Sentado na sala de interrogatório, Johnny tentava responder às perguntas do detetive a sua frente. Sua cabeça ainda doía, o que de certa forma dificultava ainda mais suas tentativas de concentração.
— Me diga, senhor Pierce, por que você e a vítima, Antony Graham, estavam brigando no estacionamento da boate? — o detetive perguntou novamente.
Johnny soltou um suspiro de frustração, o que fez com que o detetive se levantasse da cadeira caminhando lentamente até ele.
O rapaz ainda não acreditava que aquilo estava acontecendo. Ele havia bebido tanto que ainda se sentia bêbado, e mesmo seu corpo lembrando de tudo, o seu cérebro ainda não havia se manifestado.
— Você acha que estamos aqui para brincar?! — Ele gritou a alguns centímetros acima de seu rosto.
— Olha, detetive, eu não faço ideia do que está acontecendo. Eu só me lembro de sair para beber com uma amiga e...
Ele parou assim que a porta foi aberta.
— Detetive Miller, o chefe está lhe chamando!
Dando um último olhar ao homem sentado na cadeira à sua frente, Jackson caminhou em direção a porta, logo em seguida saindo e a fechando atrás de si.
Johnny respirou fundo pela primeira vez desde que chegara naquela delegacia, seu coração batia freneticamente, e suas mãos ainda tremiam, mesmo sabendo que toda essa comoção estava sendo por medo de estar ali, ele repetiu várias vezes que a culpa era da bebida.
Ele respirou fundo mais uma vez e tentou se lembrar de qualquer informação sobre a sua madrugada assustadora.
Como era possível ele sair para beber com sua amiga e acabar matando uma pessoa?
Por mais que ele se esforçasse para pensar naquilo, sua mente não evocava nada, nem pensamentos, nem memórias, parecia que sua cabeça não funcionava, mas mesmo não lembrando de nada ele tinha certeza de sua inocência.
Tudo o que ele sabia é que tinha algo de errado acontecendo, e não era só por ele estar sendo acusado de assassinato. Sua amiga, Ashley, também era da polícia, mas em nenhum momento ele a viu naquela confusão toda. A mulher sempre se preocupava com Johnny, isso desde que os dois eram apenas crianças, mesmo que ambos tivessem a mesma idade, Ashley sempre tentava proteger o amigo, mesmo que no final quem sempre a protegesse fosse Johnny.
Ela sentia que devia isso ao amigo, após o mesmo a salvar de um acidente de carro. E com esse pensamento Ashley caminhava pela delegacia com passos firmes e apressados.
Apesar de sua terrível ressaca, ela não deixou de ir à delegacia atrás de informações sobre seu amigo. Não sabia o que estava acontecendo, apenas recebera uma ligação de seu chefe informando que seu amigo havia sido preso. E por ter sido seu chefe a lhe contar a notícia, aquilo a deixou bastante aflita.
Caminhando em direção a sala de seu chefe, ela pensava em qualquer motivo plausível para Johnny ter sido preso. A única coisa que ela se lembrava era de ter deixado o amigo em casa e depois ter ido para a sua. Mas aquilo teria sido só de manhã, o que a deixava mais preocupada era a lacuna de lembranças da madrugada.
Assim que entrou na sala de seu chefe, deu de cara com o responsável pelo caso de seu amigo.
Fazendo uma careta ela se sentou na cadeira em frente ao chefe, que infelizmente, também ficava ao lado do detetive. Ela não gostou nenhum pouco quando viu quem era o detetive do caso. Aquele homem era conhecido como destruidor de paz, já que ele investigava o caso até pegar o culpado, não importando com quem ele teria que falar ou o que ele teria que fazer.
— Murray. — o detetive ao seu lado lhe cumprimentou.
A mulher apenas acenou com a cabeça e voltou o olhar para seu chefe.
— O que está acontecendo, chefe? — Ela passou a mão em seus fios bagunçados. — Por que Johnny Pierce foi preso?
Apesar de estar bastante curiosa e preocupada em relação à prisão de seu amigo, ela assumiu sua postura de detetive diante de toda a situação. Queria poder ajudar o cara preso naquela sala como uma amiga, mas precisava de algo para isso e apenas uma detetive teria todo esse poder.
— Antes de lhe contar o motivo dele ter sido preso, — seu chefe lhe direcionou o olhar. — você precisa saber que tudo o que direi aqui será para Ashley Murray, a amiga de Johnny Pierce, não para Ashley Murray, a detetive.
Abaixando a cabeça, ela respirou fundo, sabia que não conseguiria participar do caso, mas pensava que pelo menos seu chefe lhe contasse sobre ele além das entrelinhas.
Ela concordou e olhou para o seu chefe novamente.
— Depois que eu terminar de lhe contar, você irá sair dessa sala. — Ela abriu a boca para protestar mas seu chefe levantou um dedo a fazendo se calar. — Não dificulte as coisas, Ashley. Você conhece o protocolo.
Jackson que estava vendo aquela cena toda, não entendia o porquê de estar ali. Se Ashley não fosse informada sobre todo o caso, por que o chefe de investigações o chamou?
— Poderei, pelo menos, falar com o Johnny?
— Sim. Mas Jackson irá te acompanhar.
Ótimo! Além de ter que fazer tudo sozinho, terei que ser babá de uma detetive e seu amiguinho preso. Miller pensou, revirando os olhos de cabeça baixa.
— Johnny Pierce foi preso por assassinato. — Ashley arregalou os olhos, não estava esperando por aquilo. — Ele foi a última pessoa a ser visto com Antony Graham antes de sua morte. As câmeras de segurança da boate mostram os dois brigando no estacionamento.
Murray não sabia o que falar, sua garganta estava seca e a sua respiração cortante, ela não conseguia pensar em palavras que fizesse seu amigo ser inocentado. Mesmo não acreditando no que seu chefe lhe falara, ela não tinha como argumentar diante das provas.
Respirando fundo ela fez a pergunta para a qual já tinha a resposta: — Existem mais provas?
— Sim. — dessa vez foi o detetive ao seu lado que respondeu.
Ashley se levantou e perguntou ao chefe se poderia ver o amigo, depois de ter a sua autorização, saiu da sala aguardando o detetive no corredor.
Antes de sair, Miller direcionou seu olhar ao homem à sua frente.
— Por que não contou a ela sobre o fio de cabelo?
O mais velho suspirou, passando a mão em seus cabelos, e respondeu: — Ela não aguentaria.
Ele assentiu e saiu da sala.
||||||
— Johnny! — Ashley abraçou o amigo.
Pierce respirou aliviado quando abraçou sua amiga. Estava sentindo falta de um rosto conhecido.
— Me desculpe pela demora! Eu não sei o que está acontecendo, mas prometo que irei tirar você daqui. — Ela falou segurando o choro.
Johnny apenas assentiu, abraçando sua amiga mais forte que antes, que agora chorava baixinho e tremia em seus braços acolhedores.
Apesar de ainda não se lembrar de nada sobre a madrugada assustadora, ele acreditava ser inocente, e, acima de tudo, confiava em sua amiga e no que ela dizia. Por isso, não temeu aquele detetive lhe encarando depois de Ashley o deixar sozinho com ele novamente.
Continua...
||||||até o próximo cap angels,
um cheiro no cangote.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Culpado Ou Inocente?
Short StoryEm uma manhã de domingo qualquer, Johnny acorda em sua casa sem memória e confuso sobre o que aconteceu na noite passada. Batidas na porta foram ouvidas. Mesmo sem entender o que estava acontecendo e sem saber quem poderia ser aquela hora, ele segui...