Nesse último mês tudo havia acontecido muito rápido, principalmente neste momento, fui capturada, torturada e agora essas pessoas estavam me acolhendo. Tudo era confuso e estranho, todas ações de Liam eram diretas e incrivelmente calculistas, como se tudo já estivesse sido ensaiado. Não confiava em ninguém, porém descobriria tudo o que estavam me escondendo. Me levantei cedo, precisava organizar minhas idéias e meus planos, precisaria ser racional para analisar estas pessoas. Às sete da manhã o alarme foi tocado, as postas se abriram e deduzi que deveria me dirigir para o desjejum com os demais, setas de led revelavam o caminho, o grande refeitório era metálico e extremamente organizado em conjuntos de mesas divididas por cores. Caminhei até uma mesa vazia, todos os olhares se voltaram para mim, ignorei a todos, fingi que estava a vontade, levantei-me e fui pegar meu alimento, o ódio evidente nos olhos das senhoras que me serviam me deixou cautelosa.
Tentei comer em paz, porém era quase impossível, sentia os olhares perfurarem minhas costas, estava começando a esquecer toda a atenção indesejada quando Liam surgiu a minha frente, sentando-se e me encarando como de costume, levantei meu olhar para saber o motivo de sua presença.
- O que quer? - Perguntei rude.
- Me perdoe se não está tendo um bom dia, não é minha culpa. - Falou sucinto.
- Bom dia meu querido, dormiu bem? Pode sentar-se, fique a vontade, me dê o prazer de sua companhia. - Falei sarcástica.
- Está melhorando, só não exagere muito da próxima vez. - Ele deu uma piscadela. - Vim trazer sua ficha, todos os seus horários estão ai, como nós já estamos acostumados com a rotina achei melhor trazer isto pra você que acabou de chegar e não está habituada. - Disse sorrindo levemente.
- Obrigada, se eu conseguir permanecer viva até o anoitecer para cumprir com as tarefas. - Falei olhando ao redor.
- A reação das pessoas é esperada, eles não confiam em você, só enchegam o Imperador. - Falou sério.
- Mas eu não sou ele, tenho minha própria personalidade. - Falei sucinta.
- Não parece, se não é influenciada por ele porque obedeceu todos esses anos? Quando ficamos calados concordarmos com a impunidade, foi isso que você fez. Matou por ele e para ele, sem se importar em decidir por si mesma. - levantou da mesa irritado com a situação.
Fiquei inerte por alguns segundos, absorvendo as palavras, rapidamente me recompus. Peguei a folha onde estava minhas tarefas, depois do café todos nós seríamos dirigidos a um grande salão para ouvirmos alguns pronunciamento e depois cada um iria para as suas tarefas pessoais, esperei todos saírem para ir em paz. Ao entrar no salão que era frio por causa do metal achei melhor ficar em local afastado de todos. De repente um homem baixo de pele amarelada sugio falando, sua voz era fina demais, meus ouvidos doíam, depois de se apresentar como alguém responsável pela informação de todos os rebeldes, que se intitulavam como "Remanescentes". Liam foi anunciado como o líder do grupo revolucionário, só podia ser ele mesmo, estava muito autoritário ontem, e quando me disse que ficaria aqui para conviver com eles foi como se tivesse tomado a decisão sozinho.
- Bom dia à todos, serei breve em meus pronunciamentos tendo em vista nossos objetivos. Os militares do Governo opressor intensificaram as buscas, temos que tomar cuidado em nossas investidas, e para despitarmos enviamos dois de nossos irmãos para a tarefa, nossas atividades ficarão paradas até o retorno dos nossos irmãos, o segundo e último pronunciamento é a chegada de uma nova aliada importantíssima para a nossa causa, seria pedir de mais que confiem nela, devido seu passado, porém peço que dêem a ela uma chance para demonstrar suas reias intenções, ela será integrada as nossas atividades.- houve um murmúrio em todo o salão.- Silêncio, peço que antes de julgar analisem, quero apresentá-los a Iana a nossa mais nova aliada. - Ao término de suas palavras o esperado seria aplausos, mas não se ouviu nada, apenas os olhares julgadores direto à mim.
Tentei olhar para cada rosto, mas eram vários, minha expressão era calma e confiante.
Depois do episódio os demais foram saindo para os seus deveres, Layla garota loira que tinha me ajudado a achar meu dormitório foi ao meu encontro.
- Siga-me.- Limitou-se em dizer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alfa
Science FictionQuando alguém é exposto a crueldade, se torna incapaz de sentir algo além do horror. Será? Iana Aubry foi criada para ser uma máquina de guerra pelo perverso Erison, que planejou a vida dela como seu psicopata particular, porém ela descobrirá que se...