Atualmente

376 50 34
                                    

                          ATUALMENTE

Sabe quando dizem que, quando você está prestes a morrer, passa um filme da sua vida pela cabeça? É isso que está acontecendo comigo.

O homem terminou de jogar os sacos de lixo para longe de mim e me pegou pelo braço, empurrando meu corpo contra a parede com força. Senti uma dor insuportável na parte de trás da cabeça e nas costas. A batida me deixou tonta por alguns segundos, mas consegui olhar para seu rosto. Ele usava uma touca de bandido, e a única coisa visível eram seus olhos verdes.

Um calafrio percorreu minha espinha ao perceber que aqueles olhos não demonstravam nenhum arrependimento. Ele me encarou por vários segundos, pegou a faca e começou a passá-la pelo meu rosto, sujando-me com o sangue da primeira vítima. O líquido frio grudou na minha bochecha.

Tentei dar um chute em suas pernas, mas ele foi mais rápido, usando seu corpo para me imobilizar. Eu estava encurralada entre ele e a parede naquele beco escuro e mal iluminado. O homem não dizia nada; apenas me observava, aumentando minha angústia. Pensei em implorar pela minha vida, mas ao olhar novamente em seus olhos, percebi a determinação. Aquele homem estava furioso comigo por ter presenciado o assassinato; eu era uma testemunha que ele faria o impossível para eliminar.

Naquele momento, cheguei à conclusão de que era meu fim. Não sabia fazer nem o básico de defesa pessoal e não tinha ninguém para me salvar. Estava sozinha, como sempre estive.

Decidi fechar os olhos e me concentrei no filme que passava na minha cabeça, com pequenas cenas da minha vida. Percebi que nunca fui verdadeiramente feliz. Os anos sofridos no orfanato, as crianças que me excluíam, fazendo-me almoçar no banheiro. Ninguém brincava comigo, ninguém se importava. Concluí que, se eu morresse agora nas mãos desse maníaco, quem sentiria minha falta? As duas pessoas que eu amava me traíram da pior maneira possível, e nem meus próprios pais se importaram, pois me abandonaram no orfanato.

Senti a lâmina fria roçar contra meu pescoço. O homem parecia se divertir com meu medo. Então, escutei um barulho alto e senti a faca se afastar, caindo no chão.

Abri os olhos e vi Dylan ofegante, segurando uma tampa de caçamba de lixo, enquanto o assassino estava desmaiado no chão. Em estado de choque, comecei a chorar de alívio ao perceber que Dylan tinha me salvado.

Na hora erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora