ONE SHOTS DOVESSO

Desejos

Tentando escrever Dovesso. Peço que comentem kkkk, incentivem essa pobre autora. E esse episodio será dividido em dois já que ficou com mais de 5 mil palavras. O primeiro para vocês compreenderem o que esta acontecendo com Lesso e o segundo... bom o segundo vocês já devem imaginar. Se o capitulo for bem recebido no domingo posto a parte dois. 

Boa Leitura meus  diabinhos

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Lady Lesso

Olhei para o pêndulo do relógio, marcando impiedosamente o início de uma nova madrugada, meia-noite e um. Respirei fundo, sentindo a pulsação martelar em minha cabeça. Dizer que o dia havia sido cansativo seria um eufemismo generoso. Meus olhos se desviaram para a pilha de trabalhos a serem corrigidos, e outro suspiro escapou dos meus lábios. "Céus, eu preciso de álcool para suportar essa noite", pensei, ciente de que essa era a única forma de resistir à exaustão iminente.

Caminho em direção à garrafa de Whisky, com a esperança de que aquele gole pudesse aliviar a tensão que se acumulava em meus ombros. Mas antes que eu conseguisse alcançar o aparador, a porta do meu escritório rangeu. Virei-me rapidamente para encarar a fonte do som, e então, uma luz etérea e fumegante preencheu o ambiente.

Um flash roxo rasgou o ar, e a intensa luz invadiu o escritório, senti meus olhos arderem com intensidade, e por reflexo, fechei-os, uma sensação de temor percorrendo minha espinha. A sensação de terror crescia a cada segundo.

Algo escorreu por entre meus lábios e garganta, uma substância viscosa e soturna que me fez estremecer o gosto amargo e ácido invadiu minha boca. O sabor de ferrugem, metálico e perverso, grudou em meus lábios e língua, como se eu estivesse lambendo o próprio desespero.

A dor, profunda e indescritível, toma conta de mim. Como se mil agulhas invisíveis perfurassem minha pele e penetrassem até o meu âmago, gemi em agonia interna. Tento abrir os olhos, mas minhas pálpebras parecem seladas, como se estivessem aprisionadas. Em algum momento eu parei de lutar, de resistir.

Aos poucos, eu emergi do abismo do inconsciente, e a claridade inclemente da manhã invadiu meus olhos, arrancando-me de um sono perturbado. Confusa e atordoada, levei algum tempo para perceber onde estava. Meu olhar desviou-se para o escritório que me rodeava, e só então as lembranças começaram a se arrastar de volta para minha mente. Estavam embaçadas, fragmentadas, como se fossem pesadelos fugazes. Tudo o que eu consigo recordar é daquele gosto estranho nos lábios e a sensação sufocante da escuridão.

O escritório em um estado de caos, com papéis e livros espalhados, como se uma tempestade tivesse varrido o local. E então, algo mais chamou minha atenção. Eu me sentia estranhamente bem. Levantei-me da cadeira com uma facilidade que nunca experimentara antes. Sem a necessidade de apoiar-me na bengala. Sem dor latejante em minhas pernas, como era de costume após noites insones de trabalho.

Com passos hesitantes, caminho em direção ao espelho no canto oposto da sala. Meus lábios manchados de vermelho, um tom escuro e quase marrom, que descia da minha boca até o queixo. Olhei para a minha camisa social, antes imaculada, que agora exibia manchas semelhantes. Sangue. Era inconfundível. E aquela sensação, assustadoramente boa.

Olhei para a bengala caída no chão, percebendo que minha perna não emitia mais a familiar dor aguda de toda vez que caminho. Uma sensação extraordinária, algo que eu não experimento há muito tempo. Incrédula, dei um chute no ar, desafiando minha própria perna a doer, mas nada aconteceu. Minha perna está realmente boa.

Voltei meu olhar para o reflexo no espelho. Algo estava claramente diferente, algo que transcendia a melhora da minha perna. Era como se o mundo ao meu redor estivesse tingido de um matiz misterioso. Não lembro de nada da noite passada.