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Oito anos haviam se passado desde aquela audiência.

Johnny caminhava para fora daquela prisão em passos longos e demorados, apesar de estar aliviado por finalmente sair daquele lugar, o rapaz queria aproveitar o vento em seu rosto e respirar lentamente o ar poluído, não que o ar da cadeia não fosse o mesmo, mas aquele parecia diferente, sabe? Era mais... Libertador.

O cabelo amarrado em um coque frouxo e a barba por fazer lhe dava um ar mais charmoso, quem o vira na rua não acreditaria que aquele homem passara seus últimos anos atrás das grades e não de férias em algum país vizinho.

Quando Johnny ouvira a palavra "culpado" sair da boca do juiz, o seu mundo desabou, mesmo sabendo que aquela era uma possibilidade, ele não acreditava que seria realmente preso por assassinato.

Depois de ouvir sua sentença, não havia mais força em seu corpo para se manter de pé, então, sem se importar com as pessoas à sua volta, ele caiu naquela cadeira e chorou. Em sua cabeça, aquilo havia durado horas, mas na verdade, tudo aconteceu em menos de cinco minutos, os oficiais haviam levantado Johnny e prosseguiram com ele de volta para a prisão, deixando Ashley chorando ao fundo e Park preocupado com a separação dos dois amigos.

O rapaz ficou tão abalado que nem se importou mais com as coisas à sua volta, foi assim nos primeiros anos. Ele não recebia visita, se recusava a comer e não se importava quando algum detento lhe batia.

Os médicos da prisão já estavam acostumados com as visitas de Johnny, ele passou muitos dias fraco em uma grande porém desgastante cama de hospital, enquanto um soro era injetado em sua veia.

Sua aparência já não estava mais como antes, havia emagrecido tanto que era possível notar os ossos mais visíveis em seu corpo ao olhar para ele, mesmo que fosse de longe, seu cabelo e barba estavam tão grandes que se fossem brancos poderia até ser confundido com o bom velhinho.

Johnny havia desistido da vida, e ninguém era capaz de o fazer mudar de ideia. Mas, após três anos e meio vivendo daquele jeito, ele se sentiu disposto a erguer a cabeça e enfrentar a sua terrível realidade.

Fora como se tivesse renascido como uma fênix, apesar da manhã gélida e nublada, mesmo com o vento forte e as fracas gotas de água que insistiam em cair do céu, ele se sentiu pronto para aceitar que naquele momento sua vida era aquela e não havia como voltar atrás.

Johnny não estava vivendo a vida que desejava, ou a qual mantinha antes de ser preso, mas sim aquela que lhe faria pagar por seus erros. Um erro que ele se arrepende a todo momento.

Quando enfim acordou de seu longo transe, todas aquelas emoções haviam voltado como um soco bem forte em seu estômago, ele sentia tudo o que sentiu quando viu sua amiga naquela sala, quando brigou com Antony e até mesmo quando estava naquele tribunal.

Nos primeiros meses ele tudo foi tão intenso, era como se estivesse em posse de algum superpoder bizarro, fazendo com que ele sentisse as emoções não só das pessoas a sua volta, mas de todo o mundo. Seu coração doía de uma maneira que ele nunca sentira antes, havia momentos que chegavam até a ser assustadores.

Quando aceitou receber visitas novamente, respirou aliviado ao ver Ashley do outro lado do vidro, temeu que a ruiva não quisesse mais olhar para si, afinal, haviam se passado anos desde a última vez em que se viram.

Mas lá estava ela, sorrindo e acenando para Johnny do outro lado do vidro.

— Eu sinto muito, Ash. — Falou assim que sentou-se na cadeira em frente a ruiva.

— Ei, tudo bem! Eu entendo, mas senti saudades! — Sorriu.

E ela realmente entendia. Sabia que o rapaz estava confuso e assustado pela reviravolta em sua vida, só não entendia o porquê dele se manter afastado dela esse tempo todo, afinal, eles sempre estiveram juntos, independente se eram nos momentos felizes ou não.

Culpado Ou Inocente?Onde histórias criam vida. Descubra agora