Injustiça.

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15 De Maio.

Ryujin acorda ofegante. Aperta os olhos, tentando entender as imagens impressas em sua mente: está correndo num bosque. Está com medo, mas não sabe do quê. Foi só um sonho.

Ela se senta na cama passando a mão nos olhos. Uma dor aguda explode em sua cabeça. Massageia a têmpora; a cabeça pulsa de dor a cada batida furiosa do coração.

Embora não saiba por que, está com raiva, Levanta-se e percebe que está zonza. Sente-se caindo. Mas não está caindo, está agarrada à cômoda.

Quando consegue andar, vai ao banheiro em busca de analgésicos. Engolindo dois comprimidos amargos sem água, ela fita a imagem no espelho. Por um segundo jura que vê Han Soo Hee em pé atrás dela, mas em seguida a imagem se desfaz.

Confusa, joga água fria no rosto. A dor desaparece, mas deixa uma sensação de entorpecimento.

Ao voltar para o quarto, percebe que a porta do quarto de Soo Hee está aberta. A irmã costuma dormir com a porta fechada. Ryujin espia e vê que cama está desfeita, mas vazia. O relógio na mesa de cabeceira pisca. Três da manhã.

Ryujin vai até a cozinha achando que a irmã provavelmente foi comer uma tigela de cereal. Não há ninguém ali. A máquina de gelo vomita alguns cubos. O ar-condicionado zumbe, espalhando ar fresco pela casa. Ela sente frio.

Franzindo a testa, vai espiar pela janela da sala de estar. O carro da irmã não está lá fora. Onde diabos ela se meteu às três da manhã? Droga, a irmã sabe que deve estar em casa antes da meia-noite. Claro, o pai não impõe mais horários, mas elas concordaram em seguir as regras.

Ela corre para o quarto e liga para a irmã. Soo Hee provavelmente está com Jong Seok outra vez. A promessa de não voltar com ele não durou nem duas semanas. No último mês, ela passou mais tempo com Jong do que em casa. E Ryujin viu o efeito que isso teve sobre a ir- mã. Aquele garoto não fazia bem a Han.

Pega o celular já ensaiando o sermão que vai passar na irmã, mas então repara que tem uma nova mensagem. De Han Soo Hee.

Quando ela chegou? Duas e cinquenta e três da manhã. Logo antes de Ryujin acordar.

Lê a mensagem. "Preciso" . Nada mais. Quase como se Soo Hee tivesse sido interrompida e acidentalmente batido o dedo em ENVIAR. De que Han precisava?

Ryujin aperta o botão de chamada. Um toque. Dois. Três. A ligação cai no correio de voz.
"Olá, deixe uma mensagem"

- Merda! - Ryujin murmura. Depois do bipe, ela diz: - Onde você está, Soo Hee? Me ligue. Agora.

Nesse instante, sente a irmã às suas costas. Suspira de alívio.

- Por que chegou tão tarde? - Ela olha para trás. Han não está ali. Não está ali.
Não. Está. Ali.

A dor na têmpora de Ryujin volta com tudo. O estômago se contrai. Ela se lembra do pesadelo de correr num bosque e, de repente, sabe o que aconteceu. Não tinha sido um sonho.

Calafrios rastejam pela espinha de Ryujin, passam pelo pescoço e chegam à cabeça. Ela não consegue respirar. A irmã está em apuros.

Ela sabe disso como seus pulmões sabem respirar. Como os olhos sabem ver. Como o coração sabe bater.

Sua mão comprime o celular e ela e pensa em discar para a policia. Mas para dizer o quê? Minha irmã ainda não chegou em casa? Han Sol Hee só está três horas atrasada.

Como Ryujin pode explicar esse sentimento?

Esse vazio, o sentimento de ausência que está se espalhando por seu corpo como um virus?

This Heart of Mine. - ryeji version.Onde histórias criam vida. Descubra agora