Capítulo 3

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Meu sonho sempre foi ter uma família grande numa casa grande e acolhedora, cercado por grama verde e cerca branca com um balanço grande na varanda. Era exatamente isso que eu estava vendo. Algo em meu peito apertou enquanto eu olhava para a casa dos meus sonhos ainda dentro do carro.

— Tá tudo bem? — perguntou Jeon ao meu lado.

— Eu moro aqui?

— Ahm, sim. A gente comprou e reformou, acho que foi uma boa escolha.

— Você tá me dizendo que eu moro na casa dos meus sonhos?

Ele sorriu e acenou.

Saí do carro dando de cara com o jardim, ele era bem organizado, tinha uma roseira grande em casa lado e margaridas e crisântemos coloridos. A estrada para a entrada da casa era de pedra, assim como a estrada para a garagem. Ao entrar na casa me deparei com uma sala de estar aconchegante, sofá marrom grande, poltronas e uma mesa de centro com flores, na parede um quadro do que parecia ser a minha família, Jungkook com Soobin no colo, o pequeno sorriu fofo e eu estava com o Sunwoo ainda recém nascido. Continuei a andar até ver a cozinha e a sala de jantar, ela está interligada à sala de TV, este cômodo tinha brinquedos espalhados. Sorri.

— Aqui parece ser o tipo de coisa que sempre imaginei ter. — eu disse baixinho.

— Foi você que escolheu tudo. — disse Jungkook ao meu lado — Tudinho mesmo.

Olhei para ele.

— Ué, você não escolheu nada da decoração?

— Esse não é meu forte, mas eu gosto da casa como é.

— Hummm.

— Onde estão as crianças?

— Com minha mãe, eu contei a ela um pouco do que tá acontecendo.

— Ah, ok.

Eu sempre detestei o Jungkook desde criança, mas os pais dele são pessoas adoráveis e tenho certeza que vão cuidar bem dos netos.

— Eles ainda estão casados? — perguntei.

— Sim, são dois românticos incuráveis.

— O que tem no segundo andar? — perguntei novamente.

— Por que não sobe lá pra ver? A casa é sua, afinal de contas.

O andar de cima era tão bonito e tinha aquele ar de tranquilidade e aconchego que eu sempre quis. Uma porta levava a um banheiro, outras duas próximas são os quartos dos meninos que era a coisa mais linda do mundo e tinha o cheirinho deles. Já o último quarto foi o que eu acordei, a cama estava arrumada, as janelas abertas deixando as cortinas brancas esvoaçando.

Engoli em seco quando senti uma mão pousar levemente na minha cintura.

— Alguma lembrança? — perguntou Jungkook.

— Nada. — eu disse — Mas tenho a sensação que já estive aqui. Antes de hoje de manhã, digo.

— É. — suspirou se afastando — Você esteve aqui nos últimos cinco anos.

— Então o Soobin nasceu um anos depois de nos mudarmos. — concluí.

— É. — ele ficou pensativo antes de dizer — Ele foi feito na bancada da cozinha.

Me virei incrédulo para ele por ter dito tal coisa como se fosse a coisa mais comum do mundo, porque para mim não era.

— Isso é coisa que se diga?

Ele encolheu os ombros e disse:

— Ué, mas foi verdade e vai que você lembra de mais alguma coisa?

— Sua mente só pensa nisso?

— Em você recuperar a memoria ou em sexo?

Revirei os olhos

— Pelo amor de deus garoto!

Saí pisando duro até o andar de baixo com um Jungkook resmungando ao meu encalço. Eu não podia simplesmente mandá-lo embora, por mais que quisesse. Olhando por todo canto da casa podia ver claros sinais de que eu realmente morava naquele lugar e que ele realmente não mentiu quando disse que era meu marido.

Agora sentado em um dos bancos encostados no balcão americano fico pensando em como minha vida mudou para eu ter me casado com esse traste, mais cedo ele mostrou as fotos da cerimônia, da lua de mel e coisas assim. Era estranho admitir que tudo isso é a mais pura verdade.

O quanto eu mudei?

Quer dizer, hoje me sinto como se ainda fosse um adolescente que odeia a vida e quer ir embora das casas dos pais, mas eu sou um homem adulto com trinta anos, casado com a pessoa que eu jurei odiar.

Olho para Jungkook na cozinha falando sobre como foi divertido nossa lua de mel nas Bahamas e como ele e eu esquecemos o protetor solar um dia e pagamos muito caro sobre isso. Pareceu ser uma viagem divertida e que poderíamos fazer em família... Espera o que eu estou pensando? Cobri meu rosto com minhas mãos e estava tão sobrecarregado de informações que eu senti que iria pirar.

Mas antes que qualquer coisa acontecesse Jungkook veio e segurou minhas mãos e as tirou do meu rosto devagar.

— Ei, ei, tá tudo bem?

— Ahm? — me senti meio desnorteado — Só é muita coisa pra absorver.

— Ah, bem, acho que sim. — ficou sem graça — Falei demais não é?

— Por incrível que pareça não é sua culpa. Agora me fala sobre esse acidente.

— Ah, na verdade você não falou muito sobre ele também.

— Eu estava sozinho?

— Sim, desde então você não quis mais dirigir. Foi um caminhoneiro bêbado que bateu no seu carro. Era pra ser uma coisa grave, mas você só tinha um pequeno arranhão na testa. Você fez todos os exames e tava normal, os médicos disseram que foi muita sorte sua.

— E o motorista?

— Ficou preso, descobriram que ele tinha mais passagens pela polícia por dirigir embriagado.

Percebi que ele ainda segurava minhas mãos e que estava muito próximo. Essa curta distância me fez ver como ele parece bonito agora adulto, suas expressões mudaram de um pirralho para um homem, os cabelos meio longos, as tatuagens pelo braço e pescoço... Sua boca tão vermelhinha e com lábio inferior carnudinho.... Não sei dizer, mas ele parecia um homem feito e que homem...

— Esse momento é cedo pra te beijar? — perguntou ele me tirando do transe e me afastando.

— É, além do que eu quero ver as crianças, não sei se é algo no meu sub ou inconsciente, mas tenho a necessidade de estar perto deles.

— Claro, claro. Vamos buscá-los. De qualquer forma o Sunwoo deve tá enjoado, ele nunca fica muito tempo sem você.

De Repente 30Onde histórias criam vida. Descubra agora