Capítulo 5

163 12 0
                                    

Os calafrios que percorriam minha coluna me deixavam um tanto quanto constrangida, não deveria sentir aquilo, especialmente depois de tantos treinamentos, a Sala Escarlate estava completa, todos os Compactuadores tentavam esconder sua inquietação que era clara.
-Que bom que estão todos aqui, o assunto é sério. - Adentrou ordenando, caminhou alguns passos e se sentou, tão típico do Imperador. - Os chamei aqui porque está acontecendo inúmeras rebeliões em Herkandrum, até nas partes mais remotas. É claro que não posso permitir que esses idiotas desestabilizem meu governo. - Olhou para cada um de nós, como se estivesse avaliando nossa fidelidade. - Vocês serão divididos e levados para os lugares das rebeliões, e irão liderar sua determinada equipe.- Retirou de seu colete roxo vários envelopes, os quais deslizou sobre a mesa para todos, exceto eu. - Partirão amanhã mesmo, podem se retirar. - Enquanto todos saiam, também tentei porém Lorde Pelletier me lançou um olhar inquisidor e voltei a me sentar, depois de todos se retirarem eu decidi perguntar :
- Não entendi minha exclusão da missão, por quê?
- Quero você aqui comigo, não sou louco de mandar todos os meus melhores soldados e ficar desprotegido , além do mais tenho outro serviço para você. - Não entendi aquele olhar, parecia...lascívia?
- O general pode cuidar do senhor, Imperador.- O lancei um olhar duro.
-Está decidido, quero você! Não ele.- Disse ao se levantar e direto para a porta. - Até amanhã, vejo você no Salão imperial, querida. - E assim se foi, sombrio.
Não vou ficar aqui enquanto Erison me esconde as coisas, eu vou com os outro e se ele não gostar que me puna depois.
* * * * * *
Depois de voltar aos meus aposentos, escrevi duas cartas, para os meus protegidos, não poderia ir sem os avisar do meu paradeiro e não lhes deixar nenhuma instruções caso acontecesse algo, arrumei toda a minha bolsa de viagem com tudo que eu poderia usar e me preparei para por meu plano em prática pela manhã.
Acordei cedo para não haver problemas, coloquei uma calça de couro e uma blusa preta de malha, pus minha mochila nas costas e fui direto para a plataforma de voô, alguns soldados sonolentos perambulavam e um deles me parou.
- O que você está fazendo aqui moça? - Perguntou o....soldado Alves.
- Vou para aeroplanador, fui convocada para uma missão ordenada pelo Imperador até o Bloco 5, as tais rebeliões. - Digo o encarando.
- Ah claro, me desculpe não a reconheci, boa viagem. - Diz ele todo risonho e com a mesma cara de bobo quando me vê.
Todos os aeroplanadores tem um programa de rastreamento que é conectado a torre de comando, e por isso quando o piloto desvia da rota a central logo tem conhecimento, como não quero que isso aconteça, coloco meu plano em ação, vou seguir a rota para o Bloco 5 até a metade do caminho, então reinício o programa, fazendo com que as minhas posições continuem as mesmas, eles verão as viagens gravadas de momentos anteriores.
Mesmo sabendo que isso aconteça tenho certeza que de uma forma ou de outra Erison irá descobrir.

Meus olhos varriam aquela terra assolada pela corrupção humana de séculos atrás. A terra estava sendo destruída pelo homem, nossos líderes buscavam poder sem medir as consequências, e com isso o aquecimento global, bombas nucleares, vírus mortais e desastres naturais foram aniquilando a raça humana, restando apenas pequenos grupos de remanescentes, que se fortaleceram e se uniram, juntos formaram um novo tipo de governo, elegendo somente um líder, o Imperador, para dirigir o que sobrou da terra, assessorado por outros líderes, os prefeitos, que comandavam os Blocos. Vieram muitos outros antes de Lorde Pelletier, homens justos e honrados, mas parece que sempre vai haver um que vá de contrário aos outros, sempre vai haver esperança mesmo que seja de um modo negativo.
Depois de passar por a colina da Vértice, sinaliza os limites de Herkandrun, me sinto livre de certa forma, a parti desse ponto o Imperador não manda como no centro, nem em mim, é minha oportunidade de descobrir, sair do casulo que me cerca.
Quando era pequena e passava dias sem comer por algum fracasso nos treinamentos eu ficava imaginando o dia que seria livre, o lugar onde ninguém mandasse, explorasse ou torturasse a mim. Mesmo sabendo que esse lado do mundo para algumas pessoas parece sombrio, morto e destruído, eu vejo um lugar em potencial para ser revitalizado e se tornar magnífico. Estou imersa em meus pensamentos, e não me dou conta de imediato que algo está errado com os motores, isso não e normal pois eu tenho certeza que antes de eu sai ele acabara de ser revisado, não tenho dúvidas que alguém sabotou, a ordem foi cumprida com êxito.
É extremamente difícil tentar controlar alguma coisa, tento diminuir o impacto. Aterrizo próximo ao uma pedra gigantesca abruptamente, praticamente no meio do que um dia foi uma floresta majestosa, chamada antigamente de Floresta Amazônica, trato de por minha mochila nas costas rapidamente sei que embora poucos segundos o aeroplanador estará em chamas.
Sigo em direção Norte, imagino se existe algum animal aqui como os quais eu vi em missões anteriores, nossa fauna e flora sofreu com resíduos tóxicos que ficaram das inúmeras guerras e devastação humana. Alguns seres vivos foram alterados geneticamente por conta disso, seus sentidos, tamanho, necessidade alimentar e muitos outros aspectos.
Caminho cautelosa, sinto que estou sendo seguida, tento transparecer que estou calma e desatenta quem quer que seja não é muito bom em disfarce, giro nos calcanhares para surpreender meu vigia, dou de cara com uma onça, não como as de antigamente, essa era duas vezes maior do que deveria ser e com enormes presas que saiam da boca de uma forma amedrontadora.

AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora