CARMINE
Corro pela floresta. O vento forte balança meus cabelos, mas não derruba meu capuz vermelho, por mais que suas pontas voem para todo lado. Depois de muito correr, encontro uma parede. É a terceira vez que encontro a mesma parede. Esse lugar não tem saída. Decido correr perto dela até encontrar uma porta ou o seu fim. Os galhos arranham meu rosto e meus braços, manchando-os de um carmesim intenso, meu sangue. Ouço uivos assustadores que fazem meu coração disparar. Estou fugindo de um lobo. Sei que estou.
Finalmente chego a uma porta, que abro com dificuldade.
O que?
Agora estou em um quarto. É o quarto do meu melhor amigo. Não uso mais o capuz e não estou ferida, estou com um vestido vermelho justo e curto, e meus cabelos estão livres pelas minhas costas e ombros.
Raoul sai do banho com um toalha enrolada na cintura, os cabelos molhados pingam na sua pele e minhas mãos coçam por tocá-lo.
Eu me lembro desse dia. Foi preciso berrar alguns comandos na minha mente para não encarar o abdome sarado do meu amigo.
Fecho os olhos e me viro na direção contrária.
Por algum motivo, sei que estou sonhando. Isso não é real.
Quando os abro novamente, estou no colégio. Droga! Eu me lembro desse dia também. Já tinha feito meu exercício de cálculo, mas menti que precisava da ajuda dele só para que não saísse com uma líder de torcida oferecida.
Mais momentos como esses surgem nesse sonho do qual quero acordar e não consigo.
Até o último. Nele não é Raoul, e sim Diego repetindo a mesma frase: você é cega. Ele repete até me deixar a ponto de enlouquecer.
De repente ele muda, e meu ex se torna meu melhor amigo. O olhar predador de sempre me encara.
"Raoul, eu..." — tento falar, mas sou interrompida.
"Não precisa dizer".
Ele me puxa para o seu colo, sentando em uma poltrona que não estava ali antes. Não há mais nada ao nosso redor, apenas eu, ele e essa poltrona sobre um mar de areia sem fim.
"Isso é um sonho." — digo.
"Você nunca foi burra, Chapeuzinho. — Sinto seus dentes em meu pescoço refletir entre minhas pernas. — Sempre soube que era minha. Não adianta fugir".
Fecho os olhos. Não consigo resistir. Eu o quero tanto que agora temo acordar.
"Eu sou."
"Diga, de quem você é?"
"Sou sua".
Ele se curva em direção a minha boca. Sei que vai me beijar, quero que beije... mas...
"— Hora de acordar."
Fortes batidas na porta me despertam.
Justo agora? Que porra! Ele quase me beijou.
Espera. O que? Que pensamento é esse?
— Não. Não. Não. — Repito várias vezes sapateando na cama como uma criança mimada.
Meu coração está disparado. Ainda sinto como se as mãos dele realmente tivessem me tocado daquele jeito, como se sua boca realmente tivesse conhecido minha pele e quase me mostrado o gosto do seu beijo.
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DEGUSTAÇÃO - Chapeuzinho Vermelho do Mafioso - Contos da máfia - Livro II
RomanceDEGUSTAÇÃO LEIA COMPLETO NA AMAZON!!! Raoul é o irmão caçula da família Seven. Para ele tem que ser tudo programado, por isso ele tem tudo organizado, até os seus últimos dias. Com quem se casará, quantos filhos terão... para ele esse hábito é apena...