SELENA
O dia de quinta-feira corre bem. Tive apenas aulas de manhã, por isso, passei o resto do dia a estudar na biblioteca com a Kyla.
Sexta-feira é o meu dia da semana favorito, pois é a entrada para o fim de semana e a despedida de mais uma semana. Combinei de ir com a Kyla ao cinema no sábado, durante o dia, e á noite devemos acabar numa festa qualquer. No domingo, pretendo ficar no conforto do meu apartamento a estudar.
Neste preciso momento, estou ao lado da Kyla e estamos a caminho da aula do professor Robert. Esta aula não é propriamente considerada uma aula, pois não aborda uma disciplina específica. O professor Robert é como se fosse um psicólogo e nesta "aula" ele tenta perceber o que nos assusta com a ida para a universidade, ou seja, ajuda-nos para o próximo patamar da nossa educação. No entanto, muitos alunos procuram-no também para pedir conselhos acerca da vida pessoal. É quase como se ele fosse um parente.
- Boa tarde, alunos. Na última aula, pedi-vos para escreverem um texto acerca da área que pretendem seguir, por isso, podem, ordenadamente, começar a entregar.
Eu, a Kyla e mais alguns alunos levantamo-nos e vamos até à mesa do professor, onde vamos juntando os trabalhos numa enorme pilha de pastas. Depois voltamos todos para os nossos lugares.
- Jordan e Nathan, os vossos trabalhos? - questiona o professor Robert
- Professor, é uma história engraçada... - diz o Nathan - Bem, o meu cão comeu o meu trabalho - diz e todos começam a rir, enquanto eu reviro os olhos. Patético.
- Ah compreendo, Nathaniel. O teu cão invisível comeu o teu trabalho inexistente.
A pequena sala de aula está agora preenchida com os sons das várias gargalhadas que os alunos dirigem a Nathan. Afinal, ele acabou de ser arrasado por um homem de quarenta e três anos. Ao olhar pela sala, os meus olhos pousam na fila de cadeiras do meio da sala, mais precisamente no rapaz que possui, neste momento, os olhos mais indecifráveis que alguma vez vi. É frustrante. Quando de facto me permito observar o sujeito, já sei quem é e fico realmente perplexa ao perceber que estava a olhar para o Evans. Ao dar-se conta de que estou a olhar fixamente para ele, o Jordan sorri maliciosamente. Ficamos imersos a tudo o que se passa à nossa volta. Segundos depois, recebo uma mensagem.
"Agrada-me que gostes da vista 😉"
Ele é tão presunçoso que horror. Reviro os olhos, olhando na sua direção. O ecrã do meu telemóvel ilumina-se, notificando-me de outra mensagem.
"Não consegui fazer o trabalho. Ajuda-me a sair daqui e devo-te uma"
Olhei para ele incrédula, observando o seu rosto sério. O Jordan nunca pede ajuda a ninguém. Ele pode estar na situação mais complexa do mundo, mas o seu orgulho não lhe permite pedir ajuda seja a quem for. E se alguma vez pediu ajuda a alguém foi ao Nathan, mas isso é algo que ninguém, NUNCA, vai puder ser testemunha.
O seu olhar sobre mim é intenso, tão intenso que chega a ser desconfortável. Não sei se o devo ajudar, pois se o fizer vou ter de aturar o Evans sempre a lembrar-me que o ajudei em algo. No entanto, posso tirar vantagem disso, pois ele conhece-me muito bem e sabe que tudo tem um preço e eu já sei exatamente o que quero. Ouço o professor chamar pelo Jordan, mas interrompo:
- Professor, não me estou a sentir nada bem - informo, fazendo faço uma careta de dor - Acho que tenho de ir à enfermaria - olho para o Jordan.
- Eu levo-a - diz e todos concentram o seu olhar em nós.
Estou deitada na maca da enfermaria, enquanto a Beth, a auxiliar que fica aqui todos os dias observa "o que tenho" e eu finjo que me sinto bastante mal. Não é que não goste da aula do professor Robert, mas hoje também não me apetecia mesmo nada estar ali.
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SINNERS
RomanceSelena Campbell, a rapariga que todos querem e poucos têm. Ninguém a tem na mão, pois estão todos na mão dela. É uma rapariga complicada, decidida e sem tempo para rapazes, apenas para os que leva para a cama no fim de uma festa. "Quem brinca com o...