13. Mr. Duplicity

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"Uma versão mais velha de mim
Ela é pervertida como eu?
Ela te chuparia no cinema?
Ela fala eloquentemente?

Quero que você saiba
Que estou feliz por vocês
Não desejo nada além
Do melhor para vocês dois

You Oughta Know - Alanis Morissette"

Flashback on

Noite. Hotel. A porta do quarto de Tobias abre dando espaço para que eu passe, seguida por ele. Ele liga apenas o abajur, deixando uma meia luz quente no ambiente. Entro, solto um suspiro e já me jogo na cama como quem encontra o céu após subir do inferno. Ele me copia no suspiro de descontentamento e se joga na cadeira que fica diante da penteadeira maçica diante da cama.
Me apoio nos cotovelos tentando encontrá-lo com o olhar e vejo que sua postura é de derrota e cansaço. Está sentado na cadeira despretensiosamente torto e têm os olhos fechados enquanto aperta o cenho.

— Fica calmo, o Ghost não é a primeira banda nem será a última a ter problema com uma gravadora... — digo, rompendo o silêncio.

Ele respira mais uma vez e faz um barulho de desaprovação com a boca.

— Não consigo entender... — ele diz — são uns abutres mesmo.... Isso nem foi combinado no contrato e agora eles acham que podem exigir mais clipes de uma era que já está no fim, eles não entendem o lado do artista...

— É, mas eu entendo e te digo para não se preocupar, a Christina vai dar um jeito nisso, ela sempre dá — digo — A equipe jurídica já foi acionada e em breve nós vamos ter respostas, se acalme...

— Eles não vão abrir mão dos números, tudo o que eles querem são views, shares, o caralho, eu não vou ser a marionete deles.

— Eu sei, eu sei... — tento acalmá-lo — podemos oferecer mais shows na turnê ao invés de clipes, talvez estender a América do Sul, não sei, tenta se acalmar, tá? A gente ainda tá no controle.

Ele continua suspirando fundo com os ombros enrijecidos.

Me aproximo estendendo meu corpo a partir da cama e alcanço sua mão, as quais entrelaçamos em cumplicidade. Ele sorri e parece esquecer os problemas por poucos segundos.

— Obrigada por estar sempre comigo — ele diz, após depositar um singelo e breve beijo nas costas de minha mão direta, como sinal de carinho e ternura.

Eu sorrio cansada.
Dias de reunião com a gravadora são sempre muito estressantes e sei exatamente qual o sentimento Tobias possui no momento. A gente só quer fazer que as coisas deem certo no final.

— Tudo bem — devolvo um sorriso — Agora deixa eu ver esses ombros enrijecidos aqui — digo, me levantando da cama e assumindo um ligar atrás da cadeira de Tobias que já geme de dor ao ter suas clavículas tocadas com a delicadeza de um açougueiro.

— Caralho! Quanta tensão — digo, após iniciar uma massagem em seus ombros — Relaxa, vai...

Ele logo cede e abaixa os ombros que mal mudam sua rigidez e percebo que o calor de seu corpo aumenta. Continuo me empenhando em seus ombros com bastante cuidado e leveza, querendo fazer com que ele se sinta seguro nesse momento de estresse.
Apesar de nossas diferenças, sempre estamos ali um pelos outros para ajudar a segurar as barras que a vida trás.
Subo os polegares em direção a sua nuca em movimentos circulares.

— Aaaarh — ele geme com dificuldade.

— Vão achar que eu tô te matando aqui dentro — digo, tentando fazê-lo rir.

not just another bloody mary | GHOST FANFICOnde histórias criam vida. Descubra agora