Querido Senhor, quando eu for para o céu;
Por favor, deixe-me levar meu homem;
[...]
Ele é meu sol, ele me faz brilhar;
Você ainda irá me amar;
Quando eu não for mais jovem e bela?
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Quando percebi, até mesmo meu queixo tremia, tentei ao máximo ignorar as pernas que ameaçavam falhar e me deixar de joelhos.
O grito que saiu de mim, foi desumano.
Rastejei chorando até minha mãe, deitada na cama, com o olhar sem emoção, repleto de um vazio indescritível, ela encarava o teto do quarto, os lábios entreabertos, o suficiente para uma trilha de sangue sair pela mesma.
Ajoelhei-me ao lado da cama, segurando primeiramente sua mão, gélida como neve, onde o calor da paixão imensurável que tinha já havia deixado seu corpo. Mais um grito saiu de minha boca, mais como um urro, eu gritava pelo seu nome, desesperado, numa esperança infantil de que ela sorriria e viraria sua cabeça dizendo estar tudo bem, como sempre costumava fazer.
As lágrimas escorriam e meus olhos já se encontravam quentes pelo choro descontrolado, minha outra mão pousou em seu rosto, acariciando sua bochecha, sentindo a pele macia, como sempre fora, sem nem precisar de tratamento algum. Victória era bela naturalmente.
- Mãe!
Tirei minha mão de seu rosto, notando que a mesma retornara avermelhada de sangue, que escorria pelo meu braço, aquilo me repugnou ainda mais, limpei o mais rapidamente que pude o líquido vermelho em minhas calças, tentando me livrar o mais rápido possível daquilo em mim. E depois, as mãos ainda sujas foram para meus cabelos, afundei minha cabeça nos braços, apoiando-me na cama, era inevitável, minha alma escorria em forma de lágrimas.
E num ato quase involuntário, tornaram-se a passar as mais antigas e felizes memórias de minha infância, relembrando-me por desgosto de que Victória já tinha seu corpo frio pela morte. Lembrei-me de quando ela me levava para os piqueniques no bosque, de quando me ensinou a ler e das histórias que contava antes de me por para dormir.
Neste momento, Kaew adentrou o quarto, carregava uma espada dourada nas mãos, estava prestes a reclamar da minha demora para irmos até o último andar quando seu olhar se fixou no corpo morto e gélido da esposa caído sob a cama.
Tudo o que ele fez foi cair de joelhos e chorar.
Às costas de meu pai, vinham dois soldados, um deles percebeu o corpo de minha mãe e tocou o ombro de Kaew, dizendo com seriedade, porém compreensão:
- Eu lamento, Majestade, mas precisamos ir agora para o último andar.
O segundo soldado de dirigiu a mim, levantando-me pelos ombros. Num ato infantil e talvez irresponsável, me debati, podia querer estar seguro, mas queria alguns segundos a mais com Victória. O guarda se mantinha focado em sua tarefa de me levar em segurança e não se afetava sem um pouco com meu corpo se rebatendo.
Tudo o que eu menos me sentia naquele momento era humano, eu grunhia e gritava, implorando para permanecer com minha mãe.
Eu tinha perdido o único ser que me compreendia, a única pessoa que apreciava meus talentos. Eu havia perdido minha mãe. Meu pai já era levado ao final do corredor, com o olhar vazio e ainda molhado, atônito, Kaew havia até mesmo esquecido a espada no chão do quarto.
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𝐂𝐮𝐫𝐬𝐞𝐝 - 𝐕𝐞𝐠𝐚𝐬𝐏𝐞𝐭𝐞
FanfictionEm um reino muito distante, havia um povo cheio de fartura, graças ao bom rei, porém no dia do casamento da Majestade, uma feiticeira muito poderosa, invadiu a grande cerimônia e interrompeu a felicidade de todos. Lançando a maldição que, a cada ano...