VII

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⚠️ Gatilhos: Idealização suicida, episódio depressivo.

As cenas onde contém os gatilhos vão estar sinalizadas com ⚠️ caso queiram pular.

...

[ Atenção ⚠️]

Após quase se arrastar de volta para o quarto, Jeongin não se deu o trabalho de trocar de roupa ou tomar um banho, ele queria se livrar da sujeira que sentia por dentro, não do suor na pele.

A angústia havia secado suas lágrimas, deixando apenas uma dor perfurante em sua cabeça. Deitado na cama, ele olhava para o teto perdido em pensamentos sobre o que tinha feito com Chan. A expressão magoada, surpresa e assustada do homem ainda atormentava sua mente, assim como a voz decepcionada.

Jeongin sabia que costumava causar decepção nas pessoas à sua volta, e isso o destruía.

Um.

Dois.

Três.

Três longos dias de caos em sua mente se passaram. Ele mal comia, raramente saía do quarto e evitava a companhia de Chaeryeong, que tentou passar algum tempo com ele, mas sua presença parecia intensificar o peso que ele carregava.

Sua irmã ficaria magoada se soubesse tudo que tinha falado, pensado, gritado de modo tão agressivo no rosto de Christopher.

Jeongin não sabia ao certo como conseguia continuar respirando. Talvez fosse sua própria covardia que o impedia de desistir de tudo de uma vez, ele não queria tornar o inferno da sua vida também o inferno de sua irmã, então se via obrigado a aguentar, a suportar o peso de suas próprias ações.

Sabendo que os pais haviam saído e que Chaeryeong estava na casa de Ryujin, Jeongin sentiu uma espécie de alívio por ver as duas garotas tão próximas e felizes. Era reconfortante saber que sua irmã estava bem, mesmo que ele não se sentisse assim.

Reunindo forças, ele se levantou e foi até o banheiro, olhou para o espelho, onde o reflexo o encarava com um misto de auto aversão e tristeza. Mesmo detestando o que via ali, Jeongin se forçou a encarar seu próprio rosto para fazer a barba e lavar o rosto após o banho.

Do lado de fora, o clima estava frio, ele se vestiu com uma blusa branca sob um suéter colorido em vários tons de verde e cobriu as pernas com uma calça grossa. Jeongin arriscou sair de seu quarto, um passo pequeno depois de todos aqueles dias, e se dirigiu até a cozinha.

Lá, ele olhou a dispensa cheia de doces tentadores e sacudiu a cabeça, se recusando a ceder à tentação. Naquele momento, sentia que não merecia o prazer de seus doces favoritos, talvez, quando se sentisse melhor, pudesse voltar a aproveitá-los, mas até então, Jeongin estava disposto a privar a si mesmo daquele pequeno prazer.

Jeongin preparou um chá verde e o tomou com alguns biscoitinhos agridoces, buscando algum tipo de conforto. Fazendo essas coisas básicas para sobreviver, o garoto sentiu que até mesmo essas tarefas cotidianas eram extremamente exaustivas. Uma vontade avassaladora de chorar parecia se acumular em seu peito.

Após a refeição simples, ele decidiu se mover e caminhou até uma das salas que costumava estar vazia na maior parte do tempo. Era lá que Jeongin guardava uma das coisas mais preciosas para si, algo que não recebia a atenção devida há muito tempo.

Ao abrir as duas portas de uma só vez, se deparou com o piano branco, enfeitado com detalhes dourados, situado no centro daquela sala espaçosa. A luz da lua que entrava pela janela atrás do instrumento criava uma atmosfera acolhedora, iluminando o cômodo de maneira suave.

Treacherous | Jeongchan Onde histórias criam vida. Descubra agora