Capítulo 3

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Clara

Aquela menina assistente do Orfeu, me instigava cada dia mais. Por isso fazia questão de transparecer que não me importava. Sei que parece meio confuso eu sei, mas não posso me deixar levar por um par de olhos de jabuticaba. A primeira vez que a vi, fiquei impressionada com a sua beleza e seu talento para o direito empresarial

Sua entrevista foi impecável, assisti a tudo escondida no fundo do auditório. Ela era talentosa, com um currículo muito bom. Sei reconhecer uma boa advogada quando vejo e essa menina, seria uma excelente profissional. No início a vaga de assistente era para mim, por isso fiz questão de assistir a sua entrevista, mas depois de me deixar totalmente desarmada, não podia conviver com ela o tempo todo perto de mim, não sabia onde isso ia dar e não sei quanto tempo ia consegui me controlar. Por isso achei melhor passar ela para Orfeu que também estava precisando de uma assistente. Ele era um galanteador, sei que daria em cima dela, mas mesmo assim era o melhor a se fazer. Afinal, tinha uma imagem para preservar no escritório... O que acontece é que meu casamento não passa de uma boa mentira! Isso mesmo, somente fachada! Faz tempo que eu e Theo, não temos nada, nem sexo.

Nos casamos há cinco anos atrás, na época gostava dele de verdade, já trabalhava no escritório, meu pai era um grande amigo da família Bastos e desde a nossa adolescência ele era apaixonado por mim, mas nunca retribui. Eu era apaixonada pelo meu Colega de faculdade, seu nome era Daniel. Nos conhecemos em uma festa, já que ele não cursava direito e sim medicina. Nos apaixonamos e quando terminamos a faculdade alugamos um apartamento juntos. Minha mãe, óbvio odiou! Ela era contra meu relacionamento, tudo porque Daniel não pertencia a uma família tradicional. Aquela foi a única vez que bati de frente com ela. Larguei tudo e fui viver meu amor. Com ele tive um menino lindo, chamado, Rafael, como meu pai. Vivemos um casamento feliz por cinco anos até Daniel começar a fazer muito sucesso na carreira de cirurgião plastico e começar a ficar cada vez mais distante de casa, sempre em viagens e mergulhado em cirurgias. O sucesso definitivamente subiu a sua cabeça, logo as brigas começaram e o amor foi ficando de lado. Foquei toda a minha atenção na minha carreira e no meu filho amado. Quando Rafael completou três anos, resolvermos nos separar e Daniel se mudou para Hollywood. Fiquei muito mal com a separação, mas segui em frente. Cada dia conseguia mais espaço no escritório da família Hood e depois de tanto me cortejar, palavra velha eu sei, resolvi dar uma chance a Theo. Ele era divertido, bonito e me fazia sorrir. Namoramos durante dois anos e o mais importante Rafael gostava dele. Nos casamos e tivemos Roland meu segundo filho, um amor de criança. Depois de alguns anos, começamos a nos afastar devido as noitadas de Theo, que geravam muitas brigas, muitas vezes presenciadas pelas criancas.
Em uma noite, enquanto ele tomava banho, depois das suas longas noites fora, vi o celular dele tocar sem parar na cabeceira da cama, fiz o que tanto critico em algumas mulheres. Vasculhei o celular do meu marido. Já tinha uma desconfiança sobre amantes e depois do que li, só me deu mais certeza...

“Adorei a noite, vamos repetir mais vezes! Sua gatinha.”

ECA! Não acredito nisso, esse babaca me paga. Quando ele saiu do banho, não aguentei. -theo, o que significa isso? – Apontei o celular pra Ele com a mensagem na tela. – Quem mandou mexer nas minhas coisas? Ficou maluca? – Disse puxando o celular da minha mão. -Quem é seu essa mulher, Theo? E a quanto tempo esta com ela? Você tem um filho, pelo amor de Deus! Se não quer me respeitar, OK! Mas pense no filho então! – Gritei.

-Não meta meu filho nisso! Isso não tem nada haver com ele, você sabe que não andamos bem já faz um tempo, não liga mais para mim, não me procura mais, então tenho que buscar na rua o que não tenho em casa! – Disse se exaltando Estava com olhos cheio de lágrimas, mas me recusei a chorar depois daquilo.

-Fala baixo que seu filho esta dormindo e nem ele e nem Rafael precisam escutar isso! – Disse me aproximando dele. – E outra se você não tem sexo é porque quando chega em casa, esta tão tarde que durmo te esperando e não vou fazer nada com um homem que chega toda noite fedendo a bebida e perfume barato! Então se quer isso para você, siga sua vida e me deixe paz! – Falei com raiva. Ele chegou perto de mim e me puxou pelo braço. -Esta me machucando, seu idiota! – Disse tentando me soltar.
- Cala a boca! E se pensa que vou te dar o divórcio, está muito enganada, clara. Se tentar isso tiro meu filho de você e nunca mais verá Roland. – Me ameaçou o desgraçado. – Sabe que tenho influência no meio jurídico e minha família conhece quase todos os juízes da vara da família da corte de Boston, você não terá nenhuma chance. Se não quiser mais sexo comigo, tudo bem, tenho na rua quem me dê isso, mas seu papel de esposa exemplar dentro do escritório você vai manter entendeu?- Me jogou na cama com força.

- Desgraçado! – Gritei jogando o abajur em cima Dele, a sorte é que fechou a porta do quarto na hora. Naquela hora, no quarto sozinha, eu desabei e Chorei até perder as forças, com uma raiva que Podia fazer explodir aquele quarto.

- Babaca, idiota, você não vai tirar meu filho Entendeu! – Falei gritando e chorando. A porta do quarto abriu devagar e quando pensei que íamos ter o segundo round, quem entra é meu filho, Rafa, naquela época com dez anos. Meu garotinho olha para mim, limpa minhas lágrimas e beija meu rosto.

-Não chora mamãe....

-Desculpa por te fazer passar por isso meu filho! – Disse chorando

-Não tem problema mamãe, eu estou aqui e vou proteger você e Roland. – Falou meu garotinho me abraçando.

- Você não existe meu pequeno príncipe! Dorme com a mamãe hoje? – Ele balançou a cabeça que sim e naquela noite dormi sendo consolada pelo meu filho.

Depois desse episódio nunca mais dormimos no mesmo quarto, nem fizemos mais nada. Estávamos separados, mas para as outras pessoas eramos uma linda família feliz! Tudo pra não ficar sem meu filho, sabia da influência de sua família e achei melhor não arriscar, aguentaria isso pelos meus meninos, até o dia que pudesse me livrar de vez de Theo.

Cada dia mais, crescia no escritório e no meio jurídico, ficando conhecida e trazendo muitos clientes para dentro da empresa, juntava um bom dinheiro, até que consegui comprar um bom apartamento e sai da casa que vivia com ele. No começo ele não gostou muito da ideia, pois ia ficar longe de Roland, mas deixei claro que para todos, nós havíamos nos mudamos e não apenas eu e os meninos. Assim minha vida seguiu, e se passaram três anos. Tive meus casos, durante esse tempo, com homens e mulheres as vezes. Sabia apreciar os dois, mas sempre as escondidas, ninguém nunca sabia, porem meu ex marido, fazia questão de plantar belos chifres na minha cabeça e cada dia desfilava com uma vadia por aí para quem quisesse ver.

Aquilo já estava ficando ridículo e eu estava cansada dessa história de família perfeita e o papel da pobre advogada promissora traída pelo marido.

Foi quando a vi pela primeira vez naquela entrevista. Linda! Mas, precisava manter meu papel.
Acho que o dia mais engraçado foi quando ela chegou perto de mim em uma festas da empresa e me desejou Feliz Páscoa! Que menina hilária, não tinha como não rir da cara de assustada dela e eu sabia que mexia com ela. A menina não conseguia nem formular uma frase perto de mim. Confesso que as vezes usava disso para vê-la nervosa, ficava tão bonita quando não sabia o que falar, fora que era engraçado. Acompanhei seu desenvolvimento na empresa de longe, fazia questão de ficar distante e transparecer que não me importava e sou ótima nisso!

Até o dia que ela apareceu na minha frente e sem querer atropelei ela. Destino? Não sei! Para falar a verdade, não acredito muito em destino, acho que cada um faz o seu caminho, baseado nas suas escolhas. Mas aquela situação parecia um tanto inusitada. Levei ela ao hospital e tentei ser o mais gentil possível e descobri que com ela é fácil ser amável, é encantadora! E que corpo... Quase não me aguentei, quando vi ela sem blusa, acho que ela percebeu, não consegui disfarçar meu olhar... Preciso me controlar mais...

E foi assim que Helena, quebrou meu muro pela primeira vez. Quando pensei que tinha tomado as rédeas da situação de novo, lá estava eu segurando seu braço e passando meus telefones pessoais pra ela. Como se não bastasse isso, não aguentei e a beijei... Na bochecha, é claro! Não ia assustar a menina mais do que ela estava assustada. E assim, naquela mesma noite pela segunda vez, Helena, quebrou meu muro novamente. Que cheiro maravilhoso, que pele macia, tinha que ir embora, senão não me aguentaria. Sai dali, com a esperança de que ela me ligasse e com a certeza de que estava muito ferrada!!!!!

Toda Poderosa/A esposa do meu Chefe. -Clarena ADAPOnde histórias criam vida. Descubra agora