capítulo 25

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"O que aconteceu, minha querida?"

A resposta veio cheia de força e intensidade, bem no meio da bochecha esquerda.

"Eu não sou sua querida!"

O torpor tirara a fala de Arthur, que simplesmente olhara para ela, boquiaberto, cobrindo a parte atingida que ardia consideravelmente com a mão. Lua lhe apontou o dedo no meio do rosto, seu rosto estava inflado, corado e franzido. Ela estava uma fera.

Mas... Por quê?

"O que foi q..."

"O que foi que você fez?!" Ela gritou estrangulada, gesticulando forte. "Pergunte à sua amada Rayana Carvalho!"

"Quem?!"

Essa história fazia menos sentido cada vez mais.

"Não!" Ela berrou na cara dele, Arthur recuou "Não se faça de desentendido, Arthur!"

"Mas, do que é que você está falando, Lua?!"Ele berrou de volta, irritado por nem estar entendendo a situação e já estar sendo crucificado.

"Da sua viagem de negócios"Ela lhe cuspiu com sarcasmo carregado "É disso que estou falando!"

Lua caminhou até a secretária eletrônica e apertou o botão de mensagens, imediatamente após o bip a voz demasiadamente açucarada e enjoativa voltou a preencher o ar da sala.

"Oi Arthur, aqui é a Ray, Rayana Carvalho, você não se esqueceu de mim, não é? Bom, eu acho que não, afinal você repetiu tanto esse nome ontem, não foi moreno...?"

"O que é isso?" Arthur indagou confuso.

"Muito interessante o seu trabalho, Arthur. Realmente fascinante".
"Lua, eu não conheço essa mulher" Ele respondeu prontamente, encarando-a sério, tentando disfarçar a pequena felicidade que surgiu em seu peito ao notar que ela estava com ciúme dele.

"Claro, por isso ela te ligou pra agradecer as maravilhosas horas de prazer que vocês compartilharam ontem" Lua rebateu surpresa por usar a ironia tão bem mesmo imersa em tanto ódio. "Faz todo o sentido do mundo, porque eu não pensei nisso antes?!"

"Lua, olha pra mim" Arthur tentou se aproximar, mesmo sentindo que dessa vez, seus beijos e seu charme não conseguiriam resolver a situação, não no estado em que ela estava "Eu não conheço essa Rayana, eu nunca nem ouvi o nome dela. Eu entendo o que deve parecer, mas você não precisa sentir ciúme."

"Não é ciúme!" - A frase rasgou a garganta de Lua no exato momento em que a mensagem chegava ao fim, ela gritara, tentando sobrepor sua voz ao som metálico e pegajoso que saia da secretária "Eu me sinto enganada, você quebrou o contrato!"

"Quê? Você não está dizendo nada com nada!"

"Ah, você não se lembra?" Ela andava de um lado para o outro na frente dele, alucinada, secando os olhos o tempo inteiro com uma mão, tentando domar os cabelos com a outra, esquivando-se dele e ele a observava, tão surpreso que não conseguia reagir "Você disse, quando lhe fiz essa proposta idiota, você disse que aceitaria, se pudesse me fazer exigências... Ainda não se lembra? Eu me lembro de cada pequeno detalhe! Você me disse, abre aspas, nestes dois meses será só minha, assim como eu serei só seu. Compartilharemos disso juntos, fecha aspas. Lembra disso, Arthur? Como você pôde romper com o nosso contrato?!"

Então era isso, Arthur pensou consigo mesmo, sentindo os ombros pesarem, essa era a confirmação de que Lua enxergava todo o tempo que passaram juntos apenas como parte do plano, nada mais do que um negócio, como tantos outros com que lidava. E agora estava furiosa, não por ciúme, claro que não, apenas porque fora passada para trás, ou pensava que fora.

O professorOnde histórias criam vida. Descubra agora