elas começaram como pequenas palavras depois pequenas frases depois pequenos parágrafos depois pequenos bilhetes e viraram pequenas cartas algumas cartas muitas cartas incontáveis cartas que preencheram toda minha mesa meu quarto minha casa. me preencheram de todo o meu amor por você em palavras até que criaram calos nos meus dedos gastaram toda a tinta das minhas canetas e todo o grafite dos meus lápis todos meus papéis e envelopes. gastaram toda a madeira de todas as árvores e o verde do planeta inteiro acabou e só sobraram montanhas de retângulos brancos selados fechados lacrados com todas as palavras do meu amor por você. todo mundo morreu e os papéis me fizeram cortes me sufocaram e me invadiram de fora para dentro os papéis escritos com as mesmas palavras que coloquei de dentro para fora do meu amor por você. foram o que fizeram comigo todas as infinitas cartas de amor que escrevi. as mesmas que você nunca vai ler.