14 - Jogos Perversos

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Henry Fox'es Point of view.

- Henry, você deveria vir! Sabe que papai sente sua falta. — ouvi a voz de Beatrice tentando me repreender do outro lado da linha.

- Eu não posso ir, tem ideia de como sou ocupado?

- Você sabe o estado dele, além de que já tem meses que não vem nos visitar.

- Bea, por favor. Não é fácil para mim, e você sabe.

- Você precisa aprender a lidar com isso, Henry. Nós aprendemos e você pode aprender também.

- Eu não posso!

- Você pode sim, cala a boca. E venha esse final de semana, nós vamos fazer a festa de aniversário dele, e tenho certeza que ele gostaria de ter você aqui.

Respirei fundo, tentando me acalmar. Já fazia meses que eu não os via... não que eu não sentisse vontade de estar com minha família, mas era um tanto complicado ficar com eles e, além disso, tinha muitos compromissos para cuidar. O que era uma boa tática para fugir desses encontros. Mas pelo visto, dessa vez eu não escaparia, Beatrice estava decidida a me fazer ir.

- Eu vou pensar, ok? Quem sabe no final de semana eu apareço aí. — falei me rendendo a sua insistência.

- Pense com carinho, ou não. Mas venha. Farei seu bolo favorito.

Sorri ao lembrar o quanto Bea e eu éramos unidos, apesar de mais nova, minha irmã sabia muito bem da vida. Já tinha passado muita coisa nessa vida, hoje era bem mais madura que a média de sua faixa etária.

- Vai mesmo fazer? - perguntei sorrindo.

- Sim, estou com saudades de você, Hen. - Seu tom de voz era melancólico, me provocando um aperto no peito, em saudade de estar junto dela.

- Eu também estou com saudades, pequena. - Ouvi a respiração dela do outro lado da linha, compassada e calma - Eu preciso desligar, está bem? Pode me ligar quando quiser.

- Tudo certo, vou esperar você aqui esse final de semana.

- Tenha uma boa noite, Bea.

- Boa noite, Henfy - sorri ao lembrar a forma como ela costumava me chamar desde pequena.

Desliguei a ligação, deixando o aparelho de lado. Ligações ou encontros com minha família sempre me deixavam meio melancólico. O que eu odiava... era complicado se sentir tão frágil, não era de minha natureza, não mais. Fechei os olhos me encostando no estofado de minha cadeira, tentando fazer os músculos do meu corpo relaxarem, o que não aconteceu. A essa hora eu já estava sozinho no apartamento, apenas os ruídos distantes dos carros e do movimentado trânsito em Miami preenchiam minha sala naquele instante. Levantei-me, servindo uma dose de gin com água tônica, meu companheiro de todos os dias, caminhando para enorme vidraçaria no qual eu podia ter uma linda visão da cidade completamente iluminada naquela noite.

Em certos momentos eu poderia me sentir sozinho e achar ruim. Porém em outros a solidão se preenchia com a calmaria que me fazia tão bem, pelo menos era reconfortante se sentir fora do mundo onde se tem tantos problemas e deveres. Às vezes eu apenas precisava esquecer quem eu era, quem eu deveria ser.

"Oh céus Henry, você está sozinho demais" - Pensei tomando um gole da minha bebida.

Olhei para o relógio, vendo que já estava mais do que na hora de sair, e me perder por alguns instantes no corpo do homem que eu mais desejava.

Menos de meia hora depois eu já estava entregando a chave do carro ao manobrista da Imperium. Ajeitando alguns detalhes em mim, fechei o paletó e segui rumo ao prédio. Por Deus, será que aquele lugar estava sempre lotado? O amontoado de gente na fila para comprar as entradas era enorme, mas com certo prestígio e conhecimento, eu entrei sem sequer esperar.

The Stripper (Alex & Henry - firstprince) - Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora