Pensamentos.

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  Havia se passado algumas semanas desde o encontro dos homens, porém, sua cabeça não deixava a imagem do homem de cabelos negros e penteados como um lobo e um rosto rubro se esvair em momento nenhum. Só pensava sobre aquele encontro, a ponto de até atrapalhar sua concentração em assuntos diversos. Se sentia mal por não conseguir realizar o trabalho com maestria, mas não podia admitir que se o de olhos acinzentados pedisse ele aceitaria na hora, qualquer coisa. Afinal quem poderia negar um pedido desses daquele homem? Pensava em quão fofo era ver aquele grande homem de cabelos morenos com o rosto rubro. Suspira, virando-se para as grandes janelas untadas, dando-lhe visão para a grande cidade de Fontaine.

"Wriostheley, Wriostheley... me pergunto o que você está fazendo neste momento. Devo estar perecendo a loucura, perco tanto tempo pensando em sua imagem... " Estala a língua, se dirigia a visão da cidade construída por cima dos grandes mares." Não consigo compreender, minha mente não consegue tirar sua imagem da minha cabeça... é tão irritante... e bom ao mesmo tempo. O que estou fazendo? Não deveria ficar parado olhando os raios de Sol enquanto estou aqui. Talvez depois de décadas precise de ajude psicológica." Ria sozinho, em imaginar o homem de cabelos morenos sorrindo para si, se sentia alegre por simplórias imagens geradas pelo seu datado cérebro, que insistia em o distrair do trabalho. Sua orelha sensível conseguia escutar passos vindo até sua sala, desta vez não eram metálicos, o que sem motivo, causou-lhe uma grande tristeza.

Furina abre a gigantesca porta e coloca sua cabeça entre elas, queria ter certeza que Neuvillete não estava irado consigo, afinal, ela havia feito uma grande bagunça e como sempre, deixou tudo para o Index limpar. "Neuvillete está sorrindo? Será que foi tudo bem?" Pensava enquanto olhava a face pálida soltar risos bobos de maneira espaçada. "É tão estranho ver ele assim, entretanto admito que fico feliz em vê-lo assim, talvez o duque fique longe de um julgamento por um tempo..." Se aproximava vagarosamente do juiz, para que nem mesmo as orelhas aguçadas pudessem ouvir. Arruma sua postura e olha pelo vidro a grande cidade autônoma, procurando algum motivo fora o encontro de ontem, da alegria do homem. "Não tem nada de diferente, as pombas continuam arrulhando por aí, os trabalhadores se esforçando, as melusines observando e os cachorros descansando. Já ouvi falar na alegria gerada pelo simples fato de existir, porém não faz sentido ela surgir de maneira tão espontânea no dia a dia de Neuvillete... impossível aquele arruaceiro ter tornado o dragão hydro tão feliz do dia para noite. Nem mesmo eu, Furina, a governante desta nação consegui este feito, então como um mero mortal conseguira?"

—Oh, Furina? A quanto tempo permanece ao meu lado?—Pigarreia, disfarçando a alienação própria dos fatos.—Nem ao menos consegui escutar-te, peço sincero perdão. Em que posso ajudar?

—Gostaria de um relatório sobre o encontro, pois me parece que foi ótimo.— Vira sua face para o dragão que se assemelhava a si. Ele ainda observava a paisagem, que estava mais ensolarada do que o comum. Um sorriso pequenino, tomou a expressão alheia. Concordava com a cabeça, afinal a decisão da arconte era sempre muito bem vinda.— Falando sobre a construção abaixo do mar, você poderia checar como anda a reconstrução do local, a recuperação dos homens e até mesmo ver o que precisamos financiar.— O albino arqueia uma sobrancelha e encara a garota.

—Sinto informar-te, mas este, nunca fora o meu trabalho. Enxerga aquela enorme papelada? Aquele serviço me pertence, o que me pedes é serviço dos trabalhadores da área social e de comunicação.—Inflexível como de costume, nem ao menos pensara no leque de possibilidades que se abriria se ele pelo menos escutasse o que Focalors tinha a dizer. Não lhe interessava largar seu trabalho para isso, não queria que suas responsabilidades se dispersassem para o ombros alheios de alguns trabalhadores excelentíssimos, que poderiam ter seus talentos explorados de maneiras melhores.

—Mas...

—Sem "mas", Furina.—Um olhar sério voltou a sua face, a garota suspira e cruza os braços. Estava indignada que nem ao menos fora escutada, ela descruza os membros superiores e se senta na cadeira em frente a mesa de madeira.—O relatório será entregue em um período de sete dias úteis. Qualquer atraso deve e será descontado do meu salário.—Nem ao menos tentou combater as palavras árduas do chanceler. Somente aceitou o gosto calamitoso da derrota, empregnado no fim de sua garganta e saiu emburrada do grandioso cômodo.

  Em meio aos grandes corredores de ferro Wriostheley observava as construções, cantarolava alegremente, assustando a todos que ali residiam, era difícil ver alguma expressão na face alheia, mas o ver cantarolar? Isso era como se fosse um mal presságio, cairia uma tempestade e levaria todos a borda da superfície novamente? Ou seriam atolados com mais trabalhos até sua pele se desfazer junto da vontade de viver? Não existia maior terror do que ver o agente prisional andar cantarolando. O mesmo não pode evitar de rir ao escutar os boatos.

—Estou falando sério, eles estão todos preocupados!— Falava mais alto tentando reter a atenção do mais velho.—Se eles passarem por muito estresse com todos estes boatos irão morrer... você não quer isso, quer?

—Não se preocupe Sigewinne, assim como eles sou um humano comum, tirando o fato de eu possuir uma visão, tenho sentimentos iguais os deles, alguns até fora de minha própria compreensão.—Rodava a algema prateado com o interior vermelho, aquela qual era normal se ver acompanhado, aquilo tirava-lhe toda a atenção da pequena melusine.— Aliás, o que poderia fazer? São só boatos, eles vem e vão como tudo e qualquer tipo de vida.

—Poderia pelo menos comunicar pelos rádios espalhados pelo refeitório e local de trabalho que eles serão recompensados pelo trabalho árduo? — Aprendera uma técnica muito útil no momento, a face de cachorrinho que tinha acabado de cair do caminhão de mudança.—Ouvi dizer que seres humanos são iguais a quaisquer outros animais, se você prometer recompensa-los faram tudo que for possível.

  Wriostheley olha novamente para as grandes orbes cor de escarlate, estavam tão brilhosos e encharcados com a água que pareciam que iriam chorar neste exato instante se ele negasse. Respira fundo, assenti com a cabeça, para que finalmente a pequenina desencane com a preocupação alheia. A mesma com toda a certeza voltaria para o questionar sobre os cantos.

  "O que será que Neuvillete está fazendo agora? Ele é um ser místico então deve estar fazendo algo super importante... será que ele tem alguma característica especial além de suas pontudas orelhas? Talvez tenha escamas espalhadas por seu corpo, um rabo... será que as mechas azuis são algum tipo de antena? Deveria parar de pensar nisso, falta do que fazer não é. Ele é bem instável para alguém do seu porte e fama... eu já li em algum lugar que dragões possuem um par de membros masculinos, será que é verdade? Mas para que serve? É possível entender que é para engravidar a fêmea, mas fora isso não tem muita utilidade... falando em fêmea nunca vi o Index com ninguém,  será que ele se relaciona com alguém? Não, provavelmente já teriam descoberto... A não ser que... essa pessoa já esteja muito próxima dele. Como Focalors! Não eles tem relação de pai e filho... então seria quem? Ele nem tem vida social, mas é tão misterioso... que intrigante, acho que nunca vi alguém que me interessasse tanto nos detalhes." Apoiava os pés na mesa enquanto pensava. Clorinde já estava quieta o observando já fazia um minuto, mas resolveu esperar o homem se tocar."Ele definitivamente é o tipo de qualquer um, certo? Aqueles cabelos sedosos e brilhantes, os seus olhos, Oh~ aqueles são um dos principais. Seu porte de homem másculo e dentro da lei, ele tem um charme natural, fora a sua voz, nem se fala então daquele sotaque, eu já ouvi milhares de vezes um sotaque francês, mas o daquele homem, Deuses!" A mulher de cabelos roxos se cansa de esperar, limpa a garganta de maneira forçada, finalmente os olhos acinzentados encontraram-se com os seus.

—Se lhe falta trabalho deveria ajudar os trabalhadores.—Diz em um tom sarcástico, Wriostheley ri, desconcertado, pois havia sido pego em meio aos seus devaneios.— Podemos conversar sobre como andam as obras?

—Oh... Sim, claro. Por favor sente-se, irei fazer um chá para ti.—O moreno se levanta.

  Era para ser uma vez por semana, mas eu acho que vai ter quase diariamente.

Dragão Hydro Não Chore.Onde histórias criam vida. Descubra agora