Parte *8*

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- Eu não estou com ciúmes Dean. Eu apenas não quero ser mais um na sua vida. Não podemos ser um trio. - assim que falou saiu do hotel. Na escuridão noturna Sam não fazia a mínima idéia de onde iria. Nem do que faria. As palavras "ciúmes" não saíam da sua cabeça. Enquanto andava em passos curtos na rua deserta e fria. Pensava se havia feito o certo. Mas ele se sentia sobrando na história. Era como se Dean não se importasse mais com ele. Castiel mudou a vida de Dean e não ia deixar eles dois unidos. Nem que fosse a última coisa a fazer.

Dean não tentou impedir a saída de Sam. Talvez porquê achasse que ele também precisava de um tempo.
Deitou na sua cama encarando por horas o teto. Não sentia sono. E sua mente também não o deixava dormir. Pensava no beijo entre ele e Castiel. É claro que era um sentimento diferente, afinal nunca sentiu isso por ninguém. Que diria um homem. Mas podia estar sentindo algo também. Afinal além do beijo; o cheiro do anjo não saía da sua cabeça.
Se levantou do colchão e andou de um lado para o outro agora preocupado com Sam. Já passam das três da madrugada. E ele saiu a pé. Sem rumo. O que estava havendo com ele?

Sam caminhava chutando pedrinhas. As duas mãos nos bolsos da camiseta e a cabeça baixa tentando ignorar o frio. Não sabia o que fazer nem o porquê de agir assim. Não estava se reconhecendo. Mas não reconhecia Dean e nem Castiel.
Castiel e Dean juntos era demais para ele suportar. Embora já desconfiasse que algo pudesse acontecer entre eles. Era notável o vínculo entre os dois. Como Dean apoiava o anjo. Este que entrou rapidamente na família e ja era um membro. Matar Castiel podia ser uma solução. Temia que Dean não o perdoassse. Mas havia prometido para Crowley.
O que fazer? Pensou. A madrugada parecia zombar de sua indecisão. Caminhava sem saber o destino até que pensou. Vou ver o Castiel.

Dean estava agitado. Bebeu um pouco de uma cerveja. Foi até o espelho encarando seu reflexo. Não durou muito tempo para perceber os pelos da barba e seus olhos brilhando. Sua expressão de preocupação estava pesando seu coração. Apoiou seu peso sobre a pia. De cabeça baixa e sem vestígios de sono. Já sabia que passaria a noite em claro. Se Castiel fosse ainda um anjo. Estaria acordado agora. Mas o que impede dele não estar?
Saiu do banheiro e pegou as chaves do carro. A vontade de ver o Novack era insuportável. Mesmo que ele estivesse dormindo. Dean estaria lá com ele.

Uma grama verde dos céus e uma luz forte a marcar o horizonte. O som da natureza e a união das cores. O verde e o azul em sintonia. Céu e grama. Assim como seus olhos nos verde esperança do Winchester. Que gargalhava em alto tom sentado perto de uma das árvores de maçã. A manta estendida em seus joelhos com uma cestinha e algumas refeições. Pão, queijo, suco, chocolate, doces, hambúrgueres e uma cerveja. Cas não conseguia parar de olhar o Winchester. Este que nada falava, apenas sorria e comia. Desfrutando do piquenique. Cas até tentou comer um pedaço de pão. Mas tinha gosto de vento. Um som de batidas foi ouvido. O anjo olhou as árvores, o mato, os pássaros, mas não haviam portas ali para fazer esse som. Olhou para frente novamente e Dean havia sumido. As batidas se tornaram mais frequentes até que a realidade cortou seu sonho e sono. Abriu os olhos com dificuldade. Tocando na cama triste por não ter gramas verdes e se levantou.
- Quem será essa hora? - calçou sua pantufa de Peppa pig e se dirigiu a porta. Antes acendendo a luz que invadiu sua íris azuis fazendo piscar algumas vezes para se acostumar. E então abriu a porta e deu lhe um passo para trás assustado. E pela primeira vez com medo.

A gasolina acabou no meio da caminho. O impala nem sequer permitiu parar perto do posto de gasolina. Dean teve que empurrar ele até o acostamento e sair atrás de algum posto próximo. Não era difícil. O GPS apontava um posto há dez minutos de onde estava. A estrada escura sem sinal de luz. Os carros passavam à cada 30 minutos. Caminhou com o celular em uma das mãos e a lanterna na outra. O frio não lhe incomodava mas era possível sentir sua respiração gelada.

- Sam? - falou Cas com o coração acelerado e recuando. O Winchester entrou no cômodo sem permissão segurando sua faca. A faca que mataria um demônio. Porém mataria um humano facilmente. Ele andava mantendo a faca a sua frente. A frieza era visível em seus olhos. Mas no fundo ele sentia algo diferente.

- Meu irmão não me quer mais. Sabia? Ele escolheu você. - disse Sam aumentando o tom e com tristeza na voz.

- Dean jamais abandonaria você Sam. - foi o que o inocente homem conseguiu dizer.

- Ah -Sam gargalhou - não ele não me abandonaria. Não antes de você aparecer na minha vida. Eu gostava de você Cas. Eu confiava em você.

- Sam eu. Eu amo você também. Abaixa isso e vamos conversar.

- Está com medo? Essa cara sua ai é de medo Cas. -Sam sorriu com ironia. - Eu... eu - gaguejou o Winchester se aproximando de Cas. Este que andava para trás até ser interrompido pela parede em suas costas. Sam se aproximava cada vez mais. Segurando firme sua faca. Parou quando estavam muito próximos. Sentindo um pesar de Castiel com os olhos amedrontados e tristes.

Faltava pouco. Já podia ver de longe a luz do posto de gasolina. Aumentou seus passos e quando se deu conta estava correndo. Tentava tomar um pouco de fôlego e sentia o suor contrair com sua pele gelada. As pernas anunciavam uma dor aguda. Mas não impediu dele continuar sua maratona. A poucos metros do posto um atendente apareceu um pouco assustado em ver um homem correndo em sua direção no meio da madrugada. Dean chegou perto dele e disse que queria apenas gasolina. O homem então entendeu. Em um vasilhame colocou uma quantidade do combustível e recebeu o pagamento em dinheiro.
O céu estava ficando mais claro. Haviam algumas estrelas no céu. Voltou a sua caminhada agora com a lanterna na boca. Embora logo o sol começaria a brilhar, porém a escuridão ainda predominava. E seu encontro com o impala foi mais demorado que imaginava. Até pensou em ter se perdido. Um sorriso se fez ao notar seu carro não muito distante. Não podia correr agora com o combustível em suas mãos. Então apenas aumentou os passos.
Encheu o tanque do carro e fechou rapidamente em seguida girou as chaves - Vamos bebê? - falou e o seu bebê respondeu com um ronco forte. E então seguiram para casa do Castiel que por sorte estava perto.

- Me desculpa Cas. Mas não irei suportar você e meu irmão juntos. - Sam segurou a faca com a mão esquerda e com a direita acariciou o rosto assustado do anjo. Sentido em suas mãos a pele macia e amena.
Cas sentia uma adrenalina muito forte. De medo e prazer. Embora seus pensamentos fosse sempre parar em Dean. Queria que tudo isso acabasse e sentia culpado pelo comportamento de Sam. Seu pescoço foi puxado para frente junto com seu corpo. Cas olhou assustado dentro dos olhos castanhos e frios do Winchester. E então Sam o beijou.

Dean estacionou o carro em frente a casa de Cas. Fechou a porta. O céu ainda estava clareando embora os postes o ajudassem a enxergar. Passou pelo pequeno jardim e notou a porta da casa aberta. Ele está acordado?

Cas correspondeu o beijo mas manteve suas mãos caídas. A língua do Winchester em encontro com a sua. Fazendo movimentos aleatórios e compartilhando o mesmo sabor. Sam impulsionava seu corpo no do anjo expremendo ele na parede fria. Juntando fortemente sua perna e abaixando sua cabeça para manter a baixa altura do Cas. Queria antes experimentar o que Dean sentia com ele. Antes de mata-lo. Porém não tinha mais certeza se queria matar ele. Pois estava gostando do beijo e estava surpreso por ele ter correspondido.

Dean retirou de sua jaqueta a sua arma. Olhando primeiramente para os lados e então se moveu devagar com a arma a sua frente. Entrou no cômodo empurrando a porta levemente. E preocupado que algo tivesse acontecido com Castiel. Talvez nem se perdoasse se algo o machucasse. Mas um passo para dentro e viu o que jamais imaginou que viria. A arma que soltou da sua mão e caiu no chão fazendo o som impactante. Os olhos verdes de desespero e raiva ao olhar seu irmão beijando o que poderia ser o amor da sua vida.

Sentimentos mútuosOnde histórias criam vida. Descubra agora