhar enciumado do rival, olha para ele, ergue uma das sobrancelhas e beija a esposa, sem lhe tirar o olhar. Estevão sabia como provocar o inimigo e aquilo dava-lhe muito prazer. Maria continua comendo e bebendo como se nada fosse, então sente a mão esquerda do marido apalpar-lhe a coxa, causando-lhe um pequeno reflexo involuntário de inclinar-se sutilmente. Ela morde o lábio inferior e tira a mão dele antes que os outros percebessem.

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