13. História de Sophia

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P.O.V SOPHIA YASIN

Eu estava com cinco anos de idade quando meu pai trouxe eu, minha mãe e meus irmãos para o Brasil, a nossa situação no Líbano era precária, não tínhamos o que comer e o pequeno comércio que papai tinha havia falido, não havia mais nada que nos prendesse naquele país além de fome e miséria.

Meu tio Omar, era viúvo e tinha um filho três anos mais velho que eu, e nos abrigou em sua grande mansão em Niteroi, na época eu achava que ele era apenas um homem de coração bom que não queria ver sua irmã, sobrinhos e cunhado passando necessidade, e por muito tempo considerei ele alguém importante na minha vida.

Mas o tempo passa, e as coisas mudam, papai ajudava o tio Omar com o seu trabalho, nossa situação havia melhorado da noite para o dia, até uma fatalidade atingir a nossa família, meu pai sofreu um acidente vascular cerebral enquanto estava se preparando para dormir, ficou praticamente em estado vegetativo já não falava e não reagia, veio a falecer no dia que completei 16 anos.

Na mesma época minha mãe estava grávida, meu pai morto e com mais uma boca para alimentar meu tio se enfureceu, chamou minha mãe e mandou ela escolher entre continuar morando em sua casa como empregada doméstica ou ir embora levando seus três filhos e grávida.

Khalid, estava com 21 anos, Soraia havia completado 18, os dois foram para São Paulo na expectativa de conseguir estudar e trabalhar, enquanto eu com 16 anos, Sadir 19, e Samir de 17 ficamos com nossa mãe.

A convivência com meu tio havia se tornado insuportável, não podíamos mais entrar pela porta da frente, apenas pela de serviço, as refeições eram o que sobrava do almoço e janta.

Comecei a ajudar minha mãe nos afazeres da casa, conforme a gravidez foi passando ela se cansava mais fácil e para evitar ser chamada a atenção eu sempre estava ajudando ela.

Meu primo Junior, o maior campeão de inutilidade que eu conhecia, estava sempre implicando com Sadir, chamando meu irmão para festas e cassinos para ficar de motorista e segurança particular, estava sempre esfregando o dinheiro que tinha e como as mulheres ficavam babando ele, o seu ego e arrogância predominava por onde passava, Sadir quase nunca respondia às provocações e deboches, e quando acontecia eu e Samir entrava na frente para intervir.

Junior era obcecado por armas, andava com uma pistola para todo lugar como se fosse um troféu exibindo para quem quisesse ver, meu irmão vivia livrando ele nas brigas ou de ir preso por dirigir embriagado, até que em um desses momento de bebedeira ele brigou com um homem e levou a pior, foi baleado com três tiros, dois no peito e um na garganta, e falo com imenso prazer foi o momento que senti a felicidade mais pura e genuína.

Durante o velório,  meu tio apontou o dedo no rosto do meu irmão o culpando pelo que havia acontecido e dizendo que era ele quem deveria ter protegido Junior.

— O seu filho morreu pela sua própria imbecilidade, eu espero que o capeta pessoalmente tenha levado ele para as profundezas do inferno.

Falei alto o suficiente para todas aquelas pessoas que nunca havia visto antes pudesse escutar.

O tapa que recebi no rosto fez um estalo alto, não deu tempo de processar a dor já que Sadir puxou meu braço e deu um soco no rosto do tio Omar, fazendo ele cair ao lado do caixão do próprio filho.

Minha mãe estava ali com a minha irmã ainda com dias de vida enrolada em um uma manta rosa, Samir se colocou na frente dela impedindo que se aproximasse do meu tio, Sadir socou meu tio mais três vezes no rosto, as pessoas em volta estava com os olhos praticamente pulando para fora.

Meu rosto formigava, mas não me arrependi de nenhuma palavra e falaria tudo novamente. Sadir levantou meu tio pela gola da camisa e colocou na minha frente de joelhos

Nas Prisões Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora