Capítulo 4
Isadora POV
Fortaleza, CE, 26/12/2022
08:32 A.M.
Sabe quando você se sente confuso sobre seus sentimentos ao ponto de chegar à beira de um colapso? Pois bem, eu sei bem como é essa sensação. Eu não sei ao certo o que fazer em relação à mim e Lara. Sei que o correto seria a gente conversar e resolver o que temos para resolver, mas eu sinto como se isso fosse patético. Patético porque a gente não tem nada e eu estou aqui me sentindo toda idiota por ter achado que alguma coisa real rolaria entre a gente. É óbvio que não Isadora, sua estúpida! Você foi uma estúpida de cogitar essa hipótese.
Enfim, eu decidi que não irei conversar com ela sobre isso, vou apenas ignorar e seguir como se nada tivesse acontecido, mas não irei agir normalmente com Lara, até porque não sei se consigo fazer isso, não sei se consigo mais.
Além de que eu não quero me meter entre ela e Yasmim. Não faço ideia do que está rolando entre as duas, mas não cabe a mim perguntar, como Yasmim fez comigo e com Lara. Não é da minha conta.
Respiro fundo, sentindo a brisa do vento bater contra meu rosto. Era um dia ensolarado, mas não era aquele sol de cair o cu da bunda, muito pelo contrário, a sensação de frescor vindo do vento era revigorante, ainda mais no calor infernal que faz em Fortaleza.
Isabella adentra a varanda, sabendo que eu estava lá. Confesso que era a melhor parte daquele apartamento, em todas as oportunidades possíveis lá estava eu, olhando os carros e pedestres passando e soltando fumacinha, era um ótimo passatempo para me fazer lembrar de apreciar o mundo ao nosso redor. ate pq ele ta chegando ao fimkkkk
Eu estava escorada na grade, um finíssimo entre os dedos e óculos escuros no rosto. O cabelo bagunçado denunciava que eu não estava muito bem da cabeça, e os óculos serviam para esconder as olheiras de uma noite mal dormida, com pretexto de que iríamos à praia. Como eu deixei que essa situação tão boba me abalasse a tal nível?
Ela se escora na grade ao meu lado, estende a mão e mexe o indicador e o dedo médio, como se pedisse que eu entregasse a ganja para ela. Levanto a sobrancelha, surpresa.
- Isso vai fazer bem pro seu nenis? - Pergunto séria, mas logo começo a rir, não aguentando aquela situação toda. Entrego para ela de bom grado.
Ela me olha séria, pegando o baseado entre os dedos.
- E calar a boca fia, cê não quer não? - Ela diz, dando um trago e soltando para o ar. Faço uma expressão falsa de ofendida. Eu também me xingaria em seu lugar. - O chá de canela vai fazer mais bem que esse chá, né? - Ela pergunta irônica e faz uma breve pausa. - Os hóspedes de cima devem te odiar. - Observa, olhando para a grade da varanda do apartamento acima do nosso.
- Que odeiem. - Dou de ombros. - Se não sabem o que é ser feliz, não é problema meu. - Profiro despreocupada. Não me poderia me importar menos com essas pessoas insignificantes e possivelmente bolsominions. Fonte? Cabeça, vozes da minha.
Me permito observar minha amiga ao meu lado, que olhava a rua abaixo de nós. Ela parecia melhor, não estava mais com aquele semblante de acabada. Acho que a melhor coisa que fizemos foi ajudá-la. Isso me conforta profundamente. Dou um sorriso de canto com o pensamento, mas permito-me observar mais; ela usava uma camisa xadrez de botão rasgada nas mangas, como se elas tivessem sido arrancadas à força. Os botões estavam quase todos abertos, exceto por alguns. Ela usava um top por baixo, que aparecia parcialmente, apenas quando ela se mexia bastante. Um short preto simples, juntamente com seus chinelos havaianas, e, para finalizar com chave de lésbica, um boné preto encaixado em sua cabeça virado para trás.
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Casos de Família
Humorhistória fictícia exceto por ser verdade as falas e personalidades dos personagens. É sobre tretas, intrigas e/ou desavenças entre meu grupo de amigas e no final é só para elas lerem. bjs abraço