há uma constelação que gosto de observar na volta pra casa. é lira.
uma visão dela melhorada é naquela varanda de um casarão antigo onde mora uma garota, todos os dias ela está por lá. geralmente sozinha, mas de vez em quando aparecem mais pessoas da mesma faixa etária, talvez amigos, primos, irmãos. também há vezes que apenas um garoto fica por lá com ela, seu namorado ou marido, instala-se um clima romântico.
notei que observo a menina de cabelos negros e cacheados e pele escura tanto quanto a constelação.
numa terça-feira à noite, encontrei-a afogada em lágrimas com as mãos amassando o rosto molhado. não era uma situação incomum, mas justo naquele dia, o céu estava limpo e as estrelas brilhavam nitidamente.
no outro dia, de manhã no ponto de ônibus, a mesma garota sentada com uma mala de viagem e uma mochila nas costas. sentei-me perto dela.
ela perguntou quem eu era, pois percebera minha presença há alguns dias a observando. respondi com a verdade que costumava aproveitar a vista da constelação a cima de sua varanda.— lira.
— é, essa constelação.
— não, lira é meu nome.assim descobri que sua falecida mãe dera este nome justamente em homenagem à constelação.
ela provavelmente foi uma mulher incrível.