01. À primeira vista

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P.O.V HELOISA JORDÃO

Primeiro dia como a nova diretora de um dos mais perigosos presídios do país, estaria mentindo se dissesse que não estava sentindo um certo frio na barriga e uma ansiedade que fazia minhas mãos suarem.

— Bom dia, doutora. Seja - bem vinda — O policial que fazia o controle de funcionário cumprimentou após ver minha identidade e liberar a minha entrada.

— Obrigada! — Respondi e fui para a vaga que seria minha a partir de hoje.

Assim que saí do carro, uma funcionária baixinha veio na minha direção toda sorridente, usando óculos de armação finas que evidenciava seu rosto rechonchudo e o uniforme indicava ser uma das carcereiras.

— Bom dia! Eu sou Amélia, inspetora dos blocos A e B — Saudou com um sorriso mais largo ainda e estendeu a mão.

— Bom dia, Amélia. — Apertei a mão da mulher rapidamente evitando prolongar o contato físico. — Eu sou Heloísa...

— A nova diretora, eu sei. Estávamos ansiosos pela sua chegada, vou te levar até sua sala. — A mulher nunca deixava o sorriso amistoso de lado, o que me fez apertar os lábios.

— Eu agradeço! — Respondi simples e passei a segui-la até a entrada do edifício. — Pelo horário imagino que as detentas estejam tomando café, certo? — Questionei enquanto observava o local mal acabado e com as tintas das paredes descascando.

— Sim, e termina às 08:00

— E depois? — Perguntei quando já estávamos em frente a uma sala que deduzi que seria minha de agora em diante.

— Cada uma das detentas irá para seus afazeres, seja na cozinha, limpeza, jardim, costura e assim por diante. — Assenti sem continuar o diálogo.

Antes que Amélia abrisse a porta, escutamos um barulho na maçaneta e a porta foi aberta por uma figura masculina já conhecida por mim.

— Vejo que está conhecendo seu novo local de trabalho — A voz do Marco Aurélio, meu superior, a partir de hoje se fez presente.

— Marco Aurélio. — Acenei com a cabeça e um sorriso de lado.

— Heloisa Jordão! — Exclamou e estendeu o braço para um aperto de mão

Após entrar na academia de polícia eu fui trabalhar diretamente com o delegado, que me escolheu a dedo para desbancar uma quadrilha de estelionatários, mesmo sendo uma policial novata eu me destaquei na missão e em uma semana e meia a quadrilha havia sido presa, isso chamou a atenção do delegado que sempre me colocava em missões nas ruas, apesar de estar amando cada momento na corporação, isso acabou gerando alguns burburinhos entre meus ''colegas'' de profissão que eu ignorei enquanto focava cada vez mais no meu trabalho, eu entendia algumas pessoas estarem incomodadas, afinal uma policial recém aprovada num concurso já estava nas ruas enquanto outros mal saiam da delegacia.

Anos depois surgiu a promoção para um cargo mais elevado na corregedoria o qual eu neguei sem pensar duas vezes, acompanhar policiais indisciplinados não é e nunca foi algo que eu gostaria de fazer, e agora surgiu o convite de ser diretora de um presídio feminino.

— Como vai minha policial favorita? — Perguntou sorrindo.

— Estou bem e o senhor, como vai?

— Muito bem, fico feliz que tenha aceitado ser a nova diretora, precisei vir pessoalmente te dar os parabéns.

— Isso é muito importante para mim, ver um rosto conhecido no primeiro dia.

— Pedi ao antigo diretor que me deixasse fazer as honras e te apresentasse o presídio.

Nas Prisões Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora