Capítulo 8

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Eu não fazia ideia para onde estávamos indo então apenas seguiu as recomendações do Jeon e coloquei uma roupa confortável. No meio do caminho abri a janela do meu lado e deixei o vento vir em minha direção soprando meus cabelos que estavam até longos para o que eu costumava ter. Fechei os olhos e me veio aquele sorriso em mente, aquele sorriso alegre e cheio de vida com gargalhadas de criança. Era como um dia de verão e Jungkook estava jogando um Soobin para cima que gargalhada de um jeito infantil e fofo, as tatuagens ainda eram poucas em seu braço, seus cabelos estavam loiros e admito que ele ficou bem assim.

— Ta feliz?

Jungkook me tirou dos devaneios, ele estava com uma mão no volante e a outra na minha coxa, ele tinha atenção na estrada, mas deu uma olhada furtiva para mim.

— Sim.

E realmente estava, essa lembrança me parecia de uma felicidade tão genuína que aqueceu meu coração.

— Estava sorrindo faz um tempinho. Pensando em algo bom?

— Sim. — olhei para ele e sorri ainda mais — Algo muito bom.

— Pode compartilhar comigo?

— Um dia de verão e você e Soobin estavam brincando. Acho que nosso Sunwoo ainda não tinha chegado porque não me lembro dele.

— É bem provável, tivemos muitos passeios com o Soobin desde que ele nasceu.

— Fazemos isso com o Sunwoo também?

— Bem, não tanto quanto gostaríamos, mas sempre passamos momentos em família, nós quatro.

— Isso é bom, fazer lembranças.

— Sim, temos muitas.

Apesar do sorriso jovial em seu rosto eu pude notar uma pitada de amargor em sua voz. Era bem possível que eu estivesse certo, a vida dele foi mudada do dia para a noite por conta das lembranças que se esconderam em minha mente.

— Bem, sempre há tempo para fazer outras.

Senti a necessidade de tocar em sua mão e assim o fiz. Ele olhou para mim surpreso.

— Não me olhe com essa cara de bobão. — eu disse — Isso não é uma declaração de amor e presta atenção na estrada.

Ia tirar minha mão de cima da dele, mas Jungkook a prendeu entre seus dedos. Olhei pela janela do meu lado e por algum motivo não pude conter o sorrisinho que se formou. O tempo foi passando e quando notei estávamos em um tipo de restaurante ao ar livre.

O lugar era lindo.

— Já estive aqui antes! — eu disse maravilhado com a sensação de familiaridade.

— Sim. — disse o Jeon rindo — Viemos muito aqui para os encontros e almoços de domingo. Achei que deveria te trazer aqui e acho que estava mesmo certo. Agora vem, vamos entrar. — estendeu a mão para mim e eu a segurei olhando tudo ao redor como uma criança.

O restaurante era como se fosse num pequeno paraíso do centro da cidade. Verde, havia passarinhos cantando, um pequeno lago artificial no centro e árvores de menor porte trazendo para o lugar um ar intimista. Logo um garçom veio nos atender. Jungkook falou com ele e fomos guiados até uma mesa. Quando abri o cardápio sabia o que pedi. Assim que o garçom saiu com nossos pedidos Jungkook disse:

— Você sempre pede a mesma coisa.

— Bem, talvez algumas coisas sempre devem permanecer como são.

— É, espero que algumas coisas nunca mudem.

— Como?

— O jeito bobo que você costumava olhar para mim quando eu fazia alguma coisa que te agradava.

— Você que me olha assim! — o acusei como se fosse uma competição.

— Eu? — se fez de sonso — Eu nunca faria uma coisa dessa!

— Hoje você só faltou deixar esses seus olhos caírem!

Ele riu franzindo o nariz.

— É porque desde o momento em que eu percebi que te amava não consegui disfarçar. — bebeu água olhando para o lado.

— E quando foi isso?

— Ah... — notei ele meio envergonhado — Foi quando você quase namorou uma pessoa que não quero contar e aí eu fiquei com muito ciúmes e estraguei um encontro de vocês. Te beijei esse dia.

— Oh Então quer dizer que você é o ciumento aqui?! — brinquei.

— Entenda meu lado, eu havia notado que estava perdidamente apaixonado e você mal dava bola para mim, só pro intercambista.

Para lhe provocar eu perguntei:

— E como era esse intercambista?

O olhar que ele me lançou cheio de raiva e indignação me fez rir e então ele notou que eu o estava fazendo de bobo e relaxou os ombros suspirando.

— Pra sua informação você que veio atrás de mim depois disso.

— E por que?

— Você queria saber o por que de eu ter te beijado.

— E o que você disse?

— A verdade, é óbvio.

— E como eu reagi?

O garçom chegou com nossos pedidos e Jungkook continuou a contar sobre as coisas das quais eu não me lembro, mas de alguma forma eu sentia familiaridade com sua fala.Saber que uma parte de mim lembra dessas coisas me trouxe um alívio sem tamanho. Quando notei era fim da tarde e estávamos andando devagar pela calçada da nossa casa. Eu podia ouvir daqui Soobin gargalhando com o avô, pai de Jungkook.

— Eu me diverti hoje.

Comecei a lhe dizer. Ficamos de frente um para o outro, segurei sua mão enquanto olhava para aqueles olhos negros que brilhavam mais que o universo. Senti uma vontade de saber como era beijá-lo nesse pôr do sol e assim o fiz. Colei nossos lábios fechando os olhos e ficando na ponta dos pés.

O beijo não teve urgência, nem luxúria. Foi calmo e doce, quase como um experimento muito bom. Quando me afastei ele me olhou atônito.

— O que foi isso? — perguntou.

— Só queria saber como era e fiz.

— Pode fazer isso sempre que quiser, mas só se sentir à vontade mesmo, não quero que se sinta mal depois.

— Relaxa Jeon.

— Olha Yoon, eu também me diverti hoje.

De Repente 30Onde histórias criam vida. Descubra agora