Capítulo II: A Alvorada

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Capítulo II: A Alvorada


Aemond

A alvorada começava lentamente, eu não havia dormido durante essa noite depois do jantar e decidi caminhar durante a madrugada. Diversas coisas tomavam meus pensamentos, uma delas é o filho bastardo de minha meia-irmã puta, o garoto que roubou de mim um olho, me infringiu dor, ódio e rancor. Era fato que depois daquela fatídica noite depois do funeral de Laenor Velaryon, o Aemond criança morreu, dando lugar a mim.

Eu sou o monstro que sou por causa dele. Por causa do garotinho assustado que me tirou um olho, o mesmo garoto que eu estava observando dormir calmamente. Eu poderia matá-lo em seu sono, mesmo que ele acordasse, seria tarde demais, poderia forjar uma forma de acidente, ontem pela tarde ele havia sangrado. Porém jamais será suficiente, mesmo que eu arrancasse um olho dele, não seria suficiente para preencher meu desejo sombrio de vingança.

Talvez nem o Trono de Ferro seria suficiente, eu só existo por essa vingança, isso é tudo que sou, nada mais me importa do que isso. Que os deuses sejam benevolentes comigo, pois já estou morto há tempos.

Apesar de tudo o que me atormentava, vê-lo sob meu controle me dava prazer, uma sensação que poderia ser melhor que qualquer vingança, eu poderia fazer o que quisesse e não haveria ninguém para me impedir, o guarda sonolento só notou minha presença quando eu já estava prestes a desacordá-lo. Aos poucos a alvorada se aproximava e já estava na minha hora de partir antes que fosse descoberto.

Maegor

A alvorada coloria o céu de Porto Real e eu estava me esgueirando pelas empoeiradas passagens secretas de meu homônimo, meu objetivo era chegar ao quarto de Gucerys, eu tinha um pressentimento e precisava sanar minha dúvida. Conforme me aproximo da passagem que dá para seu quarto escuto o ranger da porta se fechando e meu coração pareceu que queria sair de meu corpo pela boca. Ao abrir a passagem me deparo com um garoto dormindo calmamente, mas vejo a cadeira posicionada em proximidade à cama e lá havia um cabelo branco, no mesmo instante um nome veio a minha mente, Aemond.

Preferi ignorar isso pelo momento e me deitar com Gu e como em todas as outras vezes ele logo se aconchegou em meu peito, como sempre fazia de forma inconsciente. Era nosso combinado, quando um não conseguia dormir, ia ao quarto do outro e dormíamos juntos, quando caia tempestades em Pedra do Dragão eu ia até ele, Gu tem um medo tenebroso de temporais, mas quando está comigo dorme tranquilo e o mesmo no meu caso, quando chegava a data de morte de minha mãe ele vinha até mim, ou quando eu tinha meus pesadelos, ele vinha e tudo ficava bem.

Eu o amava tanto que o mero pensamento de perdê-lo me deixava completamente enlouquecido, Rhaenyra, minha segunda mãe, e meu pai sabiam disso, por isso me permitiram negar as propostas de casamento e ontem à noite, quando Rhaena e Gucerys contaram sobre o que aconteceu ontem, suas dores que já vinham há uns dias, eu pedi a princesa de Pedra do Dragão que me deixasse cortejar seu filho, ela logo permitiu. Ele também aceitou, ficou completamente vermelho, tão vermelho que parecia fogo e eu o abracei tão forte, meu mundo parou quando ele olhava para mim com toda a ternura que ele podia expressar.

–Bom dia Maegor. –Ele diz se espreguiçando aos poucos e coçando com as mãos fechadas em punho seus olhos. –Quando você chegou?

–Antes do céu ficar tão colorido, se nos apressarmos podemos ver o nascer do sol voando. –Digo me levantando e o carregando em meus braços. –Coloque uma roupa de montaria, irei lhe esperar na sua porta. –Eu falei dando-lhe um beijo na testa, deixando-o de pé e correndo para me trocar, meus aposentos não eram distantes, apenas o quarto de Baela nos separava.

Meus aposentos estavam impecáveis, a cama eu já havia arrumado antes de ir vê-lo, já havia separado meu traje de montaria, me trocar não foi difícil, logo já estava na porta dele, mas não o esperei sair como um bom cavaleiro faria e logo entrei. Gucerys estava nu em minha frente e agora completamente constrangido, observei suas roupas íntimas sujas com seu sangue, ele já estava limpo.

Fogo, Mar e Nosso SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora