Tempestade

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Então, Feliz Páscoa e boa leitura!

Se gostarem, faço parte dois.

beijinhos, comentem.

Perdoe os erros, o capítulo não foi revisado

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Quando criança, Clarissa fora instruída a temer as bruxas; Mulheres malévolas, perversas, cujo exterior refletia a corrupção de seus corações: vozes esganiçadas, aparência horripilante, narizes pontiagudos e rostos sulcados por rugas. Era-lhe ensinado a manter-se longe delas, a fugir de sua presença como se fosse uma sentença de morte.

"Sabe o que as bruxas mais detestam?" - Certa vez, sua tia materna perguntou. Clarissa, com seus tenros seis anos, curiosa, mas também tomada por um certo receio, balançou a cabeça negativamente, recusando-se a responder em voz alta.

A resposta veio em seguida, tingida de uma aura de advertência: "Elas detestam crianças, mas odeiam principalmente donzelas que são puras." Cada palavra ressoava em sua mente, carregada de um peso sinistro.

Recordava-se das noites como a atual, em que a chuva caía torrencialmente martelando contra os vidros, os raios iluminavam o quarto e os trovões sacudiam a terra. Na infância, ela se encolhia sob várias mantas, temendo que alguma bruxa malvada adentrasse pela janela e a arrastasse para um destino sombrio, sua pele servindo de banquete. Porém, na vida adulta, uma atmosfera diferente substitui o terror infantil. Em vez de temer a presença das bruxas, Clarissa aguarda pela presença de uma em particular, esperando-a para o jantar.

Afinal, nada do que aprendera sobre bruxas na infância se aplicava à figura que esperava. A mulher em questão era uma visão de beleza divina, como se seu corpo houvesse sido moldado pelos próprios deuses para emular um anjo. Sua voz era suave como o veludo, sua pele imaculada, sem qualquer sinal de idade.

Clarissa se pegou imaginando o que seria ter Lady Leso, deslizando furtivamente pela janela de seu quarto, consumindo-a... sedenta para devora-la. Ela imaginou um cenário em que Lady Leso a despertaria, pressionando seu corpo contra a cama, seus lábios sussurrando todas as perversidades que fariam juntas. Ou talvez, em um devaneio mais sombrio, Clarissa já estivesse desperta e Leonora, com um movimento sutil de sua mão lançava um feitiço sobre ela, obrigando-a a obedecer a cada um de seus caprichos.

Um trovão abalou a torre, fazendo-a estremecer. Clarissa piscou, assombrada pelo rumo de seus pensamentos. A loira engoliu a seco, tentando controlar a respiração após o susto, mas pior ainda foi tomar consciência de seus devaneios. Seu rosto esquentou, enquanto questionava a si mesma como poderia pensar esse tipo de coisa, especialmente sobre Lesso? Ela estava deturpando completamente uma narrativa da infância com seus desejos...Era isso que ela desejava? A loira riu tragicamente, culpando o cansaço por mexer com sua cabeça e senso de realidade.

As últimas semanas haviam sido desafiadoras, e o fato de agora praticamente morarem juntas na torre do Storian apenas intensificava a complexidade da situação. Afinal, agora elas eram diretoras da escola e haviam se mudado para a torre. Não poderiam deixar Storian desprotegido. "Vocês são a melhor opção para ocupar a torre", foi o que Emma disse na reunião do conselho, logo após a batalha contra Rafal. "É o perfeito equilíbrio, bem e mal juntos." Isso aconteceu há dois meses atrás. O conselho, exceto a fada e Leonora, votaram a favor da ideia de Anemona de forma unânime, escolhendo as duas para ficarem na torre. Se Clarissa queria algo para culpar por seus devaneios, esse alguém era Emma Anemona.

Ela lembrava perfeitamente da reunião em questão, da forma como Emma sorriu enquanto fazia suas colocações. A fada olhou para Leonora, aguardando que ela recusasse, mas não houve reação. Lesso raramente demonstrava algo além de indiferença ou raiva. Logo após a reunião, a loira foi para o quarto, acompanhada pela mais nova chefe do departamento de História Mágica, vulgo Emma. Clarissa sentia-se nervosa enquanto separava o que precisava levar imediatamente, enquanto Emma parecia divertir-se às suas custas.

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