capítulo 13

130 20 1
                                    

Phuwin

Após toda loucura que aconteceu nos últimos dias e virou minha vida de cabeça pra baixo,  me vi recluso em uma casa sem comunicação com o mundo exterior.
Eu estava genuinamente prestes a entrar em colapso.
Pelas minhas contas já estava naquela situação a uns 10 dias. Já havia visto todos os filmes possíveis, lido todos os livros,que não eram muitos,já não sabia mais o que fazer.

Apesar de ter breves momentos da mínima intimidade com Pond, ainda estávamos distantes,e confesso que estava começando a acreditar na história mirabolante que ele me contou sobre mim,se tudo já estava tão louco então,porquê não acreditar né?!

Mais uma vez,no auge do meu tédio, decidi explorar mais a casa,e é impressionante a quantidade de armas que estavam escondidas em vários lugares estratégicos, encontrei até algumas granadas que não me atrevi a enconstar,não queria criar mais confusão. Aí que me veio a idéia, resolvi pedir pra Pond me reensinar a atirar,eu gostava quando era mais jovem,mas sinceramente desanimei após perder meu único companheiro de aulas de tiro.

Fui em direção ao gramado onde ele treinava alguns movimentos de artes marciais com movimentos majestosos.

-Você nunca se cansa disso? -perguntei interrompendo-o

-Na verdade não,quanto mais prática, mais próximo de alcançar a perfeição. Inclusive, acredito que você deveria se juntar a mim e treinar também, eu estou aqui pra te proteger mas seria bom se você conseguisse se cuidar também.- ele me respondeu.

-Você tem razão!Me juntarei a você! -respondi animado indo em direção a ele.

Com um olhar confuso, Pond somente assentiu com a cabeça e disse que treinariamos combate corpo a corpo.
Confesso que senti um arrepio na espinha,e mais que imediatamente me posicionei para começarmos a luta.

Na minha primeira movimentação, fui golpeado com um soco que me deixou tonto,sem nem conseguir raciocinar, fui jogado com tudo no chão com um chute no peito. Nesse momento senti todo o ar dos meus pulmões se esvair,tenho certeza que minha alma tinha sido arrancada a força do meu corpo. Com um sorriso de satisfação, Pond me deu a mão e me levantou.

-Pensei que iríamos treinar,mas acho que você quer me dar uma surra.-falei ainda tentando recuperar meu fôlego.

-E é o que estamos fazendo,não vou pegar leve com você, ou você realmente acha que se precisar estar em um combate,as criaturas irão ter piedade de você?  Se você realmente quer treinar, saiba que não vai ter moleza,a escolha é sua!-Pond respondeu.

-Tá bom, tá bom...vamos treinar,é melhor que ficar entediado olhando pro nada.-respondi me posicionando novamente. -Vamos lá, estou preparado.

Antes que eu pudesse raciocinar, lá estava eu no chão novamente,e já estava quase arrependido dessa ideia imbecil de treinar com Pond.

Depois de mais uns quatro nocautes,ele disse que o treino já era o suficiente.

-Você precisa de foco Phuwin,eu sei que você é muito bom lutador, já te vi lutando antes, seja lá onde seus pensamentos estiverem agora,traga-os de volta pro aqui e agora senão vai continuar apanhando de mim. Amanhã vamos treinar de novo. -disse enquanto me levantava do chão.

-Você tem razão, minha cabeça está a mil. Talvez eu devesse meditar com você -eu disse em tom de ironia.

-Sim...talvez você devesse. -Pond respondeu indo pra dentro da casa.- Vem,vamos tomar um banho e comer algo.

-Vamos tomar um banho? Juntos?- respondi apressando os passos o acompanhando.

-Claro que não,seu idiota, um de cada vez.-Pond respondeu ficando vermelho como um pimentão.

-Poxa,mas até que não seria uma má idéia.-retruquei em tom provocativo - Bem... to indo então, vou deixar a porta destrancada,caso você queira se juntar a mim.

Foi divertido ver Pond morrendo de vergonha,mas admito que realmente não seria mesmo uma má idéia.

Quando saí do banho, lá estava aquele monumento, sem camisa, segurando uma toalha enquanto esperava do lado de fora do banheiro. Ele parecia nervoso,não consegui nem me olhar nos olhos. Eu deixei o pobre garoto tímido e isso era bastante divertido.

Entrei no quarto, coloquei somente uma cueca e um shorts de algum tecido fino e permaneci sem camisa,já que seja lá onde estávamos, fazia muito calor.
Foi nesse momento que eu me dei conta de que eu realmente não fazia ideia de que lugar no planeta eu estava escondido.

Pouco tempo depois,Pond bateu na porta do quarto me tirando do meu devaneio e me chamou para jantar. Durante o jantar ele permaneceu calado,não ousou sequer olhar pra mim. Será que a brincadeira que eu fiz o irritou tanto assim?

-Ei amigão, me desculpa?!-

Com um olhar confuso, Pond respondeu :
-Desculpar pelo que,exatamente?

-Pela brincadeira do banho,acho que te irritei,foi mal!

-Ahh,isso... não me irritou, fica tranquilo. É só que...- ele soltou um suspiro,me encarou e abaixo a cabeça - esquece!

Fiquei muito confuso, o que será que ele ia dizer?

Após jantamos, fui escovar meus dentes enquanto Khan se dirigiu pra fora da casa,como sempre fazia todas as noites e se pôs a admirar o céu estrelado. Resolvi me juntar a ele dessa vez. Me sentei ao seu lado e aquele céu era realmente magnífico. Talvez pela falta de iluminação, era mais fácil ver a imensidão de estrelas e uma lua cheia, tão grande como eu jamais havia visto antes.

Era uma visão que dava paz,um certo aconchego.
Era tudo tão silencioso, só se ouvia os grilos e cigarras cantando no bosque que cercava nossa casa.

-Pond?- o chamei quebrando o silêncio.

-Sim...

-Onde exatamente estamos? -indaguei

-Em uma ilha,na América do Sul.-ele respondeu

-Sério? Isso explica o calor... Mas por que tão longe assim? É realmente necessário me esconder no meio de uma floresta, em um vale situado em uma ilha na América do Sul?  A situação é tão séria assim? -perguntei novamente.

- Eu já te disse o quão séria é essa situação,mas acho que você não acreditou em nenhuma palavra que eu disse. -me respondeu impaciente.

-Espera...você falou sério quando me contou aquela história de vampiros? Não estava brincando comigo? -perguntei incrédulo

-Por quê eu iria brincar com um assunto tão sério? É só você pensar, muitos homens morreram tentando te proteger, um deles era o meu pai. Seu pai está desaparecido e nós estamos escondidos nesse fim de mundo. A última coisa que eu faria,seria inventar uma história fantasiosa pra te entreter, até por que minha imaginação não é tão fértil assim.-disse,antes de sair de sua cadeira, abaixar na minha frente e dizer-Você entende a gravidade de tudo isso agora?

Eu assenti com a cabeça e então fiz o que qualquer um faria,pedi pra ele me contar mais sobre tudo.


Blood Onde histórias criam vida. Descubra agora