Capítulo 6 - O medo e a promessa

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Runaan já imaginava o interrogatório que Tiadrin faria, e até certo ponto estava disposto a lhe contar, pois definitivamente precisava de conselhos sobre o que fazer a seguir. No entanto a elfa entrou em estado catatônico ao ver que ele tinha ganhado duas espadas gêmeas que se transformavam em um arco. Runaan revirou os olhos e deixou que ela brincasse o quando quisesse com as armas enquanto refaziam o caminho de casa, ele contava o que havia acontecido e ela fazia algumas perguntas aqui e ali. Ao chegarem, antes de se separarem, Runaan perguntou:

- O que eu faço agora? – ela parecia meio aérea. Será que ela tinha ouvido tudo o que ele disse? Aquilo era importante para Runaan, e o fato de Tiadrin não parecer muito atenta o deixava nervoso.

- Você se saiu muito bem e pelo que me contou é claro que ele tem interesse em você. – respondeu ela, devolvendo as espadas para ele. – A ideia de treinar com ele foi boa, assim vocês podem se ver com regularidade, mas não se prenda somente em ensiná-lo. Converse com ele, faça perguntas sobre ele. – de repente ela franziu o cenho, se lembrando de um ponto importante. – Mas também fale coisas sobre você, senão vai parecer que você é um maldito psicopata, a ideia é que vocês se conheçam. E chame ele para sair, não fique somente dando aulas para ele.

- Tá certo. – disse Runaan, com mil pensamentos o invadindo.

- Ah, e não se esqueça de encaixar essas aulas com sabedoria. Vocês moram longe um do outro e treinar demais vai acabar te desgastando. Quando os treinadores dizem que assassinos não devem deixar que seus sentimentos interfiram é isso o que eles querem dizer, só pra você saber.

Runaan revirou os olhos e deu as costas para ir embora, enquanto a elfa fazia o mesmo. Ele se voltou para a amiga e disse em voz alta:

- Não fique pensando no Lain o dia inteiro ou você vai acabar com uma flecha no meio dos olhos. Hoje você voltou docinha como uma uva arco-íris.

- AAAH, SEU...

Runaan riu e correu para a escuridão da trilha que levava à sua casa.

Naquela noite, antes de se deitar para dormir, o elfo pegou as espadas para admirá-las mais uma vez, com um sorriso bobo no rosto. Observando mais de perto, ele viu que estavam gravadas nelas os mesmos desenhos ondulantes que adornavam a espada de Ethari, que combinavam muito com os desenhos no rosto dele. Mas havia um detalhe ali, algo que pertencia somente aos dois. Ethari havia desenhado no metal ramos de...

- Amor-me-abrace...

Runaan sabia que era muita estupidez, mas ele havia passado a gostar das flores em mil por cento e mais sorrisos bobos surgiam em seu rosto enquanto se revirava na cama ao mero pensamento de que Ethari havia pensado nele e guardado aquele detalhe. Ficar repetindo o nome da flor era a forma (mal)disfarçada que havia encontrado para dar voz ao desejo de que Ethari o abraçasse um dia era a única coisa que trazia alívio para sua euforia – e a alimentava mais ainda.



Como prometido, Runaan foi vê-lo novamente no fim de tarde e passar aquele tempo com Ethari havia sido mágico. Ele entendeu que o elfo estava nervoso e por um instante se perguntou se algo na sua atitude o intimidava de alguma forma. Antes que a insegurança falasse mais alto, porém ele se lembrou que Tiadrin sempre lhe dizia que sua reputação intimidava as pessoas antes mesmo que elas o vissem.

Então, ele tomou o cuidado de ser o mais gentil que podia, o que não era muito difícil, ele pensou. Naquele momento, Ethari havia colocado mais uma flecha no arco com a postura que ele havia ensinado. Havia algo em seu olhar, em sua expressão, até mesmo em seus gestos que inspiravam gentileza. Talvez fosse pureza ou ternura. Talvez os dois.

Você é perfeito, Lua GuiaOnde histórias criam vida. Descubra agora