Capítulo 9

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Fui levada para uma sala que na sua porta havia um emblema Verde com uma cobra, ao entrarmos me deparei com algumas pessoas em leitos hospitalares, havia diversas pessoas que os atendia, estes, usavam macacão verde escuro com o mesmo emblema de cobra.
- Você ficará comigo hoje, sou médica, e como pode ver cuidamos das pessoas que necessitam de algum atendimento. Como hoje é o seu primeiro dia e não ficará aqui definitivamente você fará coisas simples, como cortar as gases, recepcionar os pacientes e esterilizar os objetos usados no dia a dia que são em sua maioria fáceis para passar pela esterilização. - Falou séria e profissional.
- Está bem, devo trocar de roupa? - Perguntei um pouco nervosa.
- Não, os macacões são para nós, que definitivamente trabalham aqui. - Disse sucinta.
Apenas concordei com a cabeça, fui para o atendimento, depois que me sentei ali as únicas pessoas que foram até mim foram os pacientes, e mesmo assim sempre com hostilidade aparente, o meu dia foi relativamente calmo não colocaram sobre mim nenhuma grande responsabilidade, ainda não era digna de confiança, no horário de almoço fomos todos para o refeitório onde logo mais cedo tomamos nosso café, comi rapidamente e fui para o meu quarto para tomar um banho e voltar para as minha tarefas, quando cheguei na ala médica e me sentei na cadeira, pensei nos vários rostos que passaram por mim, quando recebi todo seu ódio pela manhã não consegui pensar em mais nada além de desconforto. Contudo, agora comecei a perceber o motivo de todos aqueles intensos olhares.
Me lembrei de uma vez que fui ao limite dos nossos territórios para por fim em um grupo de selvagens que estava fazendo inúmeros ataques aos Blocos,  tinha apenas doze anos, me deram armas, era a minha primeira missão oficial, rastreamos o grupo e os atacamos, eles estavam dormindo, calmos em suas camas. Homens, mulheres e crianças da minha idade, todos foram alvejados. eu entrei em choque, só conseguia chorar e gritar. Minha falta de estabilidade emocional me causou punições. Fiquei uma semana sem comer, só bebia água porque Leonor uma velha senhora que cuidava da limpeza da área da detenção me dava um pouco todas as noites que passava por lá, mas uma certa noite meus carcereiros  pegaram ela. Deitaram ela no chão e puseram um pano no seu rosto, entornaram litros de água sobre ela, vi tudo com os olhos vidrados, eu nunca tinha conversado nem por uma só vez com ela, mas aquela mulher simplesmente me ajudou, e foi naquele momento que eu percebi que a morte dela estava sobre minhas mãos e eu jurei para mim mesma que nenhuma outra morte estaria sobre mim. Eu distorci o entendimento de vidas serem tiradas por minha causa, como fui hipócrita, eu matei inocentes por um homem que só me tornou em um monstro, achava que ao obedece-lo estaria salvando vidas, no entanto ceifei dezenas de sonhos, projetos e sorrisos que poderiam existir se eu não tivesse sido covarde. Me levantei abruptamente e corri com lagrimas fartas rolando no meu rosto, fui em direção ao meu quarto, não sabia como lidar com exteriorização de meus sentimentos.

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