O Encontro: Nostalgia

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  Mesmo local, mesmo sentimento de culpa, mesma baixa autoestima, o mesmo velho e solitário dragão ansioso e o não tão jovem carcerário. Ah! Sim, o sabor agridoce da nostalgia atingia as papilas gustativas de Wriostheley com força, até mesmo o silêncio desconfortável palpável estava presente ali novamente.

  Como poderia descrever a felicidade de estar ali novamente com Neuvilette? Ora, não poderia, pois agora sua cabeça só pensava em algo carnal, como beijos e uma cama bagunçada, uma noite de luxúria somente entre os que ali estavam sentados. Mas talvez este não fosse o melhor momento.

  A comida chega, já havia mais de uma hora que os dois não trocavam uma palavra, mas um sorriso tímido aparecia no rosto de Neuvillete ao reparar que o chefe da fortaleza o encarava.

—Você vai formar um buraco em meu rosto de tanto me encarar.—Diz brincando. O que surpreende de forma positiva o britânico, que ri suavemente em seguida.

—Tem que se admirar o que é bonito. Não é todo dia que se vê uma das mais belas pinturas a sua frente.— Ele flerta descaradamente com juiz. Não tinha um pingo de vergonha, sabia o que queria está noite: Uma resposta.—Sua sopa parece gostosa.

—Quer um pouco?— Diz desenterrando a sua coragem do fundo de seu peito e colocando as simples palavras em suas cordas vocais. O ex-presidiário rapidamente assente, quase desesperado, o que fez com um pequeno riso nasal saísse.

  A nação francesa era um local de fato romântico, mas Furina já parecia enjoada de os olhar secretamente da outra mesa, enquanto Sedene e Sigewinne observavam curiosas e atentas.

  O Iudex então leva sua colher a boca do robusto homem de cabelos morenos, que tomava com cuidado apreciando o sabor do prato. Ele geme em resposta, como se dissesse: Que delícia, mas na verdade se pudesse o devolveria agora mesmo ao prato. Não tinha gosto, era água e tempero.

—Fico feliz que gostou.—Disse semicerrando seus olhos claros e sorrindo para o dono da visão cryo. "Não usaria a palavra gostado, literalmente engoli sentindo um vazio em meu estômago, Neuvillete é um tanto quanto... excêntrico."

  Um vinho chega, o juiz se encontra surpreso. Não havia pedido a bebida, quando vê o de olhos azuis, porém claros e acinzentados colocar um pouco na bebida na taça dele e a própria. Uma olhada descarada é dada para o albino, o orgulho do policial já estava ao chão, agora se humilhava pelas migalhas de amor do dragão. Sentia que precisava da paixão alheia, mesmo sabendo que era auto suficiente para si próprio.

  Neuvillete toma um gole rapidamente, tentando esconder sua vergonha. "Talvez ele pense que o rubor é da bebida." Pensou o juiz. O outro somente rio, achando fofa a ação do mais velho, quem diria que se envergonharia por tão pouco?

—Não toma muito vinho?—Perguntou o mortal tomando mais um pouco do seu vinho. Observando a inexperiência alheia.

—Prefiro água...—Disse balançando a taça com o líquido vermelho.—Sinceramente não entendo o que é tão bom neste suco de uva com gosto amargo de álcool. Prefiro a água que conta a história de cada nação que em Teyvat próspera.

—Isso é a primeira vez que alguém me fala sobre água tão entusiasmado... Mas não estou aqui para isto Vosso meritíssimo... Sei que não pedi resposta, mas... Isso está me matando.—Ele desviou seu olhar para o lado colocando sua mão na nuca.

—Eu...—O juiz o olhou para o prato vazio em sua frente. Ele tinha medo das consequências, de admitir que amava o outro, na verdade ele pensava demais e tinha medo de tudo, vivia se precavindo de paranoias que ele mesmo havia inventado.— Não sei o que quero, sinceramente eu sou muito ocupado com o trabalho. Eu me afogo nele para...

—Não ter que pensar nos seus sentimentos?—Certeiro como dardos na mão de uma pessoa experiente. Ele reconhecia aquela situação por já ter tido passado por ela. Ele então pegou as mãos cobertas por luvas negras.— Neuvillete, mesmo que não sinta o mesmo, eu sempre estarei esperando por você. Até porquê Clorinde não é uma opção, esses dias ela estava falando do batom dela com a Navia...—Ele ri ao relembrar o que foi contado pelo viajante. A outra parte não era uma piada, ele realmente estava esperando por somente um pedido do juiz.

—Eu gosto de você.—Saiu junto de um suspiro profundo, as palavras mais verdadeiras que já havia dito. Seu coração concordava, batia como louco implorando pela carícia do homem a sua frente. Gostar era pouco, mas não queria declarar seu amor de maneira tão rápida.—Mas... Tudo anda tão confuso, por favor... Não quero te atrapalhar nem tomar o que não deveria ser meu...

—Não diga bobagens Neuvillete!—As suas mãos retiram as luvas, mostrando uma mão pálida, com as unhas pintadas em degrade de azul na ponta. Ele as beija suavemente.—Você pensa demais. Tudo o que você tem que fazer comigo é seguir os seus sentimentos, não o racionalismo. Porquê nunca vai dar certo se você não o fizer.

  Era como se uma luz fincada no cérebro acabasse de se ligar. A outra mão qual não recebeu o selar foi até o rosto do jovem, acariciando-o. Wriostheley se surpreendeu rapidamente com o contato da pele gelada, mas logo sorriu se deixando levar pelo carinho.

  De repente as orelhas sensíveis do réptil capta alguns burburinhos, rapidamente retirando a sua mão e a enluvando. A perna tremia e o que antes era preenchido por amor, agora era somente uma enxurrada de pensamentos ambivalentes. O mortal se levanta rapidamente ao reparar no desconforto alheio, retirando seu casaco e o colocando nos ombros do homem de madeixas brancas e o levando para fora do local.

  Lá estavam eles no vento gélido, de mãos dadas. Os olhos claros com um delineado azul se viram para o outro homem.

—Eu quero tentar algo com você, Wriostheley.—Ele declara com firmeza, o carcerário sorri e fica frente a frente ao mesmo.

  Suas mãos enfaixadas e calorosas envolviam o rosto gélido e sério do homem de cabelos claros. Ali mesmo na rua em meio a chuva, não provocada por Neuvillete dessa vez, um selar foi distribuído nos lábios alheios, com carinho e cuidado.

Dragão Hydro Não Chore.Onde histórias criam vida. Descubra agora