capítulo 88: quando com os anos sempre circulantes chegará o tempo previsto

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O zumbido silencioso do carro foi tudo o que pôde ser ouvido por vários quilômetros. Emilee adormeceu enrolada na jaqueta da mãe. Patrick agora dirigia e Ellen havia se sentado no banco da frente ao lado dele. A mão dela ainda entrelaçada com a dele. Foi mais reconfortante do que romântico. Ele segurou-a como um amigo seguraria sua mão depois de um dia doloroso, mas eles não eram amigos. E agora o resto do mundo também sabia disso.

Ellen ficou hipnotizada pelos faróis da rodovia. Suas emoções ficaram em algum lugar entre exausta e oprimida. O calor da mão de Patrick era a única coisa que a mantinha funcionando.

"Sinto muito", disse Patrick sinceramente.

Seus olhos piscaram da estrada para o homem ao seu lado. "Não é sua culpa", Ellen o tranquilizou calmamente, embora se sentisse bastante emocionada. Patrick tocou seu rosto e enxugou.

"Não tenho certeza se vou conseguir sobreviver amanhã", Patrick bufou.

Ela sorriu pela maneira como ele brincava com ela. De repente, o toque alto do telefone de Patrick interrompeu o silêncio do carro. Com um gemido agravado, ele mostrou o identificador de chamadas para Ellen. Foi o produtor de A Primeira Dama. "Olá?"

Ellen estudou as feições de Patrick enquanto ele reagia à conversa. "Você assiste ao noticiário?" Ela não conseguia ouvir a voz do outro lado da linha, mas Patrick estava irritado: "Nossa vida está uma bagunça." Patrick riu sem jeito, "Claro", ele revirou os olhos. "Sim", a palavra pesava em seu peito, "Estaremos lá. Basta enviar o roteiro." Ellen lançou-lhe um olhar interrogativo, mas esperou até que ele desligasse.

"O que foi isso?"

"Eles acrescentaram uma cena", ele começou, "eles querem que filmemos antes do Natal", respondeu Patrick.

"Ótimo", Ellen revirou os olhos.

"Ele disse que acha que estão adicionando isso por causa da mídia", Patrick riu.

"Afinal, o que isso quer dizer?" A voz de Ellen estava mais alta agora.

"Eu não tenho ideia. É como..." As palavras de Patrick foram sumindo quando ele entrou na garagem. Ele imediatamente notou um carro estacionado dentro de seu portão. Lucas apareceu. Ele se virou para dar- lhes um aceno indiferente, sua expressão nada divertida. Instantaneamente esgotada, Ellen olhou para o relógio. Já eram 8h30. Ela havia se esquecido completamente dele. "Oh Deus", ela suspirou.

"O que ele está fazendo aqui?" - perguntou Patrick.

"Eu deveria ir jantar com ele às 8h", a voz de Ellen estava instável. Ela separou suas mãos.

"Você ia jantar com ele?" As palavras de Patrick foram duras.

Ellen lançou-lhe um olhar de exaustão: "Você realmente quer discutir depois do dia que tivemos?"

"Bom ponto", Patrick engoliu seu orgulho e acenou com a cabeça.

O carro parou. Patrick observou Ellen sair para falar com Lucas. Ele decidiu não se torturar e levantou-se para tirar Emilee do carro. Ela aninhou-se em seu pescoco enquanto ele se dirigia para casa. Ele parou na conversa de Ellen e estendeu a mão para o namorado dela. "Lucas", ele assentiu.

"Como vai, Patrick?" Lucas retribuiu o gesto.

"Tudo bem", Patrick sorriu e seguiu seu caminho.

Apenas uma única luz iluminava a entrada escura. O ar estava ficando mais frio a cada minuto. Ellen lutou com seus pensamentos e então "Sinto muito, levamos Emilee para o Universal Studios".

"Emilee?" Lucas perguntou.

Ellen quebrou o contato visual e mordeu o lábio inferior, como fazia quando estava nervosa. Ela refletiu sobre o dia e os paparazzi. Pela primeira vez em anos ela teria que começar a dizer a verdade. A imprensa seria típica, seus amigos não ficariam surpresos, mesmo contar a Lucas não seria a verdade mais dura de Ellen. Sua verdade mais dura viria quando ela finalmente tivesse que ser honesta consigo mesma. "Emilee é nossa filha."

Eu acho que já tive o suficiente Onde histórias criam vida. Descubra agora