Capítulo 12: Contas a pagar

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Roma

Dei um soco violento na mesa do antigo comandante. O ataque rachou a madeira. "Merda, era uma madeira bonita." Meus aliados permaneceram em silêncio. Dandara estava com os olhos arregalados de espanto, sem saber como se comportar diante do acontecimento. Rei agora não era mais alguém que eu pudesse olhar com piedade.

— O que ele vai fazer com os olhos do selo? — Ezequiel questionou. — Pensei que pelas pesquisas do Henrique eles estavam inutilizáveis.

— Naquele dia uma magia estranha estava fortalecendo os olhos. — Diana respondeu. — Eu acredito que ele deve conseguir usá-los. Se esse garoto conseguir usar os olhos do selo e o poder da magia das sombras. Ele será uma ameaça de nível mundial assim como Heliel.

— Você disse que devia ser o Ivan que estava depositando a magia dele nos olhos — Amanda tomou a palavra. — O filho da puta não está morto!?

— Em termos de conhecimento de magia. — Bruno tomou a palavra. — Eu não conheço ninguém mais inteligente que, o meu antigo mestre. — Respondeu. — Mesmo vocês falando algo assim, eu não consigo ficar surpreso.

— O Rei então é uma ameaça para nós? — Amanda perguntou, mas o silêncio repousou no ar. A confiança neutra que alguns tinham no rapaz, e a amizade que outros nutriam, ficou abalada.

— Não. — Respondi. — Rei e Ivan só possuem um inimigo. Heliel. Independente do caminho que tomarem. Nossos caminhos não podem se cruzar. — Respirei fundo. — Ainda sim, imagino isso ser impossível.

Olhei para Dandara. A menina estava abalada. Não sabia como se posicionar. Sentava na cadeira como se quisesse sumir do recinto. Bruno a envolveu com o braço e abraçou. Sem forças para manter a postura, ela desabou em choro.

Mais silêncio.

— Eu vou trazer ele de volta. — Gael olhou para Dandara.

— Vamos. — Bruno completou.

— Eu agradeço, meninos. — Ela limpou as lágrimas. — Só que isso não é algo para a gente pensar agora.

— Exatamente. — Balancei a cabeça em afirmativo. — Conhecido ou não, tratemos Rei como a ameaça que ele se propôs a ser. Ele é um mago habilidoso, e acredito que não vá baixar a guarda. — Olhei para Bruno. — Para nenhum de nós.

— Alguma notícia sobre o Chris? — Ezequiel olhou para Diana. — O moleque morreu?

— Está se recuperando bem. — Diana não havia gostado da "piadinha" feita pelo companheiro. — Existem resquícios de magia das sombras nos órgãos dele. Isso tem dificultado a recuperação.

— Está me dizendo que esse tal de Rei foi capaz de soltar traços da própria magia para danificar o corpo de um adversário? — Sasha me olhou. — Isso não me parece algo de um mago de favela. — Engoliu a saliva. — Me desculpem pelo palavreado.

— Como eu disse. — Bruno não se sentiu ofendido. — Ivan era um ótimo professor. Principalmente para quem conseguia absorver todos os seus aprendizados. O Rei era seu melhor aluno.

Me levantei da mesa. Não sabia mais o que pautar aquele dia. Havia tido tantas conversas, discussões, diálogos cansativos. Podia não ter a certeza do que fazer naquele instante, mas tinha uma boa ideia do que deveríamos nos propor.

— Vamos parar por aqui. — Alertei. — O dia de hoje foi exaustivo. Então tudo que precisamos agora é de um momento para descansar. Acho que é mais que o suficiente para aliviarmos nossas tensões. Amanhã pensaremos em nossos próximos passos.

Sem nenhum palavreado, todos concordaram. A equipe estava exausta devido a batalhar contra Rei e a reunião na UFRJ. Era impossível tomar qualquer atitude de cabeça quente.

DEUSES DE SANGUE - VOLUME 2Onde histórias criam vida. Descubra agora