O flagra

578 61 44
                                    


               ALGUMAS HORAS ANTES

Vejo meu chefe trabalhando no notebook. Ele não consegue sossegar ou dar uma pausa no trabalho. Um senhor de meia-idade, já passou dos 50 anos, casado há 20 com Olivia, vive um relacionamento feliz e duradouro.

Sempre foi respeitoso comigo; nunca tentou nada, apesar de viajarmos duas vezes por mês. É o melhor chefe que poderia ter, tratando todos com profissionalismo e ética.

Estamos no jatinho particular dele, voltando de uma viagem de negócios à Bolívia, a caminho de Nova York.

O Sr. Harris passa as mãos pelos cabelos já calvos, que estão grisalhos, enquanto seus olhos pretos analisam a tela do computador com total concentração.

Decido verificar meu celular, querendo checar se recebi alguma mensagem, mas não há nada. Isso é estranho, pois meu namorado, Dylan, sempre me manda mensagens ou liga, ao menos para dizer bom dia.

Dou de ombros. Estou voltando, então posso fazer uma visita surpresa, já que tenho a chave do apartamento dele.

Não demoramos a desembarcar no aeroporto. A Sra. Harris já o aguardava com um sorriso gigantesco no rosto. Os olhos dele brilharam ao vê-la; o amor deles é lindo.

Sinto uma pontada de tristeza ao perceber que Dylan não veio me receber, algo que sempre faz.

— Como foi a viagem, querido? — ela pergunta, dando um selinho nele.

— Foi boa, mas não perfeita, pois você não estava comigo. Estou morrendo de saudades. — Ele a abraça com carinho.

— Também senti muitas saudades.

Essa é minha deixa para ir embora. Não quero ser um estorvo, então me despeço.

— Vou indo, se o senhor não precisar de mais nada?

— Não. — Ele sorri. — Está dispensada por hoje, Srta. Miller. A propósito, cadê o Sr. Turner? — pergunta, notando a ausência do meu namorado.

— Não sei. — Respondo, fazendo-o franzir a testa. — Mas vou para a casa dele fazer uma surpresa.

— Garanto que ele vai gostar. — A Sra. Harris diz, com um sorriso amável.

— Ok. Tenham uma boa tarde. — Falo, acenando e saindo.

Pego o primeiro táxi que aparece. Tiro o celular do bolso, na esperança de encontrar uma mensagem, mas nada.

Decido guardar o celular, optando por não avisar da minha chegada. Talvez ele esteja dormindo ou ocupado com algo.

Logo chego ao prédio dele, desço do carro, pago o motorista e entro. No elevador, minha ansiedade aumenta; meu peito parece prestes a explodir de tantas saudades.

Ao abrir a porta do apartamento, não encontro ninguém na sala.

Vou até o quarto. A porta está entreaberta e, ao adentrar, meu coração despedaça ao ver meu namorado dormindo com outra mulher.

Na hora erradaOnde histórias criam vida. Descubra agora