Capítulo IX: A Carta

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Quarelys

A cidade de Braavos era encantadora, apesar das dificuldades que estávamos passando, era maravilhosa. A frota de navios que meu tio nos deixou foi o suficiente para nos manter, alugamos 10 dos 13 navios para grandes comerciantes por uma boa quantidade de ouro e isso vem nos mantendo alimentados.

Nesse período conheci alguns piratas que fizeram parte da Triarquia, apesar de serem mal educados, não que eu espere educação vinda de qualquer pessoa. Seja ela, senhor ou escravo, em sua maioria, nenhum tem respeito.

Os piratas contam histórias sobre a fúria da casa do dragão, de como eles foram derrotados nos degraus anos atrás, mas agora, mais uma vez se reerguem para importunar aqueles do sangue do dragão. Porém, o que mais me intrigou foi a volatilidade daqueles homens, não há honra em seus atos, apenas crueldade e desejo de sobrevivência, ou seja, dê-lhes um propósito e terá esses homens.

Todos buscam por uma vida melhor do que a dos pais, é isso que eu aprendi ao longo dessa vida. Aos poucos tenho me informado mais sobre os Degraus, Westeros, navegação, guerra e economia. Meu nome será lembrado por séculos um dia.

–Diga-me homem, pelo que você luta? –Questiono um dos piratas que estavam bebendo na estalagem que estou trabalhando.

–Por uma mulher para ficar entre as pernas. –Ele disse rindo e tocando em seu membro. Eu peguei seu rosto com firmeza e fixei meus olhos nos dele.

–Diga-me homem, pelo que você luta? –Perguntei novamente. Seu olhar ficou sério e sua pupila dilatou, nela se vê a verdade.

–Eu luto para fugir do meu pai. –Ele disse baixo com uma voz arrastada.

–É um motivo compreensível, muitos fogem da imagem do pai. –Disse para ele.

–O que fez comigo, bruxa? –Ele disse como se acordasse.

–Eu lhe exigi a verdade quando se recusou a me dizer. Os olhos não mentem. –Eu digo saindo da mesa e indo atender outra mesa.

Na noite da semana seguinte, o mesmo grupo veio até a taberna com mais gente, o homem que descobri se chamar Daarys veio com sua roupa velha, suja e esfarrapada. Sua barba não era aparada a semanas e mostrava claramente a negritude de seus pelos, ao contrário dos cabelos azuis.

–Que bom revê-lo Daarys, pensei que não voltaria mais. –Digo olhando para seus olhos, o homem era muito mais alto que eu e poderia me matar facilmente, mas não o faria. Eu lhe daria um propósito pelo qual lutar.

–O que almeja, bruxa? –Ele falou com raiva.

–Eu quero ir para os Degraus, com vocês. Tenho 13 navios e sei que vocês não tem nenhum. Quero dar a vocês um propósito pelo qual lutar. Quero dar-lhes uma morada e um lugar para descansarem quando estiverem mortos.

–A vadiazinha pensa que é capaz de sobreviver a nós. –Disse um deles rindo.

–Vocês têm até amanhã à tarde para decidir, senão partirei com meus 13 navios e suas vidas. Pensem bem, é uma oportunidade única e final na vida rapazes. –Digo sumindo no meio da multidão.

Eu passei meses observando esses homens, descobri seus anseios, angústias e seus objetivos. Deixei uma carta no bolso de Daarys explicando todo o meu plano, com certeza ele vai achar uma loucura, mas ele sabe que é uma ótima opção.

Os Degraus vem atormentando meus pensamentos desde minha conversa com Lorde Corlys, um arquipélago entre Westeros e Essos. A partir disso estudei tudo que julguei necessário. Eu vou construir meu reino naquelas ilhas, uma terra de ninguém que irei conquistar.

Fogo, Mar e Nosso SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora