Capítulo 2 - Cage.

121 19 31
                                    

Acabei me levantando do chão depois de alguns minutos analisando as torções do meu corpo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Acabei me levantando do chão depois de alguns minutos analisando as torções do meu corpo. Não tinha quebrado nada, mas o meu pulso direito ainda estava doendo. De pé, percebi que a água da rua tinha molhado parte do meu macacão jeans e a camiseta colorida estava suja de grama e terra úmida, quase lama.

Comecei a limpar os vestígios da minha péssima aterrisagem e retirei a mochila das costas para verificar se tudo o que eu tinha pegado ainda estava ali. Confirmei que estava.

Andando um pouco desconfiado e talvez, não pouco, mas muito apreensivo, avistei uma rua que se seguia mais à frente. Entendi que tinha saído de uma espécie de beco escuro e aquoso, ali, no início do beco com um pouco mais de luminosidade, eu pude ver as paredes pingando o que parecia ser água, mas era mais gosmento que isso e também não era tão gosmento quanto gosma. Era um líquido esquisito e transparente, descendo como se as paredes estivessem derretendo.

Pensei estar louco por um instante, mas fui seguindo o olhar do pé da parede para o alto e me surpreendi ao ver uma criatura terrível e gorda escorada em uma espécie de barra na cobertura.

O beco ficava entre dois prédios que pareciam ter dois andares e em cima de um deles aquela coisa deixava sua gosma líquida descer vagarosamente pela parede. Ele, ou ela, não parecia perceber nada disso e quase me deixei tossir de incredulidade quando avistei outra criatura da mesma espécie grudada nos braços da que insistia em enchê-la de beijos. O casal voltou a se lambuzar do que eu diria ser um beijo de língua escandalosa e me empertiguei com a visão perturbadora. Bem, eles devem estar felizes. E apaixonados. Era o que importava.

Observando a rua em minha frente eu tive um leve colapso ao entender que, sim, eu realmente estava no que parecia ser o Mundo Dos Monstros e aquela última memória de dois monstros se beijando não tinha me assustado tanto quanto eu pensei que me assustaria. Talvez tivesse sido o ato do beijo ou qualquer coisa assim, naquele momento, eu só estava preocupado com o fato de que eu tinha perdido um dos meus sapatos.

Tendo a rua completamente vazia, andei mais um pouquinho até o meio fio e me sentei ali para retirar o "tênis mais confortável" de dentro da mochila. Sabia que precisaria disso uma hora ou outra até porque aqueles sapatos de boneco não eram muito confortáveis.

Retirei o All-Star com certa pressa e joguei o sapato sem par dentro da mochila. Calcei os novos com rapidez e fiquei meio nervoso para amarrar os cadarços porque — e eu não sabia o motivo — minhas mãos estavam tremendo.

Talvez fosse pelo medo do desconhecido e o jeito que mamãe agiu a literalmente alguns minutos atrás em sua tentativa de me impedir. Aquilo tinha sido o suficiente para me deixar menos tranquilo. Ela estava tão convicta de me fazer soltar a chave e...

Balancei a cabeça para afastar as memórias. Agora que eu estava aqui... não custava ver o que tinha pelos arredores. Nem que para isso eu tivesse que me esconder.

NIGHTMARE • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora