12. Quente

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Acordei confusa tentando lembrar o lugar que eu estava, olhei em volta e percebi que ainda estava no avião, me enfiei mais embaixo das cobertas pensando se conseguiria dormir mais um pouco, afinal uma cama dessas não se tem todo dia.

Me lembrei da conversa que tive mais cedo com Sophia, eu preciso ganhar a confiança dela e dar um jeito de escapar, mas confesso que senti um certo alívio só de saber que vou poder falar com a Rayssa. Suspirei, como eu queria não ter saído de casa naquela manhã.

Fechei os olhos sentindo o sono já me dominando novamente, mas a porta foi aberta de uma vez me assustando, Soraia entrou no quarto sem qualquer delicadeza.

— Já acordou, cadelinha? — Perguntou em tom de deboche e não respondi. — Vim te soltar da coleira. — Mostrou que estava segurando a chave da algema e senti meus olhos brilhando. — Não vai responder, tchau então — Fez menção de sair e sentei na mesma hora.

— Espera, me solta — Tirei a coberta e estiquei os braços.— Estamos chegando?

— Não te interessa. Antes de te soltar deixa eu ver seu pé — Puxei o cobertor e Soraia se aproximou, fez uma careta ao ver meu pé e quando tocou na parte que estava roxa não segurei o grito.

— Dói, dói muito — Me arrastei tentando ficar o mais longe dela.

— Pela cara está parecendo que rompeu o ligamento, vai ter que ficar um bom tempo usando bota ortopédica. Me dê as mãos. — Soraia abriu as algemas como se estivesse me fazendo um imenso favor.

Antes de sair do quarto pedi para ir ao banheiro, e mesmo resmungando ela me levou, joguei uma água no rosto tentando tirar um pouco a cara de sono e saí do banheiro.

Ao chegar na poltrona havia uma mesa posta com bobó de camarão, arroz branco e uma farofa de castanha, uma combinação perfeita.

Sophia não estava ali, e nem Sadir, Samir e Samira estavam nas duas poltronas que ficavam de frente para a que eu estava sentada, estavam em algum tipo de discussão sobre frutos do mar.

— O que você acha, Heloísa? — Samira perguntou depois de fazer sinal para Samir se calar.

— Sobre o que? — Perguntei depois de me acomodar na poltrona.

— Camarão não é a barata do mar?

— Eu espero que não, porquê eu amo — Ela cruzou os braços me olhando indignada.

— Só você que acha isso, Samira — Samir debochou.

Antes que rebatesse, Sophia apareceu segurando o celular e estava acompanhada de Sadir, os dois estavam sérios e não emitiram um único som, Samir e Samira se olharam como se estivessem discutindo algo entre si, mas não falaram nada. Acho que perdi alguma coisa.

— Conseguiu dormir? — Sophia perguntou se sentando do meu lado.

— Sim.

— Coma, vamos descer logo e irá para o hospital com Soraia. — Sophia respondeu enquanto começava a digitar rapidamente no celular.

— Conheço um ótimo canil aqui em Paris... — Soraia falou se aproximando e sentou ao lado de Sadir.

— Aproveita e compra uma focinheira para sua boca grande — Falei baixo e escutei Samir rindo.

— Parem vocês duas com isso — Sophia interveio quando percebeu que Soraia iria revidar. — Quando o avião pousar, eu e Sadir temos um assunto para resolver, Samira vai para o concerto de piano, e Samir já tem o compromisso dele — Sophia falou com desdém, o compromisso deve ser baladas Parisiense.

Nas Prisões Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora