Capítulo Nove

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SELENA

Quando o Nathan me apareceu à porta, de madrugada, acho que imaginei tudo, menos o que de facto ele me iria pedir a seguir. Nunca o vi daquela maneira. Desesperado. Preocupado. Sem saber o que fazer. Ele precisava mesmo de ajuda e, por algum motivo, quando ele disse o nome do Jordan, explicando-me a situação, a comida que tinha acabado de ingerir quis sair-me da boca. Uma angústia enorme formou-se no meu âmago e num segundo estava prestes a dizer-lhe para me desaparecer da frente e no outro estava dentro do carro dele, em direção ao apartamento do idiota do melhor amigo.

Por incrível que pareça, a viagem de carro não demorou muito tempo, cerca de dez minutos. O que me assustou e me deixou apavorada, pois o Evans não vivia muito do longe do meu apartamento e eu não fazia ideia.

Ao entrar no seu apartamento, fui recebida com um ambiente incrivelmente limpo e arrumado, o que é de se espantar, visto que mora ali um rapaz. A maior parte dos móveis são pretos, existindo muitos detalhes e decorações em tons de cinzento. As paredes são cobertas por tons branco sujo e todas possuem quadros, estranhamente bonitos. É possível verificar, em todos eles, emoções e, principalmente, aquelas que o artista de facto queria transmitir para quem veria os seus quadros. O que mais me chamou à atenção é um quadro que possui uma explosão de cores. Amarelo, azul, verde, vermelho, preto, cinzento, magenta, roxo, são infinitas as cores existentes neste quadro, que estão misturadas umas com as outras, mostrando a confusão que se passava na mente do artista. Fenomenal.

Observo o restante do cómodo e é então que o vejo. Estatelado no sofá. Só então me dou conta da quantidade absurda de garrafas de álcool, que estão espalhadas à volta dele.

Ele está bêbado.

- Eu sei que parece estupido ter-te chamado, quando ele apenas parece bêbado - faz uma pausa - Só que fiquei mesmo preocupado e não sabia o que fazer, Selena. Ele parece morto.

Assinto, lentamente.

O Nathaniel só me chamaria se de facto fosse importante, ele jamais deixaria alguém ver o Jordan neste estado.

Aproximo-me do corpo escancarado no sofá e tapo o nariz, devido ao cheiro horrível de álcool. Verifico a pulsação do Evans e, graças a deus, ele continua vivo. Da maneira que ele estava, qualquer um que entrasse aqui, iria pensar que ele estava morto.

- O que é que te aconteceu? - sussurro, enquanto me aproximo da sua face, apenas para confirmar que ele está mesmo a respirar.

Mas o Nathaniel ouviu.

- Eu não te devia contar isto e provavelmente ele matar-me-ia se soubesse, por isso não lhe digas nada - ele dá um longo suspiro e prossegue - O Peter está cada vez pior e todos os meses, mais ou menos a meio do mês, o Alexander liga ao Jordan para contar-lhe como tem estado o pai. As coisas não têm melhorado - diz, enquanto olha para o amigo.

Eu e o Jordan, tal como a Kyla e o Nathaniel, conhecemo-nos na primária, e, sendo a mãe do Evans a nossa professora, ficámos todos a conhecer-nos muito bem, o que fazia com que as nossas famílias também se dessem. Bom, pelo menos até ao incidente.

O Peter e a Beatrice transmitiam amor por todo o lado que passavam, era enternecedor e eu tinha inveja, porque os meus pais tinham deixado de ser assim depois do que aconteceu ao Cameron. O Peter já está há muito tempo ligado às máquinas, mas deste que me mudei para Portland, nunca mais soube nada dele e também não iria perguntar ao Jordan. Fico triste em saber que as coisas não melhoraram. Nem quero imaginar como deve estar a Beatrice.

- E a mãe deles? Como se está a aguentar?

- Já conhecemos a Beatrice, ela finge que está bem, mas sabemos todos que não está.

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⏰ Última atualização: Jul 18 ⏰

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