POV SIMONE
Pela milésima vez no dia eu suspirei. Larguei a faca que estava em minhas mãos e encostei meu quadril na bancada. Estava na cozinha do Garturito, que estava muito cheio por sinal. Passei as costas da minha mão esquerda em minha testa. Minha vida estava uma bagunça! Meus pensamentos estavam à mil por hora, me deixando mais nervosa que já sou. Apoio minhas mãos na bancada e abaixo minha cabeça. Não estava fácil conviver diariamente com esses pensamentos confusos. Pensamentos esses que me deixam duvidar do certo e do errado. Pensar que eu, uma mulher casada, ser apaixonada pela melhor amiga e colega de trabalho. Sim, vocês leram certo. Eu, Simone Nassar, sou perdidamente apaixonada por Soraya Thronicke. Embora eu ache super errado idealizar uma vida que não seja com o meu marido. Porém, é difícil não pensar em Soraya, em seus lindos olhos escuros, em seu sorriso contagiante, em seu corpo atraente, em seus traços angelical e em suas sábias palavras.
Voltei a cortar a carne que minutos atrás estava cortando. Suspirei mais uma vez. Suspirar estava fazendo parte do meu dia à dia. Suspirar por ela era algo comum desde que descobri minha paixão (amor) por Soraya. Nunca em toda a minha vida, pensei que me apaixonaria por uma mulher. Como diz aquele velho ditado: Nunca diga dessa água não beberei. Por muitas vezes eu disse, até quebrar a cara e me apaixonar por Soraya. Pensar nela assim no começo foi assustador, pois nunca pensei que a bissexualidade fosse para mim. Mas com o tempo fui entendendo que não podemos escolher por quem se apaixonar. Meu coração escolheu bater por ela, escolheu apenas bater por sua doce voz. Mas penso que nunca será recíproco. Soraya é uma mulher casada também, vive feliz com o seu marido. Até um certo ponto, Eduardo me fez feliz. Mas agora eu não consigo mais ter tanto entusiasmo com o nosso casamento. Não sei qual seria a reação do meu marido ao descobrir que sou apaixonada pela minha melhor amiga, essa que ele não faz muita questão de gostar.
- Carajo! - Xinguei ao cortar o meu dedo.
Larguei a faca longe de mim e segurei o meu dedo no local machucado.
- Está tudo bem, chef?
Concordei rapidamente com a cabeça.
- Sí, não foi nada. - Garanti e fui até a pia em minha frente. Abri a torneira e coloquei meu dedo debaixo d'água. Não havia sido um corte profundo, mas precisaria de um curativo.
Rapidamente fechei a torneira. Peguei um pano de prato e coloquei no meu dedo cortado. Saí da cozinha e fui para o meu escritório. Quando saia da cozinha, dava para ver o salão todo, pois a cozinha ficava na parte de cima do restaurante. Vi o quão cheio estava. Segui meus passos até meu escritório e entrei nele. Puxei o lenço vermelho da minha cabeça e fechei a porta. Bufei indo até a minha gaveta da minha mesa, abri em busca do kit de primeiros socorros. Ao encontrar, coloquei em cima da mesa e fechei a gaveta. Abri a pequena maleta e peguei o essencial para fazer um curativo. Larguei o pano de prato na mesa e comecei a fazer o curativo. Cada movimento era um pensamento de como eu perdi as rédeas da minha vida. Mas sempre que penso em Soraya, meu coração se aquece. Penso também em quanto a Isa (minha filha) é louca pela tia princesa. Elas são unha e carne, não se desgrudam nunca! E quando se desgrudam, é um drama só! Mas eu amo vê-las juntas. Termino de fazer meu curativo e guardo as coisas.
Caminho até a pequena estante que havia no escritório, procuro por meu querido vinho argentino Merlot. Ao encontrá-lo, pego ele e uma taça. Caminho até minha cadeira, deposito a garrafa e a taça na mesa e me sento. Sorrio ao abrir e sentir o seu doce aroma que me lembrava o de Soraya. Me servi um pouco e tomei um gole generoso. Seu gosto era suave, mas frutal e deixava um gosto aveludado na língua. Acho que esse deve ser o gosto dos lábios de Soraya, ou talvez melhor ainda. Terminei a primeira taça e logo fui para a segunda. Eu sei que é inapropriado beber em serviço, mesmo eu sendo a dona.
Eu já estava na quinta taça e acho melhor eu parar. Depositei a taça na mesa e fechei o vinho. Me levantei colocando o lenço de volta na minha cabeça. Eu precisava trabalhar sem deixar que os sentimentos atrapalhasse.
[...]
- MAMA!
Ouvi Isa gritar ao me ver passar pela porta de casa. Minha filha veio correndo em minha direção e chocou seu pequeno corpo contra mim. Peguei ela no colo e enchi seu rosto de beijos.
- Que saudade, meu amor! - falei olhando em seus lindos olhos castanhos, iguais aos meus. Ela sorriu e deu um beijo em meu rosto.
Já era tarde. Eu sai do Garturito quando o último cliente foi embora. Olhei para Isa e fiz uma careta.
- ¿No deberías estar en tu cama?
Isa escondeu seu rosto em meu pescoço.
- Mas hoje é viernes, mama. Yo quería te esperar. - disse enquanto brincava com o meu colar.
- Todo bien, mi amor.
Dei mais um beijo em seu rosto e a coloquei no chão. Caminhei até a cozinha e encontrei Eduardo sentado no banquinho da bancada.
- Oi, Simone. - se levantou e me deu um selinho. Apenas sorri sem mostrar os dentes.
Caminhei até a geladeira, precisava muito beber água.
- Por que a Isa no está en su cama?
Ele me olhou e deu de ombros.
- Ela queria te esperar.
Suspirei e tomei a água que eu havia pego na geladeira.
- Amanhã estou indo para Londres. Vou ficar duas semanas. - se levantou e me abraçou. Concordei sem falar nada.
- MAMA! - Isa entrou na cozinha correndo. - A tia Soraya pode vir almoçar aqui amanhã?
Seus olhinhos transbordava de felicidade. Ao escutar o nome de Soraya, Eduardo se afasta de mim bufando e vai até a geladeira.
- No sé, mi amor. Tem que ver se ela vai estar disponível.
- Então manda uma mensagem para ela!
Eu estava nervosa com a possibilidade de ver Soraya amanhã, depois de uma semana sem vê-la. Sorri para Isa, seus olhos estavam iguais aos de cachorro que caiu da mudança. Não poderia negar isso para ela, mesmo que Eduardo não goste de Soraya.
- Todo bien, girasol. Mañana mandaremos uma mensagem para ela. - Garanti e vi seu lindo sorriso.
- Obrigada, mama! - Me abraçou. - Mas não esqueça de pedir para ela trazer a Deusdete!
Deu um beijo de boa noite em mim e em Eduardo e saiu correndo da cozinha.
- Ainda bem que eu vou viajar amanhã. - Eduardo resmungou e saiu da cozinha.
Revirei meus olhos. Não sei porque ele não gosta da Soraya, nunca me disse. Mas não quero pensar nisso agora, tenho que me preparar para amanhã. Amanhã irei ver a mulher que rouba meu sono e minha sanidade.
★★★★★★★★★
Oii, meus amores. Como vocês estão?
Eu estou começando mais essa história aqui, e eu espero muito que vocês gostem. Vai ter uma pegada diferente como puderam ver, Simone sendo chef de cozinha, e além de tudo hablando muito em espanhol. Como na fanfic original a autora trouxe o espanhol, porque a protagonista de lá é da Argentina, eu resolvi manter.
Comentem o que estão achando da história ao decorrer dela, e por favor votem nos capítulos 🤍
Caso vocês notem algum erro, seja ortográfico, seja com a troca de nomes dos personagens, ou qualquer outra coisa, peço encarecidamente que me avisem pelos comentários, assim posso corrigir.
No meu perfil tenho outras histórias também simoraya, quem quiser entrar para conferir fiquem à vontade.
Desde já um muito obrigado a vocês que estão lendo, votando e comentando. E um super obrigado para a autora jsoowr que me concedeu a permissão para fazer a adaptação dessa obra maravilhosa. ❤️
E por fim, boa leitura a todos. 🥰
VOCÊ ESTÁ LENDO
She - Simoraya
FanfictionAos 45 anos, Simone Tebet - chef de cozinha e empresária bem sucedida - sente que não tem mais controle de sua própria vida, ela não sabe se seguirá casada com quem não ama ou se entrega nesse amor intenso que sente por sua melhor amiga e colega de...