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Dormir. Dormir era só o que ele queria. Uma noite tranquila onde os pesadelos não chegassem até ele, uma noite onde os braços de Bangchan, como antes, impedissem que qualquer coisa ruim o atingisse. Mas aqui estava ele, acordando mais uma vez com a sensação incômoda da camisa suada colada em seu corpo, aqui estava ele, acordando sem conseguir respirar após reviver a pior noite da sua vida mais uma vez. 

Jeongin sentia cada mínima parte do seu corpo tremendo, uma sensação estranha que chegava até mesmo aos seus músculos, ele também sentiu frio, e então percebeu que os braços que deviam estar ao redor dele não estavam ali. O moreno abriu os olhos rapidamente, tocando o lado vazio da cama com certo desespero.

Sozinho. Ele não queria ficar sozinho.

Jeongin tropeçou nos lençóis quando correu para fora da cama, sentia dificuldade para respirar, onde estava Chan?!

Ele desceu correndo as escadas, aquela casa ainda era uma novidade para ele porque, depois de tudo, era perigoso demais que todos os envolvidos no incidente ficassem em suas próprias casas. Tudo havia mudado, tudo estava diferente.

Jeongin estava prestes a chamar pelo namorado quando viu a luz da cozinha acesa, ele andou até lá rapidamente e deixou o corpo relaxar, aliviado ao ver as costas nuas do homem em sua frente. Em silêncio e com lágrimas acumuladas nos cantos dos olhos, Jeongin se aproximou, sentindo o corpo de Chan dar um leve salto de susto quando foi abraçado por trás. Ele passou gentilmente os braços pela cintura do mais velho, deitando o rosto em seu pescoço e respirando fundo o seu cheirinho natural.

- Acordou de novo, amor?

Chan pergunta baixinho, Jeongin vê uma faca em sua mão esquerda e uma maçã partida na direita, vê também o momento que o homem larga as duas coisas no balcão e se vira para ele.

- Senti sua falta.

Jeongin se afunda no corpo de Chan, que rapidamente o abraça de volta, rindo fraquinho pelo nariz.

- Tá tudo bem?

O homem mal termina de falar e tem um Jeongin assentindo freneticamente contra sua pele.

- Sim, tudo bem. - O tremor em seu corpo era óbvio, no entanto, ele torcia para que o mais velho não percebesse - Eu tô bem, tá tudo bem, a gente tá bem, Chan, a gente tá bem.

Ele sussurra diversas vezes, sentindo o namorado apertar ainda mais seu corpo em um abraço. Jeongin fecha os olhos, ficando em silêncio para ouvir e sentir o coração de Chan bater contra seu corpo, porque Chan estava vivo, Chan estava ali, eles estavam bem.

- Você sabe que… Não precisa estar bem, não sabe? - fala baixinho, se afastando apenas para segurar o rosto de Jeongin com uma suavidade que só existia em seu toque - Você pode falar comigo.

- Eu tô falando com você, eu tô bem. - Repete com os olhos fechados, se inclinando até encostar a testa na do namorado - Só não fica longe de mim.

- Nunca, meu amor. - sussurra de volta, deixando um selinho leve nos lábios de Jeongin - Vem, você precisa dormir.

Os círculos roxos ao redor dos olhos de Jeongin eram visíveis, até mesmo sua expressão parecia ter mudado, sempre alerta, sempre assustado. Há dois meses, Chan havia praticamente morrido em seus braços, e há dois meses, Jeongin tentava convencer a todos de que ele estava perfeitamente bem, que lidar com aquela situação seria a mesma coisa de lidar com as outras.

Seu pai estava morto. Eles estavam vivos, estavam livres, então por que?! Por que ele não conseguia ficar verdadeiramente bem?

Já na cama, Jeongin se deita sobre o peitoral de Chan, com o ouvido colado em seu peito, respirando fundo ao ouvir seus batimentos e, de certa forma, combinando sua respiração com eles - Quando a gente vai poder ir embora? Eu pensei que a gente ia conseguir resolver tudo mais rápido.

Treacherous | Jeongchan Onde histórias criam vida. Descubra agora