Cinco

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Mesmo estando chateada nos últimos quatro dias, Miyeon se quer demonstrou um resquício de sua bagunça interna.

Pelo contrário, transformou sua insatisfação em combustível para ter o melhor treino de torcida que já tivera. E assim o fez. Sua perfomance havia sido tão boa que Ryujin, a filha do diretor e muito conhecida por ser fria, a elogiou.

— Cho Miyeon! O que aconteceu com você? — o treinador pergunta animado com um sorriso de orelha a orelha. Todas as outras líderes de torçida já estavam no vestiário, provavelmente já saindo de lá.

Bom, basicamente estou treinando o dobro ao invés de fazer terapia. Miyeon pensa.

— É o que dizem, treinador, só é preciso de foco — diz com confiança.

O homem sorri mais uma vez e dá um tapinha nas costas da loira. Sua expressão caí assim que ele saí de perto dela. Agora Miyeon estava exausta de corpo e alma, ótimo!

Quando pôs um pé para dentro do vestiário, uma mão quente agarrou seu punho. E antes que pudesse murmurar qualquer palavrão, percebeu de quem se tratava.

— O que você está fazendo aqui, Shuhua? — pergunta com às sobrancelhas loiras cerradas.

— Preciso falar com você — afirma, se levantando do banco onde estava sentada.

A mais velha, ainda desconfiada e a olhando torto, solta seu pulso.

— Vai me chamar de puta mais uma vez, é?

— Eu não te chamei de puta!

— Mas deu a entender! — Miyeon cruza os braços.

Isso só fez a cara de tacho de Shuhua aumentar. O moletom preto parecia cair perfeitamente com os cabelos longos e negros, e só de pensar isso, Miyeon já se maltratou mentalmente. Estava brava com ela, com todos os motivos. Mas vê-la era castigo, porque era terrivelmente atraente sem fazer o menor esforço.

— Que seja, eu só queria... — e então a fala de Shuhua é interrompida por algumas batidas na porta.

Miyeon arregala os olhos e puxa Shuhua pela mão para uma fora do corredor de entrada do vestiário.

— Quem é? — a loira grita com um sinal no rosto para que Shuhua ficasse quieta.

— Sou eu, Jungkook — o homem responde, junto com o barulho da porta sendo aberta. — Posso entrar?

O desespero de Miyeon triplica, murmurando "merda" e praticamente arrastando Shuhua para a primeira cabine que viu.

— Jungkook! Esse é o vestiário feminino, você não pode entrar!

— Eu sei que só tem você aí, relaxa — responde.

Shuhua levanta as sobrancelhas soltando uma risada leve. O que só estressa mais Miyeon, que leva um de seus dedos sobre a boca da taiwanesa, em um sinal para que ela ficasse quieta. Com o gesto, Shuhua é encurralada na parede lisa, os corpos ficando quase grudados e a mais nova tendo que sucumbir a vontade de morder o dedo da loira ou agarrar sua coxa exposta pela saia.

— Mesmo assim, Jungie, você não é permitido de entrar aqui. — Shuhua faz uma careta com o apelido e Miyeon revira os olhos. — O que você quer, afinal?

— Gata, calma! Eu só queria dizer que...

Gata? — Shuhua repete o apelido um pouco alto com feição de nojo.

Era fim da paciência de Miyeon, que sela seus lábios nos da taiwanesa numa tentativa para que calasse, o que obviamente funciona. A mão de Miyeon entrelaça o cabelo escuro pela nuca com certa saudade.

A pior parte era que o ato com o combo das mãos de Shuhua passeando por sua coxa fizeram com que a loira ao menos ligasse para as palavras do garoto do lado de fora, estava focada demais agarrando como se fosse seu último dia de vida a garota na qual estava brigada.

Shuhua desfez o rabo de cavalo de Miyeon e depois a virou contra a parede, trocando as posições. As pernas desnudas da loira se encaixaram de instantâneo na coxa de Shuhua e teve que segurar o gemido. Merda, o que estavam fazendo? Era ingênuo, impensado, perigoso e tão... sexy.

— Você ao menos está tomando banho, Mi. O que tanto faz aí?

Miyeon separa os lábios com um murmuro descontente e liga o chuveiro com a mão solta, que por sorte não molha nenhuma das garotas.

— Estou me preparando para o banho, Jeon. O que você quer? — a voz de Miyeon quase falha no fim da frase, quando Shuhua começa a beijar seu pescoço e puxar sua cintura com força, tudo ao mesmo tempo.

— Você não me escutou? — a voz do garoto saí decepcionada. — Estou te chamando para ir comigo em um evento do trabalho do meu pai!

Uma das mãos de Shuhua sobe para o seio de Miyeon, apertando-o sem menor vergonha.

— Tá, eu vou! — fala da boca para fora, quase implorando para que ele fosse embora e deixasse ela e Shuhua terminarem o que haviam começado.

A pele de Miyeon é sugada com um pouco mais de força na mesma medida em que Shuhua movimenta seu joelho sobre a intimidade da loira. Suas pernas bambeam. Miyeon solta um arfar sobre a orelha de Shuhua, que se arrepia por completo.

— Ótimo! — o Jeon comemora. — Tchau, Miyeon. Depois te mando mensagem detalhando melhor.

Um peso sai das costas de Miyeon e a tranquilidade à invade.

— Tchau — diz rouca quando Shuhua beija o ponto exato em seu pescoço, que deveria ter ficado com pelo menos alguns chupões.

Quando finalmente a porta é fechada, Shuhua tira suas mãos e lábios de Miyeon, olhando-a com certo desejo — mesmo que tente muito reprimir. O cabelo da loira estava totalmente desgrenhado e seu olhar para a morena consegue ter mais luxúria ainda. A água caí no chão ao lado delas.

— Hum, eu fiz isso por... você sabe... você não calava a boca, Shuhua! — Miyeon demora a formular uma frase, ajeitando o cabelo uma mão.

— Meio babaca da sua parte fazer isso só pra eu calar a boca, Miyeonnie. Eu já estava calada! — Shuhua exagera.

A coreana revira os olhos.

— Que seja — desliga a água.

Quem elas estavam tentando enganar? Haviam literalmente pegado fogo e agora estavam com desculpinhas? Era tosco! E mais tosco ainda era como as pernas de Miyeon continuavam bambas.

Mas não se engane! Ela ainda estava brava com ela, muito brava. Talvez não tanto quanto antes — o que uma boa pegada não muda —, mas ainda sim. Shuhua teria de fazer muito esforço para consertar aquilo.

— Então, o que eu queria de verdade quando vim aqui é te chamar pra conversar. Eu quero me redimir com você, Miyeon — aproxima-se da loira, pegando uma das mãos pálidas, mesmo que não entrelace os dedos. — Amanhã você tá livre? Por favor, só uma chance de fazer isso dar certo!

Miyeon abre a boca e fecha algumas vezes, ainda processando um pouco do que havia acabado de ocorrer e as palavras que saíam da boca tão beijável de Shuhua.

— Só mais uma chance, Shuhua. E é bom que você faça isso direito.

Um sorriso nasceu no rosto da taiwanesa.

Esse capítulo foi inspirado em um capítulo da fanfic "Sin Esperanza".

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