VIII | Perdendo o Controle

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" Os espinhos que colhi são das árvores que plantei"

- Lord Byron 


CHEGAMOS EM CARROS ESCUROS, em horários diferentes

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CHEGAMOS EM CARROS ESCUROS, em horários diferentes. Sou recebida por uma enxurrada de feches.

— Sra. Campello, por que não chegou com seu marido?! Quem será o novo sócio da Enterprise?!... Sra. Campello!

Mantenho a postura séria e os ombros erguidos, caminhando calmamente para dentro, com uma ruma de seguranças me rodeando.

Você é incrível, Gia. Digo a mim mesma. Todos estão de olho em você.

Logo que entro avisto meu marido em uma das mesas decoradas elegantemente.

— Vamos ter uma conversinha mais tarde. — Ele diz, beijar minha bochecha e afastando uma cadeira para mim.

Emilie está ao meu lado, escondendo-se em uma tela no celular.

— O que ela está fazendo aqui?

— Estou apresentando ela a alta sociedade.

Aperto o maxilar.

— Ela... Ela é apenas uma criança ainda. Ela não foi feita para esse mundo.

— Eu decido aonde quero ir, Gia. E não sou uma criança. — Ela nos interrompe, furiosa.

— Sim, você é. Não sabe nada sobre esse mundo, é uma criança alheia.

— Sei mais do que pode imaginar.

O garçom chega com as bebidas. Peço vinho, a única coisa que aliviaria meus nervos.

— Vá conversar com as esposas dos sócios. — Alex ordena. 

As esposas daquelas criaturas meticulosas são tão irritantes quanto minha mãe. Felizmente, sei lidar muito bem com elas.

— Lana, a quanto tempo.

A mulher ruiva com os lábios inchados sorri para mim, mas logo sua boca se curva em nojo quando se depara com meu vestido.

— Giulia, você está incrível.

Ela enfia as unhas longas e afiadas no meu ombro e me puxa para um abraço.

— Como vão os negócios? — Pergunto.

Ela dá um gole no champanhe, seu vestido é preto e possui uma longa e estufada manga.

— Estamos nos anos dourados, Lucian conseguiu um contrato com uma grande empresa. Vamos viajar para as Maldivas no final de semana para comemorar.

— Isso é ótimo. Alex conseguiu novos acionistas, a empresa está crescendo muito.

— O sr. Campello é um bom empresário... — Ela encara um ponto atrás de mim. — Giulia... Se eu não fosse casada com um homem com o bolso recheado eu não pensaria duas vezes antes de fisgar aquele homem.

Me viro.

Lá estava ele em toda a sua glória transcendental, Enrico Ambrosio.

O cabelo perfeitamente alinhado, o terno azul marinho reluzindo. Pressiono a taça com força na mão.

— Ele parece ser um bom partido. — Dou de ombros.

Ela me encara.

— Retiro o que disse, eu vou dormir com ele, tenho certeza que meu marido não vai se importar. Afinal, tenho provas o suficiente para colocá-lo na prisão pro resto de sua vida.

Não respondo.

Eu utilizaria essa artimanha se pudesse, mas Alex sempre foi cuidadoso e inteligente demais. Nunca consegui encontrar nada.

Uma chama começar a lamber meu coração quando observo o olhar determinado de Lana. Eu sabia que ela não iria parar até tê-lo na cama. 

Sou envolvida por uma colônia inebriante. Enrico.

— Senhoras, espero que estejam aproveitando a noite.

Lana sorri.

— Está melhor agora, sr. Ambrosio. — Ela põe a mão na dele e Enrico a beija. — No andar de cima tem as bebidas melhores, se importaria de irmos lá?

Ela passa o braço no dele, mas ela não vai embora sem antes dar uma piscadela para mim.

A taça na minha mão explode.

****

O restante da noite foi quase uma tortura, Emi e Alex tinham desaparecido quando retornei à mesa, e Enrico estava ocupado demais.

Tomei uma, duas, três, quatro taças de vinho. E ainda assim, não foi o suficiente.

Ligo diversas vezes para minha irmã, mas cai na caixa postal.

Onde você está? Penso.

Sem outra alternativa ligo para Alex, ele atende no segundo toque.

— Onde ela está? — Pergunto a queima roupa.

— Hum... Emilie? Acho que vi ela sair com um homem para algum lugar.

Finco as unhas na mão.

— Eu disse para não a apresentar para essas pessoas. Eles vão a comer viva, como um cordeiro em uma toca de lobos.

— Você subestima sua irmã, Giulia. Ela vai se sair bem, confie em mim.

Confie em mim. Quase zombo dele.

Quando estou prestes a deslisar ele retoma a conversa.

— Enrico parece estar se divertindo com a Lana. Aquela mulher sabe cravar as unhas em um bom partido.

Meu coração queima.

— Não me importo.

Ele fica em silêncio.

— Estou te esperando aqui. — Ele diz e depois desliga.

Bebo mais uma taça de vinho no caminho para cima, estou começando a ficar tonta.

Se minha mãe estivesse aqui ela jogaria a cabeça para trás em uma gargalhada venenosa e diria que eu estava perdendo o controle.

E eu realmente estou.

Talvez seja a hora de erguer minhas barreiras de volta, dessa vez será revestido de fúria e aço. Nem o ar ousaria atravessá-lo. 

Assassinato em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora