Reencontro

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Tyara

Fiquei abaixada até a multidão passar por mim, niguem parou pra me ajudar.
Quando ergui a cabeça nao se via mais ninguém no beco, eu me arrastei e fiquei atrás de um poste.
-que merda
Eu chorava, fungava e tentava segurar o tornozelo.
-como vou chegar em casa assim?
Meu coração estava disparado, eu não sabia se ia sair viva dali, mas tambem nao ia fazer diferença.
Meu pai ia me matar de qualquer jeito.
-tá fazendo o que parada aí maluca?
Ouvi uma voz se aproximando de mim e o desespero aumentou
-quer morrer porra?
Era um policial, confesso que o alívio foi instantâneo.
-ele se abaixou perto de mim e me cobriu com o seu corpo.
-você não é daqui né?
-não, eu tô perdida,não sei sair daqui e ainda machuquei o pé.
Ele me encarou, por muito segundos, muitos mesmos.
-Amanda?
-que?
Eu não entendi e no auge do meu desespero não consegui raciocinar.
-você é a Amanda não é?
Não tive tempo de responder, um tiro pegou no poste a centímetros da cabeça dele.

-porra, preciso de reforço Borges
Ele disse no rádio enquanto mais tiros foram disparados na nossa direção.
-tava fazendo o que aqui?
Ele perguntou nitidamente tentando me distrair,eu estava em pânico.
Todo o meu corpo tremia.
-meu namorado...
Eu não consegui finalizar a frase
-ele mora aqui?
Neguei com a cabeça
-ele te abandonou sozinha no meio do fogo cruzado?
Não consegui responder, graças a Deus uma viatura parou seguida de um caveirão que até aquele momento eu só tinha visto na TV.
-Obrigada
Agradeci assim que ele me colocou no banco de trás da viatura, eu nunca tinha andado de viatura.
Meu Deus que dia é esse.
Pensei
Em menos de 10 minutos estávamos fora da favela.
-ai pegamos 5 peixes pequenos e 3 playboys safados.
Eles riram
-e de quebra a perna do aniversariante, o DG agora vai ser saci.
Eles riram de novo
-e a donzela aí?

Eram 4 políciais, todos olharam para mim
-tava fazendo turismo na favela?
Um deles perguntou com deboche
-o namorado dela trouxe ela...
O policial que me ajudou disse
-mas abandonou a moça na hora que o bicho pegou.
Abaixei minha cabeça envergonhada, nunca tinha me sentido assim.
-safado..
Um disse
-tá mal de namorado hein moça
Outro falou
-ele mora lá?
O que dirigia insistiu em me encarar, vasculhando meu rosto.
-não.
Além da vergonha eu estava com medo, muito medo.
-deixa a garota, ela não é bandida
O meu anjo em forma de policial disse
-hummmm...
Um zombou
- e tu conhece ela por um acaso?
O que dirigia e tinha cara de mal perguntou, ele não foi com a minha cada.
- não vai me dizer que tu já pegou?
Os outros riram
-serio Duarte, encontrou com um  lanchinho seu em plena operacao?Abaixei a cabeca envergonhada
-o Duarte tu é pica de mel mesmo.
Nunca me senti tao humilhada em toda a minha vida.
O desrespeito no tom de voz deles, deixou claro pra mim; que se eu tivesse sido encontrada por qualquer um deles.
Que não o Duarte...
O fim desse dia poderia ser outro.
-não claro que não.
Ele respondeu de cara feia
-parem de falar merda.
O meu protetor que agora eu sei que se chama Duarte, fez com que todos se calassem.

-Pode ficar tranquila mina nós vamos deixar você no hospital.
O motorista disse em um tom mas brando.
- se você quiser ligar para alguém da sua casa, pode usar meu celular.
O Duarte ofereceu mas neguei.
Eu ia ligar pra Tayla mas do hospital, só Agradeci com a cabeça e olhei para baixo o restante do caminho.
Eles de fato me deixaram no hospital pra ver meu pé.
Os outros se despediram de mim com um tom mais respeitoso e o Duarte, desceu comigo e me ajudou a entrar no hospital.
- obrigada de verdade, você salvou a minha vida.
Ele cruzou os braços e olhou para mim sério.
- você não se lembra mesmo de mim?
Eu o encarei  pensativa.
Olhei bem e me lembrei.
-ahh sim
Eu já tinha ficado com ele uma vez numa festa, mas isso tem bastante tempo.
- caramba eu me lembro de você.
Disse ficando sem graça, eu não me lembrava do nome dele
- segunda sem lei na boate Eros.
Ele riu e ergueu as maos pro ceu
-isso.
Me lembrei que ele foi o cara que me fez gozar muito rápido.
Prendi os lábios com a lembrança
-caraca achei que você não ia se lembrar...
Ele chegou bem perto do meu ouvido e disse
- do melhor oral da sua vida
Eu fiquei sem reação.
Ele riu com a minha cara de pateta, não sei se foi adrenalina ou desespero que eu vivi hoje, mas ele me deixou literalmente sem palavras.
- bom eu preciso ir
Disse me afastando
-será que dessa vez rola você me dá seu número?
Ele perguntou esperançoso e eu quase dei, foi por muito pouco que eu não dei meu número para ele.

Mas aí eu me lembrei que eu tenho um namorado e um pai que vai me matar, então não adiantava muito dar meu número para ele.
Já que eu morreria hoje mesmo
-Duarte né.
Ele cruzou os braços
- mais uma vez eu agradeço tudo que você fez por mim hoje, eu serei eternamente grata...
-mas
Ele me cortou
-eu tenho namorado e mesmo sendo um grande babaca...
Eu revirei os olhos e ele riu
- ele ainda é meu namorado.
-por enquanto ne
Ele deu uma piscada de olho.
-eu não acho que seria legal trocar telefone com outra pessoa estando comprometida.
Ele confirmou com a cabeça
- Muito obrigada mesmo e
Ele riu sem graça.
-Amanda você é um tesouro, um tesouro Ele tirou um cartão do bolso e me entregou.
- se precisar descobrir o paradeiro do safado seu namorado, sou detetive particular nas horas extras.
Eu peguei o cartão.
- e se mudar de ideia é só mandar um oi no Zap.
Ele piscou um olho e foi embora, eu respirei aliviada.
-eu estou viva
Joguei os braços pro ar agradecendo a Deus, pelo menos não ia virar Manchete no Jornal né, morta dentro de uma favela.
Esperei ser atendida e liguei para minha irmã ,pedindo que ela trouxesse uma roupa para mim.
Graças a Deus foi só um jeito que dei no pé, ela passou uma pomada e me deu um remédio pra dor.
Meu pai ainda estava trabalhando.
Domingo o mercado  fecha às dezenove horas, então eu ainda tinha tempo de tomar um banho e trocar de roup.
Ao me jogar na cama, eu fui só gratidao a Deus pelo livramento.

Amores Reais -TyaraOnde histórias criam vida. Descubra agora