Três

444 48 39
                                    

Am in your loveline?
Am I just another night to you?
I can see our whole life
Tell me if that's something you're into
I know that you could have any girl you want but I think I'm the only one that's in your loveline

— Zolita, Loveline.


A voz de Sana ecoa o ouvido de Miyeon assim que ela chega na mesa do refeitório, batendo ambas às mãos na mesa.

— Miyeon-ssi! — cumprimenta, um sorriso falso no rosto. Ela olha para o resto das líderes de torcida sentadas na mesa comendo saladas e também acena. — Você viu quem tava na igreja no domingo?

Não precisaria responder. Sabia exatamente de quem ela estava falando, porque aquilo tinha virado assunto na igreja e na própria família. E quando uma família rica fala sobre determinado assunto, outra família rica definitivamente também falaria.

— Quem? — a loira finge não saber de nada, levando um pedaço de maçã à boca.

— Yeh Shuhua, oras! — revira os olhos. — Não sei como ela se atreve. — Senta-se bem ao lado de Miyeon.

A coreana rapidamente olha para Yuqi, que também a olhava. Era como se quisessem se comunicar por olhares. A chinesa odiava quando falavam de Shuhua, e sempre esperava que Miyeon revidasse as palavras de Sana ou algo do tipo, mas ela nunca saía de sua zona de conforto. E a outra loira também não tinha coragem suficiente para aquilo. Eram duas farsantes.

— Acho que ela só estava acompanhando a avó — Miyeon tentou mostrar indiferença, mas seu interior suplicava que a japonesa calasse a maldita boca.

Sana revira os olhos novamente. Espero que uma hora eles não voltem também, Miyeon pensa, segurando a própria risada com uma mordida no lábio inferior.

Mas sua felicidade não dura muito, pois Jungkook aparece, atravessando suas mãos no próprio ombro.

— E aí, gata — dá um beijo molhado na bochecha. — Oi, garotas! — Ele sorri para as outras líderes de torcida na mesa.

Dessa vez é Miyeon que tem que se segurar muito para não revirar os olhos. As garotas suspiram pelo Jeon, que tinha um sorriso convencido no rosto.

Todos achavam que Miyeon era sortuda por ter ele sempre atrás de si, como se Jungkook fosse um prêmio ou algo de especial. Mas ele não tinha nada demais, era apenas um cara com um ego maior que o Monte Everest. E mesmo se tivesse algo de especial, ele nunca teria chance com Miyeon.

Mas ela não demonstrava isso, fingindo um sorriso para o garoto como se ele fosse o salvador da pátria. Aparências.

— Oi, Jungkook. Como foi seu treino? — piscou os cílios longos.

O jogador de basquete começou a falar, e Miyeon não conseguia prestar atenção em uma palavra se quer. Não só por que o assunto era chato e totalmente superficial, mas também por que só conseguia pensar em quanto odiava os braços dele em volta de si. O quanto o cabelo suado irritava-lhe.

Quer dizer, eles ficaram quando Miyeon tinha quinze anos. Mas era só isso. Eles nunca voltaram a se encostar depois daquilo, e ele continuava a insistir para que aquilo se repetisse. Ambos se usavam por pura aparência e para agradar suas famílias, mas tinham o mesmo desprezo um pelo outro — bem, talvez Miyeon tenha mais.

Mas ela continuava com o maldito sorriso no rosto, como se o garoto conseguisse tirar de si tudo o que quisesse em piscar de olhos. Mas quem a fazia tremer apenas por um olhar era Shuhua. Quem a deixava intrigada também era Shuhua. Quem sabia de seus problemas familiares? Ah, Shuhua de novo. E quem a fazia molhar apenas com um beijo ou olhar um pouco mais intenso? Também era Shuhua. Ele nunca conseguiria isso, o efeito que aquela garota trazia em si. O arrepio na espinha e a pontada na própria intimidade só com memórias não eram as com Jungkook, eram com Yeh Shuhua.

Rebelde | Mishu Onde histórias criam vida. Descubra agora