Sete

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Tem certeza disso?

Miyeon apenas confirma com a cabeça. Ela não havia direcionado um olhar se quer para Shuhua, o que machucou seu ego, sabendo que havia largado tudo para ir para o outro lado da cidade em uma madrugada apenas para salvar a garota — que deu-lhe um bolo — de algo que ainda não havia especificado.

Mas sabia que Miyeon que deveria ter a iniciativa de contá-la, e não forçá-la a fazer isso. Então apenas apertou o volante de couro velho com força.

— Yuqi nem deve estar acordada agora — Shuhua supõe, torcendo para que aquilo fosse realidade. Estava sendo um pouco egoísta, mas não tinha tempo para ligar para isso.

— Os pais dela não estão em casa. Quando isso acontece, de duas uma: ou ela fica jogando a noite inteira — sorri antes de continuar — ou ela traz algum garoto ou garota para lá.

Shuhua ri nasalmente.

— Esperamos que seja a primeira opção, então.

Quando a taiwanesa está prestes a mudar a marcha, Miyeon coloca sua mão por cima da dela. O corpo de Shuhua treme ao toque.

— Obrigada por ter vindo — ela agradece, ainda sem olhar nos olhos da outra garota.

Shuhua sorri de lado.

— Era o mínimo que eu poderia fazer.

— Me desculpe por ainda não te contar o que aconteceu. Eu ainda nem processei direito. Mas sei que Yuqi vai conseguir me ajudar, até por que ela já passou por isso também.

— Então quando eu te deixar lá, já posso ir embora?

Miyeon finalmente a olha, os olhos negros e chorosos estavam inexpressivos, o que só deixa o coração de Shuhua ainda mais descompassado.

— Como assim "já posso ir"? Isso é por que você quer se livrar de mim depressa ou por que mando em você?

Shuhua quase achou que era uma pergunta séria, seus olhos duplicando de tamanho. Mas quando Miyeon entrelaçou seus dedos e riu, pela primeira vez desde que chegou lá, seu coração se aqueceu e seus membros relaxaram. Ouvir sua risada era quase como dar um tranquilizante na preocupação que estava com a garota.

A morena balança a cabeça para afastar tais pensamentos, um sorriso presunçoso surgindo eu seu rosto, prontamente preparada para provocar a garota vestida de dourado.

— Vou mudar minha pergunta, então. Você quer que eu fique?

Miyeon murmura um "uhum", e Shuhua pode jurar que suas bochechas estão... coradas?

— Shuhua, você sempre me ajudou a sair um pouco da realidade em que vivo, e sou muito grata à isso. Mas... — ela morde o lábio, um sinal claro de nervosismo. Seu cabelo estava um pouco frisado por estar úmido, mas isso não a deixa menos bonita nem por um segundo — ...talvez eu esteja preparada pra te colocar na minha realidade.

Shuhua consegue escutar seu coração batendo na orelha, relutante a saber exatamente o que aquilo significava.

Miyeon fica claramente sem graça quando percebe que Shuhua não formulou uma resposta. Talvez aquilo fosse algo de sua própria personalidade, ficar sem graça e sem palavras, é o que ela pensa. Então tirou sua mão da dela e se esticou para ligar o rádio, trocou a estação algumas vezes até achar alguma que ainda tocasse algo aquela hora da noite. Era alguma música do Tears For Fears na qual nenhuma das duas conhecia, mas tinha uma melodia boa.

Shuhua entendeu como sinal, então deu a partida no carro.

Todo o caminho foi silencioso. Miyeon observava as paisagens tentando não pensar nos acontecimentos da noite, enquanto Shuhua criava teorias erradas sobre o que havia acontecido para deixar uma pessoa de ego tão inflado e confiante totalmente desmoronada.







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