XXIII

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Era impossível negar que sair de casa ainda parecia um pouco assustador. Com as mãos nos bolsos e a cabeça baixa, Bangchan caminhou calmamente até o mercado mais próximo. Apesar de ainda não estar completamente seguro, as coisas haviam dado uma acalmada significativa.

Ele olhou para o relógio, checando o tempo para não se atrasar e deixar Jeongin preocupado. Não demorou muito ali, aproveitando para comprar quase todo o estoque do chocolate preferido do mais novo. Era bom sentir o vento em seu rosto. Por mais que tivesse inúmeras preocupações, era indescritível andar sabendo que não havia mais ninguém para machucá-lo, que aquilo tudo tinha finalmente acabado.

Atento a tudo ao seu redor, chegou em casa rapidamente, equilibrando as sacolas em um dos braços para abrir o portão com mais facilidade. Subiu as escadas assobiando uma melodia qualquer e passou pela porta.

– Amor, tô em casa! – Ele falou um pouco mais alto da sala para que Jeongin conseguisse escutar do quarto. Talvez isso o fizesse levantar um pouco. Ainda assobiando baixinho, Chan foi até a cozinha, mas quando chegou, sentiu o mundo inteiro parar ao ver Jeongin desacordado no chão.

As compras caíram de seus braços, tornando-se a última coisa que importava no momento. Ele correu até o namorado, segurando-o em seus braços e verificando se estava machucado. Seu coração disparou, cada batida parecia ensurdecedora. Ele segurou Jeongin com cuidado, tentando desesperadamente acordá-lo.

– Jeongin, amor, acorda! – sua voz estava trêmula, quase sufocada pelo pânico, ele procurou rapidamente pelo celular em seu bolso, nesse momento, seu corpo inteiro já estava tremendo — A-ambulância, vai ficar tudo bem…

Murmura enquanto tenta com uma mão só digitar o número em seu telefone, mas nesse meio tempo, Jeongin que agora estava entre suas pernas no chão da cozinha, começa a se mexer. Chan solta o celular rapidamente, segurando o rosto do mais novo entre suas mãos — Jeongin?!

Parecendo um pouco zonzo, o rosto de Jeongin logo se torna choroso, ele nega com a cabeça e se encolhe contra o corpo de Chan, agarrando o tecido de sua blusa com força.

— O que aconteceu? O que tá acontecendo comigo?

— É o que eu quero saber, amor… — Chan praticamente sussurra, ainda assustado com o que estava acontecendo — Eu cheguei e você estava… merda, Jeongin, vem aqui.

Ele puxa o mais novo até que ele esteja sentado em seu colo, podendo abraçá-lo com facilidade, dando espaço para Jeongin esconder o rosto em seu pescoço.

— E-eu ouvi um barulho… — sua voz estava fraca — Parecia u-um tiro, então… eu entrei em pânico, e-eu-

— Eu entendi, meu amor, eu entendi, tá tudo bem, eu tô aqui. — Chan afaga os fios de Jeongin, seus olhos encarando o nada, sua mente distante — Eu trouxe seu chocolate.

— Eu não quero.

— O que eu posso fazer pra te deixar melhor?

— Só… fica comigo. — Jeongin arrasta a mão em seu peito, pressionando a palma contra seu coração, respirando com mais calma ao sentir as batidas em sua mão — Fica comigo.

— Eu nunca vou sair de perto de você.

Jeongin assente, fechando os olhos que já estavam pesados — Eu quero dormir.

— Vem, eu te levo pro quarto.

Depois que Jeongin dormiu, Chan voltou para a cozinha, e com um suspiro pesado, ele começou a guardar tudo que estava jogado pelo chão, organizando os itens nos armários. Cada segundo que passava parecia piorar o nó gigante que se formava em sua garganta, e ele sabia que precisava fazer algo antes de entrar em colapso.

Treacherous | Jeongchan Onde histórias criam vida. Descubra agora