Capítulo I: O Jantar

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A comitiva da princesa herdeira estava saíndo de Pedra do Dragão após terem se retirado da corte por algumas luas, os dragões iam voando, mas apenas dois montadores estavam nos céus, Gucerys e Lucerys, os irmãos amavam voar juntos, era a coisa mais apaixonante que existia. Sentir o vento em seu rosto, suas capas balançando como bandeiras, os dragões cortando o céu, os gêmeos estavam a tempos sem voar juntos, já que Luke havia se mudado para Derivamarca em 120 D.C. para aprender as artimanhas do mar e Gu também passou três anos lá, no exílio pela briga que resultou na perda do olho do príncipe Aemond.

O rei Viserys I estava velho e ficando moribundo, porém, no ano da graça de 129 D.C. tudo estava prestes a mudar, os espiões de Daemon na Fortaleza Vermelha disseram que além de Alicent, apenas Helaena visitava seu pai e em uma dessas visitas profetizou algo a ele. Na carta que Daemon havia recebido uma lua atrás, dizia o seguinte: "A princesa Helaena, em uma de suas visitas a Vossa Majestade, disse: 'Quando seus olhos fecharem, os dragões negros e verdes tecerão, mas quando a velha e o olho tentarem matar por vingança, a dança começará, os dragões serão ossos esquecidos, não restará fogo e nem sangue.'

Gucerys Targaryen Velaryon

Quando chegamos em Porto Real eu e Luke guiamos os oito dragões até o fosso dos dragões. Não tardou e vários Anciãos chegaram para tomar conta das feras. Nós fomos a cavalo para a entrada principal da Fortaleza Vermelha e quando chegamos os outros já estavam sendo recebidos. Em certo momento daquela recepção, cheia de conversar, títulos e burburinhos, encontrei com o olho que restava de Aemond, seu olhar para mim emanava maldade, eu havia enviado presentes e cartas pedindo desculpas, mas nunca mais nos encontramos desde aquela noite, ele havia crescido, parecia cada vez mais cruel. Sem pensar muito me aproximo, saindo do lado de meu gêmeo e caminhando em sua direção, o sorriso cínico que reinava no seu rosto se desfaz, como se ele se surpreendesse pela minha aproximação, Maegor tenta me segurar pela mão, mas consigo me desvencilhar facilmente.

–Olá tio, gostaria de conversar a sós com vossa alteza após a recepção, no mesmo lugar que gostávamos de se esconder quando mais jovens. –Digo e logo me afasto, não dando chance a ele de uma resposta, quando me viro percebo o olhar assassino de Maegor, ele era muito protetor comigo e suas irmãs, as vezes me tratava como uma dama, me cumprimentava em situações formais com um beijo em minha mão, entre outras coisas.

–Você não deveria se aproximar dele, Gu, ele quer seu sangue, não suas desculpas. –Disse Maegor segurando minha mão. –Não quero que ele derrame seu sangue. –Ele disse com os olhos preocupados. Sabe-se para a maioria que o jovem príncipe rebelde é fechado, educado, mas muito contido, nunca sorri, exceto quando está comigo, depois que Laena morreu, ele se encolheu em seu luto, mas conforme o tempo passava, nós fomos ficando próximos. Quando ele teve idade as propostas de casamento com as mais variadas ladies de Westeros começaram a chegar, até de Essos, entretanto, não aceitou casar-se com nenhuma, cerca de cento e cinquenta cartas de recusa ele escreveu, foi uma das condições de Daemon para que ele permanecesse solteiro. Lembro-me da briga que eles tiveram em frente a minha mãe na sala do trono de pedra, não sei o que aconteceu, mas eles se recolheram para a sala da mesa pintada e depois da conversa que os três tiveram lá, algo mudou.

–Maegor, eu sei que ele quer meu olho, mas eu quero apenas me desculpar... a sós com ele, eu aprendi a me defender. –Digo pegando suas duas mãos e encostando minha testa em seu peito, ele é mais alto que eu, quase não chego em seu pescoço. –Eu te amo e aprecio sua preocupação, mas não seja protetor demais. –Digo sentindo seu nariz se embrenhar em meus cabelos e meu rosto ficar quente pelo ato tão íntimo de carinho que estávamos compartilhando em meio a um lugar que agora, mais do que nunca, era regido pela Fé dos Sete e uma proximidade como a que tenho com meu primo poderia gerar rumores.

Fogo, Mar e Nosso SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora