0 - Prólogo.

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⚠️ Gatilhos: agressão física, ameaça.

As cenas onde contém os gatilhos vão estar sinalizadas com ⚠️ caso queiram pular.

...

"Senhor Jesus, suplicamos a tua cura para este jovem. Rogamos que cure tudo nele que necessita de cura, que elimine qualquer obstáculo entre ele e tua graça. Cure sua memória, seu coração, suas emoções, seu espírito, seu corpo e sua alma. Com suas mãos suaves, conceda-lhe a cura por meio de teu amor por nós."

Ajoelhado no chão com os olhos cerrados, Jeongin sentiu cada palavra penetrar profundamente o seu peito, como todas as outras vezes. Em quatro longos anos, ele não havia aprendido como aliviar essa dor, a humilhação persistia, sempre vergonhosa e injusta perante todos.

Ao escutar o coro de "amém", levantou-se com o olhar fixo no chão, retornando ao banco onde sua família estava sentada. Visitavam aquele lugar apenas duas vezes por semana, dois dias em que encenavam ser uma família perfeita, esquecendo-se de que em casa, praticavam tudo o que era condenado naquele local sagrado.

Jeongin permanece em silêncio até o final daquele culto, enquanto o olhar de Chaeryeong repousa constantemente sobre ele, cheio de impaciência e preocupação. Assim que entraram no carro para retornar à Casa Azul, finalmente ela o abraça, recebendo um olhar de reprovação do pai, que nega com a cabeça e volta a fitar a janela.

O trajeto de volta é como de costume, silencioso e desconfortável. Mesmo sem a permissão do pai, Chaeryeong não solta Jeongin por um segundo sequer, ela o acompanha até seu quarto quando chegam em casa, sentando-se na cama do irmão, que parece não ter energia suficiente para formular uma frase.

- Isso é frustrante. - Ela murmura, tirando o sobretudo que usava - Não é justo.

A cabeça de Jeongin latejava, e ele precisava deitar e dormir, mas antes disso, precisava de um banho quente e relaxante para aliviar a tensão em seu corpo.

- Eles querem o nosso bem. - Sua voz sai quase como uma resposta automática - Não pense demais nisso, são apenas dois dias na semana.

- Jeongin?! - Ela questiona, desacreditada - O que você está dizendo?!

Chaeryeong levanta da cama e dá passos rápidos até o irmão, puxando-o pelos ombros.

- Isso não é para o nosso bem, nunca foi.

Mesmo sem acreditar plenamente, Yang assente e sorri pequeno para a irmã, tentando demonstrar que estava tudo bem. Ele a envolve em um abraço apertado e faz um carinho suave em seus cabelos, ela era a única coisa que o mantinha ali.

- Preciso dormir, e você também precisa.

Ele murmura sem se afastar, apenas querendo ficar assim por um tempo.

- Você nem jantou ainda.

- Comi antes de sair de casa e não estou com fome agora, mas vá jantar e me mande uma foto comendo, quero ter certeza de que você está se alimentando direito.

Chaeryeong ri e faz cócegas leves nas costelas do irmão, que finalmente a solta com um sorriso maior no rosto. Seus pais sempre foram ocupados, parecendo estar disponíveis apenas para oprimir ou reclamar com eles. Sua mãe ainda conseguia arranjar um tempo para Chaeryeong, mas, ao ver o que faziam com seu irmão, ela mesma optou por se afastar.

Eram só eles dois um pelo outro, e Jeongin faria de tudo para cuidar e proteger a mais nova, para que ela não acabasse como ele.

Quando a irmã deixa o quarto, Jeongin tranca a porta e segue até o banheiro, deixando suas roupas espalhadas pelo quarto. Demora cerca de trinta minutos no chuveiro, com a cabeça embaixo d'água, acreditando que quanto mais a água caísse, mais o peso em seu corpo se dissiparia, mesmo que acreditar naquilo parece um tanto ridículo. Em seguida, fecha as janelas do quarto e liga o ar-condicionado, por fim, se joga na cama, vestindo apenas um short de pijama e uma blusa folgada, ele pega o celular, verifica as mensagens de Chaeryeong e sorri ao ver as notificações na tela.

Treacherous | Jeongchan Onde histórias criam vida. Descubra agora