- LADRÃO! PEGUEM-NO!
O coração de Gabriele quase parou, o terror retesando seus membros. Ela se recompôs rapidamente e saiu do esconderijo com um impulso rápido, bem a tempo de ver, no fim do corredor, o pobre Richard, que corria depressa com dois homens logo atrás.
Os senhores, que ela suspeitava serem guardas de Glanancy, eram rápidos, mas (graças aos céus!) não mais do que Richard. Ele sinalizou para ela com a mão cheia de relógios brilhantes.
- CORRA!
Ela não perdeu tempo e disparou pelo corredor, os passos que antes estavam tão leves agora pesados pela pressa e emitindo alguns barulhos vindos da madeira do piso. Gabriele percebeu sua grande vantagem em relação a eles e lançou um olhar por cima do ombro. O que viu a aterrorizou; mais um guarda havia chegado. Não, não era um guarda, ele usava roupas pomposas demais.
O CONDE!
Os passos dela se tornaram cada vez mais urgentes, até que ela alcançou a janela pela qual haviam entrado. Ainda estava aberta, e Gabriele se lançou contra ela, aterrissando na grama fofa do lado de fora da mansão e rolando algumas vezes. Ela soltou um grande e audível suspiro, os pulmões suplicando por ar graças a uma pancada inesperada depois de colidir com uma das estátuas.
Ela não tinha tempo para pensar na dor ou na tontura que estava começando, então apenas se ergueu do chão e recomeçou a correr, desesperada para sair do jardim.
Os portões estavam fechados, e não havia tempo para fazer uma curva e voltar pela brecha por onde havia entrado, então ela se lançou contra as grades e escalou. Já no topo, ela deu mais um olhar para trás.
Richard estava quase alcançando-a, e os dois guardas haviam ficado para trás, mas o sujeito que ela suspeitava ser o conde era rápido, terrivelmente rápido. Gabriele pulou para o lado de fora, finalmente livre do lugar, mas temerosa pelo líder da AILF.
Mais rápido, Richard, mais rápido!
Ela se levantou de uma queda auto-inflingida contra o chão pela segunda vez no dia e correu pela estrada de terra, sem tempo para olhar para trás. Contudo, quando finalmente parou e olhou, a visão a fez soltar um suspiro de alívio.
- Você... Achou mesmo... Que eu... Que ele... Iria... Aquele... - A voz de Richard estava rouca e ofegante pela corrida. - Aquele babaca... Ele jamais...
- Poupe seu... fôlego. - Gabriele inspirou rapidamente. Então olhou para a estrada, para Richard, para suas próprias roupas sujas de grama e sabe se lá mais o quê, e soltou uma risada. - Céus, nós precisamos de um banho. Quantos relógios você tem aí?
------------------
A noite se assomava por toda a Londres, cobrindo a cidade com um manto escuro e coberto por estrelas. No meio de todos os barulhos do lugar movimentado, um rapaz andava pelas ruas estreitas e pelas avenidas lotadas, cruzando muitos quarteirões até chegar a um destino.
A taverna apertada e mal iluminada parecia um estabelecimento decadente como qualquer outro. Mesmo assim, ele entrou, porque sabia que aquelas paredes escondiam muito mais do que barris empoeirados.
O sujeito por trás do balcão era a mais perfeita definição de "mal-encarado". Os olhos escuros dele fuzilaram Vento do Deserto conforme ele entrava, reluzindo implacavelmente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A trama das máscaras
RomanceGabriele Jacquard-LeBell parece uma garota comum quando se olha de longe. Talvez, a primeira vista, ela não pareça nada demais. Mal suspeitam as pessoas que essa garota de 19 anos com um rosto delicado é vice-líder da AILF (Associação Ilegal de Ladr...